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“O FUTURO”: IMPORTANTE CHEGAR DESAVISADO

Publicado em: 06/12/2020 |

Por Gabriela Lemos, especial para SP Escola de Teatro

 

o futuro

não é em alta definição

não é colorido

nem linear

nem tão aristotélico

precisa permanecer pra fazer sentido

tentando

eu tentaria

o futuro 

puxa o tapete

prende o fôlego 

conjuga o verbo errado por diversão

incomoda 

tropeça 

desafia

borra o giz na cartolina preta com a mão

o futuro

sobe e desce 

é um não-lugar

passagem de quem vai jogar mais uma garrafa de vinho tinto no lixo reciclável enquanto se cobra por ter pedido mais uma pizza e começado mais uma temporada mesmo sendo três horas da manhã e a cabeça já doer de tanta luz azul nas retinas o dia inteiro todo dia assim

cemitério dos extintos

e a saudade que dá mesmo desse mundo

o futuro 

eu entendo

amedronta

ameaça enquanto manda beijinho de blusão branco como quem não quer nada

eu experimentaria ter

medo do futuro 

porque é simples

e tem tudo

* Gabriela Lemos é participante da oficina olhares: poéticas críticas digitais, oferecida pela SP Escola de Teatro e ministrada pelo crítico Amilton de Azevedo, que supervisiona a produção e edita o material resultante.




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