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Praça Roosevelt é cenário de peça que comemora 30 anos do Satyros

Publicado em: 20/04/2019 |

Espetáculo ‘Mississipi’, nova montagem d’Os Satyros, que celebra 30 anos em 2019. Foto: Andre Stefano/Divulgação

De um local marcado pela insegurança e pelo abandono para um polo de cultura da capital paulista, a Praça Roosevelt passou por um transformador processo de reinvenção desde o início dos anos 2000. Um dos vetores dessa transfiguração, a Cia. de Teatro Os Satyros apresenta de sábado (20) a 26 de maio o espetáculo “Mississipi”, peça que leva ao palco o ponto da cidade cuja paisagem social ajudou a transformar.

A montagem, que em março passou pelo Festival de Curitiba, comemora as três décadas de história do grupo. Em cartaz no Teatro Anchieta, no Sesc Consolação, esta é a primeira vez em dez anos que um espetáculo da companhia é encenado fora de sua sede.

A peça apresenta a Praça Roosevelt em três períodos distintos, situando a história nos anos de 1999, 2009 e 2019. Como pano de fundo, o cenário político e social do Brasil em cada uma das épocas retratadas.

Na trama, Mississipi, o personagem que conduz a história, sonha conhecer o homônimo estado americano. No entanto, a Praça Roosevelt, que também é batizada a partir de uma figura ianque, é o ponto em que ele alcança em sua viagem. Pessoas em situação de vulnerabilidade social, violência e intolerância estão inseridas na dramaturgia do espetáculo.

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“A peça aprofunda temas que nos são muito caros. Trazer visibilidade nos palcos àqueles que são ignorados e desprezados é uma responsabilidade do teatro. Desde a nossa chegada à Praça Roosevelt essa questão se tornou fundamental para nós, tanto do ponto de vista político quanto estético”, explica Rodolfo García Vázquez, fundador, diretor e dramaturgo d’Os Satyros.

Além disso, a peça mantém a ousadia cênica que caracteriza o trabalho do grupo. “Apesar de apresentar temáticas presentes em outros trabalhos nossos, continuamos a ser curiosos e sedentos pela investigação. Vamos trazer vários elementos novos ao nosso trabalho, entre eles o teatro karaokê, conceito de um espetáculo com elementos musicais, partindo de canções bregas dos anos 1970”, detalha.

TRAJETÓRIA D’OS SATYROS

Os Satyros surgiu em São Paulo, em 1989, a partir da parceria de Rodolfo García Vázquez e Ivam Cabral, também fundadores da SP Escola de Teatro. Ao longo dessas três décadas, a Cia. desenvolveu uma linguagem pautada por críticas sociais e uma estética “poluída”.

Depois de uma temporada com sede em Portugal, o grupo retornou à cidade de São Paulo em 2000, se instalando na Praça Franklin Roosevelt, na região central da cidade. O local, até então marcado por altos índices de criminalidade e abandono social, se tornou exemplo de como o envolvimento de todo o corpo social de uma área pode mudar a realidade da região.

A Roosevelt foi escolhida pelo Satyros estrategicamente, diz o ator e dramaturgo Ivam Cabral. São Paulo foi a cidade que eles escolheram para criar a base fixa da Cia. após a volta definitiva de Portugal, e a opção, conta o ator, era “encontrar um lugar complicado da cidade” para transformar em casa e palco. “Queríamos colocar em prática a teoria de que a arte ilumina, modifica, transforma. O plano inicial era que, em cinco anos, a situação começasse a mudar nos arredores. Conseguimos isso em três”, descreve Cabral.

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Onde: Teatro Anchieta: Sesc Consolação – Rua Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque

Quando: De 20 de abril a 26 de maio. Sex., sáb., às 21h; dom., às 18h

Quanto: De R$ 12 a R$ 40

Quantidade de lugares: 280




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