SP Escola de Teatro

Ney Piacentini lança livro sobre Eugênio Kusnet

Marcando seus 35 anos como ator, Ney Piacentini lança o livro “Eugênio Kusnet: do ator ao professor” (Hucitec Editora, 172 págs., R$ 38), no dia 9 de junho, às 20h, no Teatro de Arena Eugênio Kusnet. Na cerimônia de lançamento, Antunes Filho, Carminha Gôngora e o próprio autor também falarão sobre o legado de Kusnet.

 

Com prefácio de João das Neves e apresentação de Antunes Filho, a obra é fruto de um mestrado na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), finalizado em 2012, e traz depoimentos inéditos de Maria Della Costa, Fernanda Montenegro, Valmor Chagas, Flávio Migliaccio, Renato Borghi, Carminha Gôngora, Antunes Filho e José Celso Martinez Corrêa, além de outros importantes atores e diretores da cena nacional.  

 

Em sua dissertação, orientada por Maria Thais, Ney defende a hipótese de que foi no Brasil que Kusnet adquiriu seus conhecimentos sobre Stanislavski e não quando jovem na Rússia, como versam alguns observadores de sua trajetória. Contudo, é sobre a experiência no Teatro Oficina, em que Kusnet atuou e criou um curso sobre atuação, que se encontra o núcleo central da pesquisa. Pela ótica de Piacentini, foi durante a montagem de “Os pequenos burgueses” que esse discípulo de Stanislavski estabeleceu suas bases artísticas e técnicas sobre a arte de atuar, adaptando à nossa realidade os preceitos criados pelo Teatro de Arte de Moscou.

 

Trecho do livro:

Ao sugerir aos atores e alunos que, antes das improvisações, pensassem em uma carta imaginária, do ponto de vista de seus personagens, para algum outro personagem, não necessariamente integrante de uma cena ou da dramaturgia dada, Kusnet observou quão potente poderia ser este exercício para as improvisações. Tendo uma carta para escrever, a adesão à concentração era mais visível, pois sem maiores discussões os alunos se dirigiam quase que espontaneamente a pequenos espaços espalhados pelo teatro, de suas próprias escolhas, e se colocavam a realizar a tarefa.


Ele percebeu que, em silêncio, os atores, concentrados na proposta imaginária, aos poucos passavam de pensamentos para pequenos gestos, voltavam à escrita, depois emitiam alguns sons e palavras, demonstrando satisfação ou contrariedade. Ou seja, através do recurso “Carta”, os atores se concentravam diretamente em um objetivo, se imiscuindo em alguma faceta do mundo do personagem, ambientando-se em uma parte de seu universo, de acordo com as ideias surgidas no exercício.

(Pág. 98)

 

Eugênio Kusnet

Segundo José Celso Martinez Corrêa, Kusnet é um dos mais importantes atores e professores de atuação que o Brasil já teve. O russo, que chegou em nosso país em 1926, participou ativamente como ator, entre as décadas de 1950 e 1970, dos períodos do Teatro de Brasileiro de Comédia, do Teatro de Arena e do Teatro Oficina, tornando-se pedagogo teatral, além de ter escrito três livros: “Iniciação à arte dramática” (1968), “O método das ações inconscientes” (1971), e o mais conhecido: “Ator e método” (1975).

 

Entre seus trabalhos mais marcantes como intérprete teatral estão os personagens Otávio de “Eles não usam black-tie”, de Gianfrancesco Guarnieri, e Bessemnov em “Os pequenos burgueses”, de Máximo Gorki, pelo qual recebeu os principais prêmios de melhor ator da época.

 

Ney Piacentini 

Ney iniciou sua carreira em 1979 na Universidade Federal de Santa Catarina e em Florianópolis fundou o Grupo A de Teatro, com o qual ganhou o Prêmio Bastidores (de 1982) de Melhor Espetáculo e Melhor Ator Infanto-Juvenil, pela criação coletiva “Vira e mexe”, também encenada em São Paulo em 1986. Foi ator e apresentador do Programa Revistinha da TV Cultura (Prêmio APCA de Melhor Programa Infanto-Juvenil de 1989 e 1990); participou de diversos filmes de curta e longa-metragens como “Trabalhar cansa”, de Marco Dutra e Juliana Rojas, e “O quanto vale é por quilo”, de Sérgio Bianchi, contudo se estabeleceu no teatro.

 

Dos mais de 50 espetáculos em que atuou, estão “Crepúsculo de uma tarde de outono” (1991), de Friedrich Dürrenmattt; “O legítimo inspetor perdigueiro” (1992), de Tom Stoppard; “O catálogo”, de Jean-Claude Carrière; “Budro” (1994), de Bosco Brasil; e “Um céu de estrelas” (1996), de Fernando Bonassi. 

 

Em 1997, a convite de Sérgio de Carvalho, ingressa na recém-fundada Companhia do Latão, em que fez todas as peças do grupo, das quais se destacam: “Ensaio sobre o latão” (indicado para o Prêmio Mambembe de 1997 de Melhor Ator Coadjuvante), “O nome do sujeito” (indicado para o Prêmio Mambembe de 1998 de Melhor Ator), “O círculo de giz caucasiano” ( Prêmio Villanueva de 2007 de Melhor Espetáculo Estrangeiro em Cuba) e “O patrão cordial” (Prémio Questão de Crítica de 2013 de Melhor Dramaturgia e Melhor Elenco).

 

Em 2104, Piacentini ganhou o Prêmio Cooperativa Paulista de Teatro – Categoria Especial – pela sua contribuição ao teatro paulista.

 

Serviço

Lançamento do livro “Eugênio Kusnet: do ator ao professor”, de Ney Piacentini

Quando: Dia 9 de junho, das 20h às 23h

Local: Teatro de Arena Eugênio Kusnet

Rua Teodoro Baima, 94 – Centro

Tel.: (11) 3256-9463

Contatos com a imprensa: 11 38647322 / 11 972836199 – ney.piacentini@gmail.com

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