No período da tarde, ainda baseados no texto “A Gaivota”, de Anton Tchecov, o Experimento do Módulo Verde continua com apresentação dos últimos quatro grupos no Teatro Anhembi Morumbi.
Jogo de Xadrez
Organização e criatividade foram as responsáveis pelo resultado da apresentação do grupo Dois, no Experimento do Módulo Verde, segundo o formador Alessandro Toller.
Às 13h30 os aprendizes já estavam no palco. Durante os 15 minutos de encenação, as personagens Trepliov, Nina, Arkádina, Trigorin, Dorn e Macha mantiveram-se em cena. Cada um deles foi comparado a uma peça de xadrez e deveria se movimentar como se estivesse em um tabuleiro.
Seguindo a dramaturgia original de Tchecov, a cena se concentra no apaixonado Trepliov, que estava eufórico com a primeira apresentação de sua peça, a qual tinha o intuito de revolucionar os conceitos artísticos da época.
“Todos eles estavam com uma energia muito boa do começo ao fim”, disse Toller.
Do Século XIX para os Dias de Hoje
O grupo Seis manteve a disciplina e às 14h30, em ponto, iniciou sua apresentação. Com cenário parecido, porém com proposta de encenação diferente do grupo anterior, os aprendizes tentaram trazer reflexões sobre temas que ainda permeiam nosso dia a dia.
Neste Experimento, Trepliov focou mais no sonho de ser escritor do que em sua paixão platônica por Nina.
A formadora Laura Reis, ao final da apresentação, comentou que “faltou diálogo entre as cenógrafas, o que as obrigou a simplificar o projeto inicial do cenário”. Entretanto, Laura achou que elas conseguiram soluções boas, visto que tiveram que correr contra o tempo.
A Cena do Casamento
Com a proposta de criar uma entrecena, o grupo Três tentou mostrar como seria o casamento entre Macha e Medviediênko, passagem apenas citada no texto original. Às 15h30, abriram-se as cortinas e as personagens brindaram a união do mais novo casal.
O aprendiz de Direção Rafael Bicudo disse que o grupo quis mostrar como a felicidade pode ser apenas aparente. Então, escolheram a cena do casamento, pois este deveria ser um momento alegre para os noivos. “Não foi bem isso que aconteceu e a noiva acabou demonstrando uma felicidade irônica, de aparência”, explicou.
Com relação à apresentação como um todo, a orientadora Lucienne Guedes afirmou que o resultado foi exatamente o proposto e o esperado pelo grupo. “Eles se dedicaram muito. Todos ficavam nos ensaios mais tempo do que precisava”, finalizou.
O suicídio
Diferentemente de todos os outros, o grupo Oito destacou os últimos 15 minutos de vida de Trepliov. Portanto, devido a seu estado já alterado, ele enxergava todas as outras personagens de forma distorcida.
Focos de luz iluminavam apenas o necessário para compreender o que se passava na cena. A personagem de Nina era apenas simbólica na cena, pois, cada vez que a luz a focava, era como se sua imagem tivesse surgido na mente de Trepliov.
Após tantas alucinações, Trepliov não suportou; abriu a gaveta, pegou uma arma e suicidou-se.
Laura Reais, que também orientou o grupo Oito, achou que não ficou claro para a plateia exatamente o que o grupo queria transmitir; que Trepliov passava por um estado de delírio.
A difícil tarefa de coordenar a iluminação também foi algo que pecou, na visão da orientadora. “Eles treinaram muito, mas essa sequência de focos realmente é muito difícil”, explicou.