Depois de uma breve pausa para o almoço, o último Território Cultural de 2011, ministrado pela SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, no sábado (17), ainda continuaria a todo vapor: repleto de atividades e, principalmente, celebração.
Às 13h30, o público pôde conferir um stand-up comedy com o aprendiz de Atuação Fernando Farias, que satirizava temas como as dificuldades observadas na atual situação do artista, fama, anonimato, como é atuar em diferentes formas midiáticas, entre outros.
Continuando a semana do seminário Diálogos da SP, que trouxe para a sede da Escola grandes nomes do teatro nacional e internacional, como Fernanda Montenegro, Eugenio Barba e Aderbal Freire Filho. O ator e músico dinamarquês Jan Ferslev, do Odin Teatret, ministrou exclusivamente aos aprendizes o workshop “A Palavra e o Corpo no Trabalho do Ator”. Clique aqui para saber como foi o encontro.
Das 14 até as 18h, seriam realizadas três leituras dramáticas de aprendizes de Direção do Módulo Amarelo. A primeira foi “A Ópera dos Três Vinténs”, de Bertolt Brecht; a segunda, “O Homem e o Cavalo”, de Oswald de Andrade; e a última, “Bella Ciao”, de Luís Alberto de Abreu.
Cris Oliveira, do curso de Humor, foi convidado a “recepcionar” os espectadores de “O Homem e o Cavalo”. “O texto fala sobre fantasmas, mas é bem libidinoso. Então, atuo como uma espécie de mestre de cerimônias e fico ‘assediando’ o público. Os diretores fizeram essa proposta, de algo que dialogasse com o texto.”
Aprendizes do Ouvi Contar assinando autógrafos (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)
O psicanalista Sergio Zlotnic, junto com os outros atores do grupo de pesquisas teatrais zzzlots, deram o tom da próxima atividade do dia: a leitura dramática do texto “baleiazzzul”, escrito por Zlotnic com o objetivo de reinventar a língua, buscando seus limites, em uma paródia de um processo psicanalítico.
“O grupo formou-se após o primeiro curso de Difusão Cultural que ministrei aqui, entre eu e os participantes. Esse texto faz parte de um livro que escrevi há alguns anos, porém fragmentado conforme o modelo teatral. Apesar de ser uma leitura, tem vinhetas de ação pontuais, elementos que pretendem chamar a atenção do público”, afirma o psicanalista.
Durante a tarde, foi promovido o lançamento dos livros do projeto Ouvi Contar, junto com uma sessão de autógrafos com os aprendizes de Dramaturgia, cujos textos foram publicados. “Foi meu primeiro texto escrito na Escola de maneira autoral, em 2010. É emocionante, ter textos escritos há apenas um ano e já estarem publicados. No Brasil, isso é extremamente raro. É preciso valorizar este momento”, comenta o aprendiz Emerson Alcalde.
“O que é interessante nesta proposta é que esses textos foram escritos sob a implosão da forma dramática. Esse convite fez com que os elementos canônicos se tornassem residuais em cada um dos textos”, analisa Marici Salomão, coordenadora do curso de Dramaturgia.
A Despedida
18h30. Era chegado o momento da despedida, do encerramento de um longo processo de estudo e aprendizado. Com aprendizes, artistas do corpo docente e funcionários reunidos no pátio, o show estava prestes a começar.
Público reunido no pátio da SP Escola de Teatro celebrando o último Território Cultural (Foto: Aqruivo SP Escola de Teatro)
“Dionísio foi atingido pela loucura de Hera, indo perambular ao lado dos seres selvagens, dos loucos e dos animais”, cantava o diretor executivo da Escola, Ivam Cabral, que já estava no palco pedindo para que o público continuasse a entoar as fortes palavras que compõe o hino da Escola.
O passo seguinte foi convocar uma pessoa extremamente querida por todos da Escola: Brenda Oliver, a recepcionista que frequentemente apresenta suas performances e leva o público à loucura. Dessa vez não poderia ser diferente. Sob aplausos, ela interpretou a música “Sarò Bellissima”, da cantora italiana Adriana Ruocco, homenageando Ivam com a canção.
Da esquerda para a direita, Ivam Cabral, Rodolfo García Vázquez, Raul Teixeira, Marcici Salomão e Joaquim Gama durante o encerramento (Foto: Aqruivo SP Escola de Teatro)
A próxima convidada da noite a subir ao palco improvisado foi Flávia Araújo, também recepcionista, mas que enveredou por outro caminho: o das letras. Dessa forma, apresentou seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), “A Bíblia e Memórias Póstumas de Brás Cubas”, desenvolvido neste ano para sua graduação em Letras. Também não faltaram emoção e agradecimentos ao diretor executivo pela oportunidade.
Era, então, a hora dos sete coordenadores, oito formadores e vários outros artistas convidados da Escola, assim como os funcionários da Pedagogia e a diretora de Comunicação e Ideias, Erika Riedel, integrarem a festa. Com dezenas sobre o palco, Ivam Cabral começou a homenagear os primeiros aprendizes a concluir o ciclo de quatro Módulos.
“Toda despedida é dor… tão doce, todavia, que eu te diria boa noite até que amanhecesse o dia”, disse emocionado, citando Shakespeare para uma ocasião tão especial, antes de parabenizar a todos e revelar uma placa simbólica com os nomes dos aprendizes que estavam partindo para novos desafios.
Com o microfone na mão, demonstrando a costumeira timidez, porém não menos emocionado, J.C. Serroni, coordenador de Cenografia e Figurino e Técnicas de Palco, falou: “dessa turma eu não consigo me desapegar”, desejando que tudo dê certo aos que artistas que concluíam essa etapa.
Depois de tanta emoção, vinha chegando a hora de extravasar, cantar e dançar. Isso tudo ao som dos atores e cantores André Frateschi e Miranda Kassin, que tocaram, por mais 2 horas, músicas que iam de Amy Winehouse até The Doors.
E assim foi o movimentado dia de 17 de dezembro de 2011 na SP Escola de Teatro. Um dia inesquecível, preenchido com sentimentos intensos e um amplo leque de atividades.
Texto: Felipe Del