Eu tenho um jeito de compor trilhas muito próprio: coloco o filme para rodar e vou tocando/criando diretamente sobre ele, logo na primeira vez que assisto as cenas. Isso me deixa mais perto do ator, e proporciona um compartilhamento muito íntimo.
É como receber permissão para adentrar sua alma, ao mesmo tempo em que nos deixamos invadir por ela. É o se permitir ser tocado, sem jamais impor, e transformar tal comunhão em sons que mostram para o mundo a beleza desse encontro.
Eu sempre me senti honrado ao compor para Phedra. Pode-se pensar que criar música para suas as cenas é ter a difícil tarefa de eleger o que vai dar o norte da trilha, dentre tantas maravilhas que ela nos presenteia. Pois não o é! Eu sempre falo que “a música já está nas cenas, e que na verdade eu apenas faço o meu singelo garimpo”.
Para mim, compor para Phedra sempre foi como garimpar num rio feito de diamantes, que reluz lindamente, iluminando cada nota que sai do meu piano e do meu coração.
Maestro Marcello Amalfi