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Espetáculo ‘O Mal-Entendido’, de Albert Camus, faz curta temporada na SP Escola de Teatro

Peça ‘O Mal-Entendido’. Foto: João Caldas

Em ‘O Mal-Entendido’, Albert Camus ilumina as indagações mais profundas da consciência humana, dramatizando uma trama familiar a revolta do homem contra o absurdo que estamos imersos e a falta de sentido na vida.

Na peça, mãe e filha matam aqueles que se hospedam no hotel do qual são proprietárias para roubar-lhes o dinheiro e assim conseguir fugir das terras sombrias onde habitam. Essas mulheres referem-se o tempo todo à libertação do mar. Ironicamente, João, o filho que retorna depois de vinte anos, pode oferecer essa saída, mas nenhuma das duas o reconhecem.

Muitas das questões levantadas na peça continuam atuais, como o exílio e o reconhecimento do outro, porém a maior pertinência do texto está em destacar a importância do diálogo simples e direto sem o qual o desastre é inevitável. Por contraste, o autor defende o amor como a única forma de impedir que nos percamos no ódio contra a própria existência.

“Muito do absurdo da peça está na desconexão entre os desejos das personagens e o desenlace brutal. Para estruturar a narrativa, Camus teceu relações entre uma estória verídica extraída de um jornal de 1937 (notícia de uma mãe sérvia que matou o próprio filho por engano); Édipo Rei, de Sófocles; e O Retorno do Filho Pródigo (Lucas 15:11-32). Ao articular uma tragédia do destino com uma parábola sobre amor e redenção, ele nos faz mergulhar de maneira profunda em questões da nossa ancestralidade”, declara Ivan.

A simplicidade do jogo teatral é o carro-chefe da encenação, o que significa que a teatralidade está fundamentalmente relacionada com a capacidade dos atores conduzirem a narrativa com sutilezas, rupturas, fluxo, variações de intensidade e de entonações. Entende-se daí que, apesar da forte carga psíquica da trama, os atores não estão presos às convenções do teatro psicológico; marcações cotidianas estão intimamente relacionadas com outras de maior teor simbólico, fazendo com que o não-realismo e o não-ilusionismo deem a tônica da encenação.

Ficha Técnica:

Dramaturgia: Albert Camus | Tradução: Ivan Andrade | Direção: Ivan Andrade | Elenco: Maria do Carmo Soares, Lara Córdulla, Jaqueline Momesso, Sílvio Retiffe e Marcelo Andrade | Diretor de Produção: Leopoldo De Léo Junior | Cenografia: Chris Aizner | Figurinos: Marichilene Artisevskis | Luz: Domingos Quintiliano | Sonoplastia: Raul Teixeira e Aragonesco | Fotos: Marcos Furlan e João Caldas




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