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Roda de Conversa Aborda Sonoplastia

Publicado em: 12/11/2012 |

Qual espaço é ocupado pela sonoplastia na concepção de um espetáculo teatral? Como essa atividade é vista e desempenhada no Brasil? Questões como essas moveram a Roda de Conversa que a SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco promoveu no último sábado (10), cujo conteúdo será publicado na edição #4 da A[L]BERTO, a revista da Escola.

 

Antunes Filho, Ernani Maletta, Martin Eikmeier e Raul Teixeira, que mediou o encontro, estiveram na Sede Roosevelt da Escola para levantar possibilidades e discutir sobre Sonoplastia e Dramaturgia Sonora. Durante a conversa, que durou duas horas e meia, os participantes trataram o tema sob diversos pontos de vista. Afinal, estavam ali dois profissionais da música, que desenvolvem pesquisas na área – em diferentes temas –, e um dos mais conceituados diretores de teatro do País, responsável por várias trilhas de montagens que encenou ao longo de sua trajetória.

 

Teixeira começou apresentando cada um dos convidados e logo provocou Antunes, com quem trabalhou em uma série de peças, perguntando o que o motivava a escolher as músicas, ao que o diretor respondeu que, assim como em todas as suas criações, tenta enxergar tudo o que tem em mãos e pensar na unidade da obra. “Procuro no caos. Eu me ‘coloco em situação’ e vou resolvendo degrau por degrau. Sou desordenado, nunca sei onde vou chegar”, observou.

 

Maletta, que falou na sequência, contou um pouco sobre sua experiência com a preparação musical de atores, trabalho no qual se aprofunda há anos e consiste em colocar os artistas do palco em condição de fazer música no teatro, sem que sejam músicos profissionais. O participante ainda agradeceu pelo convite e elogiou a iniciativa da Instituição. “Essa Escola é estupenda. Estive aqui em maio e não acreditei que pudesse realmente existir, tamanha é a competência dos que a idealizaram e conduzem”, disse.

 

Compartilhando da visão de Maletta, sobre o discurso musical ser “apenas um dos discursos que formam a polifonia (multiplicidade de vozes, sons) que é o teatro”, Eikmeier deu ênfase à composição e à canção, suas áreas de pesquisa e ressaltou que “quando a música se põe em relação ao ator, ao espetáculo, já se transforma em dramaturgia”.

 

Da esq. p/ a dir.: Maletta, Eikmeier, Teixeira e Antunes (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)

 

Para reforçar suas ideias, Antunes aproveitou uma maquete de palco criada por J. C. Serroni (coordenador dos cursos de Cenografia e Figurino e Técnicas de Palco na Escola) para compartilhar sua visão de quem não é teórico nem técnico em sonoplastia, “embora já tenha lido a respeito”. Para ele, “tudo tem de brotar junto. Não sei de onde vem a música. Está no pé da obra, junto com todo o resto. Por isso, é preciso saber o que se quer dizer com a obra”.

 

Em diálogo com os integrantes da plateia, que em determinado momento se envolveram na conversa e passaram a perguntar, os participantes abordaram uma extensa gama de assuntos, como: pedagogia da escuta, trilha sonora de TV e cinema, narrativa musical, a estrutura do curso oferecido pela Escola, mercado de trabalho para sonoplastas e, claro, tecnologia.

 

“A situação atual pode ser vantajosa ou prejudicial. O lado ruim é que acredito que a tecnologia favorece que você fique em uma inércia que predomina na indústria cultural. Por outro lado, ela é inclusiva, pois atrai várias outras pessoas interessadas em música e sonoplastia, devido ao número de ferramentas disponíveis para exercer essa profissão”, destacou Eikmeier.

 

Aos aprendizes, Maletta deixou um conselho: “Vocês estão na fase de colher todas as possibilidades possíveis para, mais tarde, escolher o caminho a seguir”. E a trajetória dos que buscam aprofundar seus conhecimentos na área pode ser vista com bons olhos daqui para frente, segundo Teixeira, que avaliou que “é uma área promissora, no Brasil e em São Paulo, mas ainda pouco especializada, até porque requer um bom tempo de preparação”.

 

 

Texto: Felipe Del

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