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Verdade e Ficção: Uma Visão Psicanalítica

Publicado em: 12/05/2011 |

Toda singularidade inaugura e aponta para um novo começo. O ator, a cada vez que entra no palco, reescreve o espetáculo que representa e refunda toda a história do teatro, até mesmo que disto não saiba. Assim, empresta a sua própria subjetividade e acaba se fundindo com a personagem. 

 

Com essa afirmativa em mente, Sérgio Zlotnic, psicanalista e orientador do curso de Difusão Cultural “Interfaces entre Teatro e a Psicanálise”, oferecido pela SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, convidou seus colegas de profissão Prof. Dr. José Moura, Profa. Dra. Marion Minerbo e Profa. Dra. Ilana Katz para a Mesa de Discussão “Verdade e Ficção: Uma Visão Psicanalítica”. Marcado para segunda-feira (30/05), às 19h, o evento será realizado na sede provisória da Escola.

 

Para Zlotnic, a cena teatral, por sua espessura e topografia, é exemplar para a psicanálise e, muito antes das teorias de Freud, ela já dispensava a idéia positivista de um “interno” a se opor a um “externo”. “A psicanálise teria o que aprender com o teatro: buscar, de preferência, as vantagens da verdade da metáfora à mentira da teoria”, explica o orientador, baseado em um diálogo de Nelson da Silva Junior com Fernando Pessoa.

 

Ao fracassar em repetir algo que se buscava recuperar, cria-se um valor de produção, segundo o orientador. “No fracasso da memória e da repetição, a musa dá o ar da graça. É justamente no equívoco de pretender algo, de saída, impraticável, que encontramos o ingrediente primordial da criatividade. Retirada a ‘pureza’ dos objetos do mundo, habitamos para sempre um universo de ‘híbridos’, onde a repetição acrescenta algo àquilo que se pretendia capturar em ‘estado puro’, por assim dizer”, revela.

 

Segundo Zlotnic, no teatro, a personagem necessariamente encobre o ator e a ficção oculta a realidade. “Não é possível ao humano absorver isto a que se dá o nome de ‘realidade’. A percepção pura esmagaria o sujeito ‘percebedor’. A singularidade das coisas é demais para o homem. Deus não quis que percebêssemos com objetividade. Ao ficcionalizar os objetos, o sujeito constrói uma verdade possível, o mundo é submetido, assim, a um trabalho de digestão.”

 

“Além de dizer o que quer que seja como se fosse pela primeira vez, o ator, num duplo desafio, diz [o que quer que seja] [como se fosse] pela última vez. A experiência de morte envolvida no ato do teatro está sempre em destaque. Ao expor-se no palco, o ator é lançado numa experiência-limite”, conclui.

 

Serviço

Mesa de Discussão | Verdade e Ficção: Uma Visão Psicanalítica 

Quando: Segunda-feira (30/05), às 19h

Onde: SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco

Avenida Rangel Pestana, 2.401 

Tel.: (11) 2292–7988                                                         

Entrada Franca