EN | ES

O Coração Sente o que os Olhos não Vêem?

Publicado em: 30/06/2011 |

“O que os olhos não vêem, o coração não sente”. Este famoso provérbio popular é posto abaixo por Gerson de Souza Santana, aprendiz de Sonoplastia do Módulo Azul da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco.

 

Deficiente visual, Gerson também é formado em atuação pela Universidade São Judas. Segundo ele, essa escolha demorou para ser feita. “Nunca tive muito incentivo para ir ao teatro. Queria trabalhar com comunicação, mas não era comunicação social, publicidade, marketing, nada disso. Foi quando me recomendaram cursar Artes Cênicas.”

 

Foi amor ao primeiro contato. O aprendiz foi aprovado em um teste e passou a integrar o grupo de atores da faculdade, que apresentava espetáculos para os alunos do Ensino Médio que faziam visitas monitoradas à instituição e, no final, assistiam a uma montagem de textos literários que eram tema de perguntas dos vestibulares. “Por ser deficiente visual, tinha dificuldade para realizar alguns movimentos. A música, com a qual sempre tive contato, começou a me ajudar com isso.”

 

Na adolescência, Gerson já havia realizado cursos básicos de música e um workshop de musical da Broadway, além de ter cantado durante três anos em corais de igreja. 

 

O contato com a SP Escola de Teatro, segundo ele, não aconteceu por acaso. “Nos últimos dias de inscrição, me falaram sobre vários cursos para teatro. Quando minha amiga falou que Sonoplastia era uma das opções, eu logo disse que era esse que eu queria fazer.”

 

A riqueza encontrada no som, segundo Gerson, foi o que o fez escolher esse curso. “O som não envolve só a música, ou ruídos sonoros como a gente pensa. A sonoplastia é muito ampla, a gente pode fazer a dramaturgia de uma história. Eu, por exemplo, consigo entender um filme sem falas, pois o som também conta o que está acontecendo sem exercer a fala.”

 

No decorrer do curso, Gerson revela ter aprendido que o campo é muito mais do que ele pensava. Além disso, comenta um pouco sobre o resultado desse estudo. “Comecei a me focar mais ao som. Hoje em dia presto mais atenção e começo a extrair mais referências de tudo que eu ouço, até mesmo para o meu trabalho de ator. Os professores são maravilhosos, sempre trazem questões novas para a gente.”

 

O objetivo do aprendiz, no entanto, não é ficar preso apenas à sonoplastia. Ele afirma que sua meta é unir as duas áreas para aprimorar sua expressão corporal por meio de sua pesquisa da música e do som, e ressalta que “a arte não precisa separar, ela agrega”.