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No mês de seu aniversário, conheça a obra de um dos expoentes do modernismo brasileiro: Mário de Andrade

No último sábado, 9, um dos grandes nomes do modernismo brasileiro Mário de Andrade  (São Paulo, SP, 1893 – São Paulo, SP, 1945) completaria 128 anos. Fascinado pela busca de uma identidade artística e pelo folclore nacional, sua obra impactou a cultura da década de 1920 até os dias atuais.

No mesmo dia do aniversário do poeta, o ator Pascoal da Conceição, consagrado pela sua participação na série infantil “Castelo Rá-Tim-Bum” e que já interpretou o autor em muitas performances e minisséries de televisão (JK e Um Só Coração), estreou a websérie “Mário de Andrade Desce aos Infernos”, adaptação do espetáculo de teatro de mesmo nome. Inspirada no poema de Carlos Drummond de Andrade feito em homenagem à Mário, a série incorpora textos originais do modernista em sua obra, além de entrevistas, conferências e crônicas.

Poeta, cronista e romancista estão entre suas designações mais conhecidas, mas sua trajetória na arte começou pela música no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, lugar onde concluiu o curso de piano em 1917 e atuou como professor de história da música e da estética. Neste mesmo ano publicou seu primeiro livro Há uma Gota de Sangue em Cada Poema.

Mário também escreveu para diversos jornais e revistas como A Gazeta, a revista paulista Papel e Tinta, o Jornal do Comércio e o O Estado de S. Paulo.

O autor foi um dos organizadores da Semana de Arte Moderna, momento chave do modernismo, e nela foram de grande destaque suas palestras: sobre o abrasileiramento da língua portuguesa, que mais tarde foi publicada com o título A Escrava que Não É Isaura; e sobre a música folclórica nacional. Também são memoráveis suas leituras do Prefácio Interessantíssimo e do poema Paulicéia Desvairada; esse último nomeou o compilado de poemas que foi publicado em 1922. Outras obras importantes do autor foram Clã do Jabuti (1927); Amar, Verbo Intransitivo (1927), e os livros póstumos Contos Novos (1947) e Lira Paulistana (1943).

Com o seu olhar crítico e observador também ajudou a lançar as bases da música popular brasileira a partir da  sistematização dos estudos sobre ela. Grande parte de sua vida foi dedicada a estudar a identidade nacional; foi entusiasta da cultura popular oral e rural, e chegou a realizar uma pesquisa etnográfica de 1927 á 1929 pelo norte e nordeste do país, o qual rendeu o diário de bordo O Turista Aprendiz. Em 1935, ajudou a fundar o Departamento Municipal de Cultura de São Paulo, nele foi diretor e criou a Discoteca Pública (Discoteca Oneyda Alvarenga). Em 1937, convidou o casal Lévi-Strauss para ministrar um curso de etnografia e criou com Dina Lévi-Strauss, a Sociedade de Etnografia e Folclore, da qual foi presidente.

Assíduo pesquisador, sempre observou ambiguidades e contradições no brasileiro, e essas estão muito bem representadas na famosa personagem Macunaíma, ‘o herói sem caráter’, protagonista do livro homônimo. O romance foi um dos títulos mais importantes do modernismo e sintetizou muito da teoria idealizada pela vanguarda da época. Publicado em 1928, Macunaíma foi adaptado para o cinema pelo diretor Joaquim Pedro de Andrade em 1969, estrelando Grande Otelo. O filme foi um dos marcos do cinema novo brasileiro, vencedor de diversos prêmios no Festival de Brasília de 1969; sua cópia restaurada e sem cortes foi exibida na mostra ‘Cannes Classic’ durante o festival de Cannes, em 2004. Dentre as inúmeras adaptações que também foram feitas para o teatro, é de destaque a de Antunes Filho com o Grupo Pau-Brasil que estreou no Teatro São Pedro em 1978 e foi um marco no teatro modernista nacional.

Mário de Andrade foi um dos grandes intelectuais brasileiros do início do século XX, que contribuiu para o estudo e análise da cultura brasileira, preservando e enaltecendo esse bem tão precioso da nossa identidade nacional.

Por Leticia Polizelli, com edição de Luiza Camargo

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