Como de costume, todo início de mês traz consigo uma indicação literária de Maurício Paroni de Castro, diretor e dramaturgo, que também coordena o espaço de discussão informal que ganhou o nome de Chá e Cadernos, também mensal, realizado sempre na última sexta-feira do mês, na Sede Roosevelt da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco.
E o livro do mês de novembro, segundo dica de Paroni, é “O judeu” (Ed. Ática, 11966), de Bernardo Santareno.
“Em tempos de fanatismo religioso, de alienação política, de fragmentação do tecido social, faz-se imperioso vislumbrar narrativas dramáticas que enfoquem o problema. Este texto também é importante para se ter uma ideia algo diferente do teatro português moderno, tão desconhecido entre nós. A estética acurada e refinada lembra a de um outro autor radical igualmente contundente na escrita, este mais conhecido em virtude de sua obra cinematográfica: Pier Paolo Pasolini”, comenta o artista.
Saiba um pouco mais sobre a obra:
“O judeu” é uma peça publicada em 1966 e estreada em 1981 em Lisboa. Considerada como uma obra maior do moderno teatro português, retrata o calvário do dramaturgo setecentista António José da Silva, queimado pelo Santo Ofício em 1739. António José da Silva, autor de comédias e óperas, nasceu em 1705 e ganhou popularidade com o teatro de bonifrates, uma imitação jocosa da ópera italiana muito popular na época. O caráter satírico das suas peças irritou um Santo Ofício dedicado a combater o Iluminismo e o racionalismo com autos de fé, aos quais o povo fanatizado assistia como a um espetáculo.
No final da peça, depois da imolação de António José pelo fogo, o Cavaleiro de Oliveira grita “Iluminai o Povo de Portugal!”. Ao reclamar que só um povo esclarecido será capaz de combater as atrocidades que se repetem ao longo dos tempos, o Cavaleiro de Oliveira ressalta a preocupação didática da peça.
Fonte consultada:
http://estudoslusofonos.blogspot.com.br/