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SP Entrevista | Per Sörberg, professor da Universidade das Artes de Estocolmo

Publicado em: 05/10/2016 |

O setor de Relações Internacionais da SP Escola de Teatro trabalha intensamente no estabelecimento de parcerias com instituições dos mais diversos países. A lista de escolas que mantêm relações conosco é grande, mas uma se destaca: a Universidade das Artes de Estocolmo, na Suécia.
 
Com parceria já estável e recorrente, diversos aprendizes e formadores brasileiros fizeram intercâmbio no país nórdico. A Escola também recebeu suecos em São Paulo. Neste semestre, pela primeira vez, o professor Per Sörberg veio para o lado de baixo do Equador para trabalhar conosco.
 
Sörberg trabalhou com quatro grupos em um curto período de tempo, tendo uma atividade bem intensa no Brasil. Nesta entrevista, ele conta um pouco sobre a experiência.
 
Sörberg (ao centro, com cabelos grisalhos) cercado por aprendizes da turma de Humor
 
SP Escola de Teatro: Antes de chegar à Escola, você certamente tinha expectativas. Durante sua estada por aqui, você se deparou com algo inesperado?
 
Per Sörberg: Eu conhecia, teoricamente, o sistema pedagógico da Escola e o foco em trabalho de grupo nas diversas disciplinas do teatro. Não foi inesperado, mas achei a Escola artisticamente interessante e muito bem organizada. Teatro é um trabalho coletivo que envolve o fazer (do inglês to do) e o ser e estar (do inglês to be). É um pouco como “do be do be doo…
 
SP: Como foi o seu contato com os nossos aprendizes?
PS: Eu gostei muito de trabalhar com eles, apesar de o meu tempo ter sido curto. Trabalhei com quatro grupos diferentes em 19 dias: dois de Direção, um de Atuação e outro de Humor. Olhando para o resultado dos trabalhos, vejo que gostaria de ter trabalhado com um só grupo por mais tempo — o que era impossível por causa do planejamento escolar. 
 
Por outro lado, foi fantástico encontrar tantos artistas maravilhosos. Pude perceber uma profunda conexão da máscara e do trabalho de clown com a tradição brasileira de atuação. O clown não é só uma figura circense — é, na verdade, a mãe/pai do teatro na perspectiva de atores. Senti que os aprendizes sabiam disso, o que teve grande impacto no nosso trabalho em conjunto.
 
SP: Como você compara os aprendizes brasileiros e suecos? Quais são as diferenças e similaridades entre eles?
PS: É impossível comparar. Somos iguais na maioria dos jeitos. Somos humanos. Na Suécia, não temos tradição clownesca. Nós, como o Brasil, somos uma cultura jovem. Foi um rei que admirava a cultura da corte francesa em 1750 que levou esta tradição para a Suécia. Desta forma, não temos um histórico com o clown, o teatro de rua e a cultura folk em geral. Enquanto professor sueco de humor, foi maravilhoso trabalhar com aprendizes que conhecem a tradição.
 
SP: Enquanto a Universidade das Artes de Estocolmo foca na criação individual, a SP Escola de Teatro foca no trabalho em grupo. Quais são os impactos nos aprendizes nesses dois modelos de ensino?

PS: Esta diferença existe. O teatro é um trabalho coletivo, mas, em alguns momentos, o ator precisa de um tempo para trabalhar sozinho nas suas técnicas para desenvolver uma linguagem, o corpo ou a presença. Ser um ator é estar aberto e disponível para várias ideias e formas. É possível aprender isso atuando, fazendo e vendo teatro de maneiras diferentes, mas acredito que se pode adquirir uma certa habilidade profissional mais rapidamente com treinamentos específicos de método e técnica. Isso, é claro, demanda tempo e dinheiro. A grande diferença é que temos 12 estudantes por sala na Suécia, enquanto temos 25 na SP Escola de Teatro. E o impacto, na SP, é uma enorme quantidade de energia criativa que vem do trabalho coletivo.




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