“Os Azeredo mais os Benevides”, peça escrita por Oduvaldo Vianna Filho e encenada por João das Neves, cumprirá, a partir de hoje (1º), sua segunda temporada no Cine-Teatro Denoy de Oliveira, com sessões às sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 19h.
Homenageado recentemente com o 2º Prêmio SP Escola de Teatro, o diretor e dramaturgo João das Neves é o responsável por levar a peça ao palco pela primeira vez desde que ela foi criada, na década de 1960.
Produzida pelo Centro Popular de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (CPC-UMES), a peça tem elenco composto por 20 atores, sendo um deles Pedro Monticelli, que foi aprendiz da primeira turma de Humor da SP Escola de Teatro. “Esse trabalho é histórico e contém personagens fundamentais do nosso teatro brasileiro”, comenta.
A trama expõe o início da amizade entre Alvimar e Esperidião. O primeiro é camponês, o outro é um jovem e empreendedor senhor de terras. Um é azarado, outro bem de vida. Com o passar dos anos, ainda que eles se esforcem para manter a parceria, o laço que os une aos poucos vai sendo desfeito.
50 anos na gaveta
Com trilha musical de Edu Lobo (“Chegança”), “Os Azeredo mais os Benevides” inauguraria o teatro da Une, ainda em 1964. Nelson Xavier seria o responsável pela aguardada encenação. No entanto, no dia 1º de abril um incêndio acometeu o prédio e o teatro da Une. Depois, a censura por parte do regime militar acabou com as expectativas de montagem do texto, que permaneceu inédito até hoje, 50 anos depois de sua criação.
Em 1966, mesmo sem ter sido encenada, a peça chegou a ser premiada pelo Serviço Nacional de Teatro (SNT), órgão do então Ministério da Educação e Cultura, e publicada em 1968.
Para a montagem atual, o maestro Marcus Vinicius completou a trilha musical concebia por Edu Lobo na época. “Relendo hoje o texto me vem à lembrança as palavras de Vianninha naquele instante: ‘apesar de tudo, eu não acredito num retrocesso do processo democrático’. O que me faz pensar na curiosa dicotomia que, às vezes, se estabelece entre o artista e sua obra. No caso, Vianinha, o militante político, não conseguia perceber o que o artista já dizia com admirável clareza em Os Azeredo Mais Os Benevides”: que era irrealizável a aliança entre opressores e oprimidos; que aqueles sempre acabariam colocando em primeiro plano os seus interesses, e só eles, não importando as razões e (ou) emoções destes”, diz João das Neves.
Ficha Técnica
Peça de Oduvaldo Vianna Filho
Direção: João das Neves
Música: Edu Lobo (Chegança); Marcus Vinícius
Cenografia e Figurinos: Rodrigo Cohen
Direção Musical: Leo Nascimento
Assistente de Direção: Alexandre Kavanji
Cenotécnico: Edson Freire Vieira
Iluminação: Leandra Demarchi
Assistente de Figurino: Arieli Marcondes
Preparadores de Corpo: Alício do Amaral Mello Junior; Juliana Teles Pardo
Elenco: Chico Américo; Danilo Caputo; Emerson Natividade; Érika Coracini; Ernandes Araujo; Graça Berman; Guilherme Vale; João Ribeiro; Junior Fernandes; Leonardo Horta; Leo Nascimento; Marcio Ribeiro; Mariana Blanski; Paula Belaguarda; Pedro Monticelli; Rafaela Penteado; Rebeca Braia; Ricardo Mancini; Telma Dias; Zeca Mallembá
Serviço
“Os Azeredo mais os Benevides”
Quando: Sextas e sábados, às 20h; domingos, às 19h
Onde: Cine-Teatro Denoy de Oliveira
Rui Barbosa, 323 – Bela Vista
Tel.: (11) 3289-7475
Ingressos: R$ 30
Texto: Felipe Del