Por uma trajetória invejável nos palcos, Antunes Filho se consolidou como um dos mais importantes diretores teatrais do Brasil. Discípulo do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e vindo da primeira geração de encenadores brasileiros, esteve entre os principais responsáveis pela renovação cênica iniciada nos anos 1960 e estendida até a década seguinte.
Da icônica “Macunaíma” aos clássicos rodrigueanos, chegando aos mais recentes trabalhos com seu Centro de Pesquisa Teatral (CPT), suas encenações influenciaram um sem-número de artistas e marcaram a produção teatral brasileira.
Tudo isso diz respeito ao Antunes Filho diretor, aquele que prevaleceu durante toda a trajetória artística de José Alves Antunes Filho. Há, entretanto, uma faceta desse artista que veio à tona em apenas uma ocasião: o trabalho como dramaturgo.
Antunes se aventurou nessa área em 2009, com o musical dramático “Lamartine Babo”, uma homenagem a um dos compositores mais importantes da música popular brasileira. O espetáculo estreou em novembro daquele ano, no Sesc Consolação, sob direção de Emerson Danesi e com o elenco do CPT.
Cena da peça (Foto: Divulgação)
Desde então, seu único texto para teatro (pelo menos, até onde o público sabe) foi apresentado por todo o Brasil, além de chegar à América Latina e à Europa, relembrando com nostalgia canções das décadas de 20, 30 e 40, principalmente de Lamartine Babo (1904-1963). Na trama, uma banda que toca músicas de Lamartine um dia recebe uma visita misteriosa durante um ensaio.
Eles se deparam com um senhor e sua sobrinha, duas enigmáticas figuras que parecem saídas de outra época. A peça avança misturando o suspense às canções de um Brasil que Antunes pretende reavivar por meio da memória.
Hoje
Comemorando os cinco anos do espetáculo, que rendeu o Prêmio Shell de Música de 2010 a Fernanda Maia, o trabalho está de volta ao seu berço de origem: o espaço CPT, no Sesc Consolação. A peça reestreou em novembro e fará sua última sessão amanhã (10 de dezembro).