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Espetáculo de dança realizado em periferias de São Paulo celebra a existência e potência dos corpos de mulheres negras

Foto: Sérgio Fernandes / Divulgação

De 9 a 11 de dezembro a Corpórea Companhia de Corpos estreia seu novo espetáculo de dança “Lôas” como parte das ações do projeto “Fomentar Trajetórias: Movimentos Femininos em Recintos Femil(s)”. A apresentação busca contar a história de mulheres negras e o processo de libertação de estigmas que envolvem seus corpos, para isso utilizam sua potência reverberando não somente suas imagens como seus territórios e quilombos.

O projeto foi contemplado pela 29ª edição do Programa Municipal de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo, e a primeira ação ocorreu no dia 9 de dezembro no CEU Vila do Sol, na Avenida dos Funcionários Públicos, na Zona Sul de São Paulo. A segunda acontece neste sábado, das 15h às 17h, no CDC SAJU, na Rua Franklin Távora, em Campo Limpo, também na mesma região que a anterior.

Lôas entrelaça diferentes narrativas, apresentando a trajetória de seis mulheres em uma embarcação, que navegam por um oceano composto por suas próprias vivências e memórias. O percurso remete ao tráfico de pessoas africanas que ocorreu nos navios negreiros durante a escravidão no Brasil. Além disso, também são trabalhadas questões concernentes a mulher negra na atualidade como o racismo estrutural. O espetáculo propõe a recriação de sonoridades, gestualidades e imagens, que confluem na celebração de suas existências, convocando sua força a partir daquilo que vivem no cotidiano.

“Mulheres negras como protagonistas de seus corpos, de suas cenas, de suas histórias, propondo entre si e ao público, a experiência de habitar a ancestralidade pelas vias físicas do corpo”, comenta o coletivo que tem como fundadores Verônica Santos e William Simplício.

A centralidade poética da obra está na transposição do sentido histórico que chega aos dias atuais através das questões que permeiam as mulheres negras e seus corpos, e que revelam, ao mesmo tempo, a presença da resistência delas. E faz um mapeamento corporal a caminho da ancestralidade que acontece no tempo presente, esvaindo-se da ideia de que a ancestralidade se encontra apenas no passado e por isso marcada apenas por pontos doloridos, como a escravidão. As intérpretes experienciam dançar suas memórias, corporificando sensações ao compartilhar suas estratégias de travessia. Uma performance que exalta a corporeidade assumindo a dimensão de potência significativa para identidade negra no Brasil.

“O corpo como um mapa que nos direciona. A ancestralidade que flui através dos nervos, da carne, da pele, da lágrima, da saliva. É como se, através dos poros que se abrem, essa ancestralidade viesse à tona para direcionar o nosso olhar adiante”, comenta o coletivo.

A Corpórea Companhia de Corpos propõe uma experiência coletiva de renovação, durante a pandemia as dificuldades ocasionadas pela pandemia, um dos mais afetados foi o setor cultural, tendo que se adaptar ao meio digital, o grupo passou por um momento complexo.

“Um espaço pensado e criado para que as pessoas tenham experiências de seus corpos com outros corpos. Com Lôas, propomos uma experiência física pessoal para acessar a ancestralidade e propomos que o público também faça parte disso”, finaliza o coletivo.

Foto: Sérgio Fernandes / Divulgação

Corpórea Companhia de Corpos

A Cia têm extensa experiência no campo da pesquisa, criação, pensamento e difusão da dança. Criado em 2015, um dos estudos centrais do grupo é o cotidiano através do corpo feminino, a partir da reflexão do protagonismo da sua existência como atravessamento dos tempos no mundo atual. O grupo recebeu uma indicação ao prêmio APCA em 2019, com o espetáculo “Rés”, que estreou em 2017, nela é denunciada a realidade de corpos femininos em situação de cárcere. A pesquisa deste trabalho rendeu ainda a contemplação no Edital Rumos 2017/2018 do Itaú Cultural, com o projeto: Ocupação Rés – mulheres em Cárcere.

 

SERVIÇO: Estreia espetáculo “Lôas”

Com Corpórea Companhia de Corpos

Sinopse: Seis artistas, em uma mesma embarcação, cruzam trajetórias em contínuo movimento. Nesta experiência de dançar memórias, corporificam sensações ao compartilhar suas estratégias de travessia. Em um oceano de vivências, o pendular de seus corpos transmuta em leveza, tensão, respiração, gradação e tremor, as histórias que têm para contar. A partir de percursos transatlânticos, re-criam sonoridades, gestualidades e imagens que confluem na celebração de existir. Duração: 50 minutos

Classificação: 14 anos – Grátis

 

Apresentações no CEU Vila do Sol

Endereço: Av. dos Funcionários Públicos, 369 – Vila do Sol, Zona Sul, São Paulo – SP, 04962-000 – Telefone: (11) 3397-9800

Quando: 09 de dezembro de 2021 (quinta-feira) – Horário: 20:00

10 de dezembro de 2021 (sexta-feira) – Horários: 10:00 e 20:00

 

Apresentações no CDC SAJU (Clube da Comunidade Saju)

Endereço: R. Franklin Távora, 433 – Campo Limpo, Zona Sul,  São Paulo – SP, 05794-270

Quando: 11 de dezembro de 2021 (sábado) –  Horários: 15:00 e 17:00




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