EN | ES

Módulo Amarelo, Expectativas e Processos

Publicado em: 10/08/2010 |

 

Uma grande concentração de aprendizes no pátio da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Arte do Palco, na manhã de quarta-feira, início do mês de agosto (3), festejou o retorno às aulas após duas semanas de recesso.


Era o fim do Módulo Verde, que concentrou os estudos dos 200 aprendizes dos Cursos Regulares no Realismo. Tinha início o Módulo Amarelo que vai tratar do Teatro Épico e da relação do teatro com a cidade.


O funcionamento pedagógico da SP Escola de Teatro transcende a estrutura convencional do conteúdo sistematizado por semestre, os Cursos Regulares são compostos por quatro Módulos que receberam o nome das cores, Verde, Amarelo, Azul e Vermelho. Módulos esses que não possuem uma hierarquia interna entre os Componentes. Nesse momento, no Módulo Amarelo, a SP Escola de Teatro propõe a compreensão do lugar teatral como um espaço social no qual se constrói a atividade denominada Teatro.


Existe uma forte relação dos grupos e atores com os modos de ocupação de espaços teatrais. Normalmente, eles não se encontram somente vinculados à criação dos espetáculos mas, também, estão associados a um conjunto de atividades que visam dinamizar o espaço culturalmente e gerar o chamado território vivido. Dessa forma, o lugar teatral pode ser considerado como uma unidade cultural, artística e social, organizada, num dado contexto urbano, pelo uso do espaço por artistas e pelo público.


J. C. Serroni, coordenador dos cursos Técnicas de Palco e Cenografia e Figurino da SP Escola de Teatro, acredita que o Módulo Amarelo chega para dar uma chacoalhada na formação dos aprendizes. “Minhas expectativas para esse módulo são as melhores. O épico está repleto de espaços não convencionais, síntese, símbolos, simbologias, é um estímulo trabalhar com liberdade, afinal, o realismo é mais ‘fechado’ e, de certa forma, limita produções mais subjetivas.”


Já a experiência acumulada do Módulo Verde e a presença do Joaquim Gama, atual coordenador pedagógico da SP Escola, irão trazer um novo olhar para a Instituição, segundo Rodolfo García Vázquez, que coordena os cursos de Direção e Atuação. ”Estou bastante curioso com a relação da Escola com seu entorno, devido ao experimento, pois os aprendizes de Atuação e Direção liderarão esse processo. Nós vamos discutir como o épico se relaciona com a contemporaneidade e descobrir colocações atuais para esse gênero na relação entre a cidade e o teatro em uma unidade continuativa”, afirma.


Para a coordenadora do curso de Dramaturgia, Marici Salomão, é um orgulho receber uma equipe de formadores convidados vindos de várias frentes e pensamentos, como Rogério Toscano, Alessandro Toller, Roberto Alvim e Ruy Filho. E, por outro lado, os Componentes do curso estão com um caráter muito prático o que vai exigir um olhar ainda mais atento para as produções individuais e coletivas dos aprendizes do curso de Dramaturgia.


Um aprofundamento do tema Humor e o trajeto percorrido entre a teoria e a palhaçaria é o que Raul Barretto imagina que o Módulo Amarelo trará ao curso que coordena. “Começamos a introduzir os aprendizes no universo da palhaçaria e aprofundar o trabalho corporal. Essa busca por novos espaços teatrais, o fato de sair da caixa preta, exercita o corpo e amplifica a mente”, conta o formador.


Já no Curso de Iluminação, de acordo com Guilherme Bonfanti, é interessante que o conceito mude radicalmente. Tudo o que foi visto no realismo, na caixa preta, será revisto por meio do conhecimento técnico adquirido na formação, só que em uma estética diferenciada. “A entrada de novos aprendizes também coloca em prova o sistema modular da Escola e é bom porque estimula o trabalho em equipe. Afinal, teatro é uma arte feita em grupo e, para trabalhar nele, é necessário, além de conhecimento e técnica, muita generosidade, aproximação e aceitação do outro”, explica.


Raul Teixeira, coordenador do curso de Sonoplastia, também tem as melhores expectativas possíveis para o Módulo Amarelo, que será baseado no trabalho da musicalidade, voz, criação por meio do corpo e da música. “Interessante também é a dramaturgia sonora que analisa peças e textos, que abrangem elementos do épico e refletem na formação e estudo de trilha sonora por meio de rádio dramas. Há também a participação dos aprendizes de Dramaturgia, Atuação e Direção mesclados nessas aulas. Aos sábados, por exemplo, os aprendizes de Atuação e de Sonoplastia farão aulas de voz, musicalidade e barbatuques juntos”, afirma.


A ideia para o Módulo Amarelo é avançar na discussão das relações na formação, explorando o conceito de lugar teatral e propondo a busca por espaços no Brás, considerado um dos mais tradicionais e antigos bairros da capital paulista. Assim, em vez da mera reprodução de técnicas e métodos, os aprendizes passam a investigar seus próprios processos e métodos cênicos, privilegiando o debate, o calor do encontro e a qualidade de estar junto. 


 
Texto e foto: Renata Forato