O dia mundial do teatro e seu patrono no Brasil – Paulo Autran
No dia 27 de março, comemoramos o Dia Mundial do Teatro. Teatro sempre foi celebração, o que implica em comemorarmos sempre a nossa vocação e o nosso ofício. Neste dia, faço uma homenagem àquele que representa a figura central do Teatro Brasileiro – Paulo Autran.
Autran faleceu em outubro de 2007, deixando como legado a maior contribuição para que nossa profissão tivesse o respeito e o reconhecimento que o teatro de fato merece. Em 20 de julho de 2011, nosso governo fez uma justa homenagem ao teatro, declarando Paulo Autran como “Patrono do Teatro Brasileiro”. É justo reconhecer e condecorar nossos heróis. Um dos deuses dessa arte esteve entre nós.
Em “Quadrante”, espetáculo-solo que fez durante 15 anos, entre os intervalos de cada montagem, Paulo iniciava a peça com o seguinte texto:
“Sou um homem de teatro.
Sempre fui e sempre serei um homem de teatro.
Aquele que dedica sua vida à paixão e à humanidade existentes nestes metros de tablado;
Esse é um homem de teatro.”
Celebrar o Dia Mundial do Teatro implica em resgatar nossos deuses e a contribuição inestimável que eles nos deixaram. Implica em saber que sem esses “monstros” não teríamos, hoje, o teatro que resiste à tanta banalidade, à crueldade do abandono de políticas culturais e a tanto desmando do poder público federal.
Resistir é uma arte. Fazer teatro é resistir, insistir, reformular. É apontar novos caminhos, pois, onde não conseguimos cobrir o sol com uma peneira, é que encontramos a seiva de nosso tempo.
No momento em que a sociedade questiona seus mitos, penalizando os culpados por seu mal-estar, o ato de promover e de fazer teatro é uma manifestação voluntariosa de vida dentro do egoísmo; uma proposta que coloca o ser humano como objeto protagonista de transformação. E o teatro é o porta-voz principal.
Fazer teatro, sim! Mas enquanto alegoria e forma de depurar os vícios e o maniqueísmo de nossa sociedade.
E quando tudo isto for tão difícil de “realizar”; que tenhamos então o auxílio de nossos deuses quando estivermos em cena e “perdermos a deixa do texto”; e então escutaremos da coxia a voz de Paulo Autran soprando-nos o texto.
Evoé!
Germano Soares Baía é produtor
Veja o verbete de Paulo Autran na Teatropédia.
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