SP Escola de Teatro

Papo de Teatro com Keila Taschini

Keila Taschini é atriz

 

 

Como surgiu o seu amor pelo teatro? 

Quando vi a peça “Vida de Cachorro”, com Carlos Moreno. Tinha uns 7 anos.

 

Lembra da primeira peça a que assistiu? Como foi? 

“Vida de Cachorro”. Carlos Moreno fazia o cachorro. Em uma cena, ele ia para debaixo da mesa e pedia para o público não contar que ele estava lá. Nesse dia, sentei na primeira fila e bem de frente a ele. Ele então falou comigo. Fiquei enlouquecida!

 

Um espetáculo que mudou o seu modo de ver o teatro. 

“Zéroi”, de Hugo Possolo.

 

Um espetáculo que mudou a sua vida. 

”O Rei da Vela”, de Oswald de Andrade, direção de Hugo Possolo. Atuei como Heloísa de Lesbos.

 

Você teve algum padrinho no teatro? Se sim, quem? 

Não. Tive pessoas importantes que no começo me inspiraram, por exemplo, o Ivan Salles e Maria Chiesa.

 

Já saiu no meio de um espetáculo? Por quê? 

Já, porque achei que seria uma bomba.

 

Teatro ou cinema? Por quê? 

Os dois. Como atriz, as duas possibilidades de interpretação me excitam e me fascinam.

 

Cite um espetáculo do qual você gostaria de ter participado. E por quê? 

“Romeu e Julieta” do grupo Galpão, no Globe Theather, em Londres. Além da qualidade artística indiscutível, gostaria de ter sentido muitas vezes, o que senti quando vi. Uma mistura de emoção com perfeição.

 

Já assistiu mais de uma vez a um mesmo espetáculo? E por quê? 

Sim. Porque era bom demais…

 

Qual dramaturgo brasileiro você mais admira? E estrangeiro?  Explique.

O dramaturgo com quem trabalho atualmente, José Geraldo Rocha. Escreveu “Peixe Vivo”, além de outras tantas peças. A sensibilidade em retratar a sua infância no interior. Suas lembranças transformadas em teatro. Uma delicadeza.

 

Qual companhia brasileira você mais admira? 

O grupo Galpão.

 

Existe um artista ou grupo de teatro do qual você acompanhe todos os trabalhos? 

Galpão.

 

Qual gênero teatral você mais aprecia? 

Eu gosto de teatro bom. Quando a comédia me provoca dores na barriga e muitos dias de reflexão, essa é a melhor. Convencer o público a rir é para poucos.

 

Em qual lugar da plateia você gosta de sentar? Por quê? 

Na frente, segunda ou terceira fileira. Mas já sentei na primeira fileira de um teatro pequeno para assistir uma peça “bomba”. Não dava para sair!

 

Qual o pior lugar em que você já se sentou em um teatro? 

Atrás de uma pilastra nesse teatros/casas de show.

 

Fale sobre o melhor e o pior espaço teatral que você já foi ou já trabalhou? 

O melhor foi Sesi Paulista, em São Paulo. Estruturalmente é perfeito. Tinha tudo que o teatro precisa para funcionar tecnicamente. Os piores foram vários. Em São Paulo e no interior. É claro que os atores se adaptam, mas o público não merece cadeira dura, som estridente, banheiro improvisado, cheiro de mofo, bilheteiro mau humorado…

 

Existe peça ruim ou o encenador é que se equivocou? 

Existem peças ruins. Mas encenadores que se equivocam, existem aos montes.

 

Como seria, onde se passaria e com quem seria o espetáculo dos seus sonhos? 

Tenho vários sonhos! Mas um dos perfeitos seria um Brecht (“Galileu Galilei”) para todas as idades no Berliner Ensemble, em Berlim. Com Terry O’Quinn (Lost) no papel de Galileu.

 

Cite um cenário surpreendente. 

Uma companhia francesa que se apresentou no Anhagabaú, em São Paulo, há anos atrás. Era um livro gigante. Os atores moviam as páginas desse livro conforme as cenas iam acontecendo. Sensacional.

 

Cite uma iluminação surpreendente.

Infelizmente não me lembro quem fez, mas era no Sesi Paulista, em uma peça de Felipe Hirsch.

 

Cite um ator que surpreendeu suas expectativas. 

Paulo Gorgulho.

 

O que não é teatro? 

Péssimas escolas, falta de estudo, atores deslumbrados. Número de registro na Delegacia Regional do Trabalho não quer dizer que a pessoa seja artista. Provinha do Sindicato também não.

 

A ideia de que tudo é válido na arte cabe no teatro?

Não. O teatro tem limites, o dinheiro, por exemplo. Sem subsídios não se faz com perfeição.

 

Na era da tecnologia, qual é o futuro do teatro? 

O encenador inteligente e perspicaz aproveita e se apropria de tudo o que é bom, inclusive da tecnologia. Eles (teatro e tecnologia) são opostos e se atraem. Eles se completam. O teatro nunca vai ser menor que a tecnologia.

 

Em sua biblioteca não podem faltar quais peças de teatro?

Todas do Brecht. 

 

Cite um diretor (a), um autor (a) e um ator/atriz que você admira.

O diretora Luciana Barone por saber conduzir o ator no caminho  certo. 

O ator é o Michael Emerson (Benjamim Linus da série “Lost”).

 

Qual o papel da sua vida?

O próximo.

 

Uma pergunta para William Shakespeare, Nelson Rodrigues, Bertold Brecht ou algum outro autor ou personalidade teatral que você admire. 

Perguntaria ao Shakespeare se foi ele mesmo que escreveu tudo aquilo e, se fosse, ele não gostaria de ser meu amigo.

 

O teatro está vivo?

Está sim. Basta alguém estar lá observando. Não é no palco e não é um ator. É em qualquer lugar, qualquer pessoa. Se alguém o observar  e aquilo lhe interessar, é teatro.

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