SP Escola de Teatro

Luto: Morre Cacilda, mascote da SP Escola de Teatro há 12 anos

Cacilda na SP Escola de Teatro. Foto: Acervo Adaap

A SP Escola de Teatro está em luto. Na noite da última terça-feira, 27, a mascote da instituição, a cadela Cacilda, faleceu. Ela já estava debilitada e teve que passar por uma cirurgia, na qual saiu muito bem, mas horas depois sofreu uma parada cardíaca fatal.

Cacilda “vestindo a camisa”da SP Escola de Teatro em 2011/ Foto: Acervo ADAAP

“Cacilda Desviveu. Nossa Cacilda, afinal, não resistiu. Saiu super bem da cirurgia, mas não resistiu ao pós-operatório e, no início da noite de ontem, veio a falecer. Deixa tanta, mas tanta saudade!”, lamentou Ivam Cabral, diretor executivo da SP, que adotou a mascote nos últimos anos e a levava todos os dias na sede Roosevelt da instituição.

Cacilda em 2012. Foto: acervo Adaap

A História da SP e de Cacilda se confundem e são extremamente interligadas, sendo a cadela fundamental para a construção da identidade da Escola. Em 23 de maio de 2010, ela foi encontrada por funcionários com seis filhotes recém-nascidos próximos à sede Brás e imediatamente foram acolhidos pela comunidade local. Nos dias subsequentes, Cacilda e os filhotes receberam tratamento veterinário e foram muito bem cuidados, tornando-se parte da instituição. Os pequenos foram doados para estudantes e parentes de colaboradores e a mãe foi batizada por meio de uma votação no Twitter. O nome escolhido é uma homenagem à Cacilda Becker (1921 – 1969), atriz que fez história nos palcos brasileiros. A mascote também teve seus momentos de artista e ao longo desses mais de 12 anos atuou em experimentos cênicos do curso técnico em teatro.

Cacilda. Foto: acervo Adaap

Até a última segunda-feira, 26, ela e seu melhor amigo, Chico, transitavam livremente pelos corredores da SP, interagindo com os estudantes, colaboradores e parceiros da instituição, sendo uma das principais alegrias diárias das pessoas que circulam pelo espaço.

Ivam Cabral, colaboradores e estudantes da SP na época em que Cacilda foi adotada. Foto: Acervo ADAAP

O acolhimento aos animais de estimação é um dos pilares da instituição e a adoção de Cacilda é um dos exemplos. Aqui, os funcionários podem trazer seus pets durante o expediente, iniciativa que vem sendo adotada por outras empresas recentemente, mas que a ADAAP (Associação dos Artistas Amigos da Praça) foi pioneira.

Cacilda na sede Roosevelt da SP Escola de Teatro, em maio de 2022. Foto: Acervo ADAAP

Dizer adeus à Cacilda é muito triste para toda a comunidade da SP Escola de Teatro, mas necessário, vide a sua importância para a trajetória da instituição.

Lamentamos, consternados, a perda de Cacilda. Ela fará muita falta, mas viverá eternamente nos corações e nas lembranças de todes, todas e todos da SP Escola de Teatro.

Como homenagem, reproduzimos aqui o texto que Ivam Cabral escreveu para ela no aniversário de 12 anos de sua adoção, celebrado no último dia 23 de maio.

Cacilda fará muita falta na SP Escola de Teatro. Foto: Ivam Cabral

Chico, melhor amigo de Cacilda, e a cadela, juntos na represa de Guarapiranga. Foto: Ivam Cabral

A Construção do Amor
Por Ivam Cabral

“Neste dia, exatos 12 anos atrás, eu estava em Paris. Andrea Matarazzo era o secretário de Cultura e havia recebido um convite para viajar à França. Como não poderia ir, me pediu que fosse em seu lugar. Foi num telefonema de Paris para a SP Escola de Teatro que fui informado de que uma cachorra havia surgido na escola para dar à luz seis filhotes, num espaço cheio de entulho, no terreno da instituição. Me lembro, como se fosse hoje, de que não vi com bons olhos aquela história — até então, não tinha nenhuma relação com cachorros.
Quanto retornei ao Brasil e conheci aquela jovem senhora com seus filhotes, fiquei apreensivo. Não, não foi paixão à primeira vista. Mas eu não podia fazer mais nada. A escola inteira já estava apaixonada pela cachorra e seus rebentos. Decidiu-se, meio contra minha vontade, que cuidaríamos da Cacilda — sim, nesse momento ela já tinha ganhado esse nome, a partir de uma votação entre funcionários e estudantes da escola.

Fiz uma exigência, no entanto. Que arrumássemos adotantes para os filhotes. E assim foi. Por mais de dois anos, Cacilda viveu na escola, sendo cuidada e paparicada por todo mundo. Mas quem é de todo mundo acaba não sendo de ninguém. Porque no meio do caminho apareciam feriados, Natal, férias… E a bichinha ficava sozinha.

Nesse período, eu tinha perdido minha mãe e vivia um momento dificílimo com minha depressão. Me afastei do teatro e descobri Parelheiros. Foi uma época de muita, muita solidão. Tempo em que Cacilda se tornou uma das figuras mais importantes da minha vida inteirinha.

No último dia do ano de 2012, Chico apareceu em nosso mundo. A partir desse dia, eu nunca mais ficaria sozinho. Roubei a Cacilda da escola e passamos a dormir com o Chico no mesmo quarto, a fazer nossas refeições juntos, a passear juntos. E nunca mais encontrei limites entre o amor e a vida. Eu havia descoberto o amor incondicional.”

Cacilda e Ivam Cabral na SP Escola de Teatro. Foto: ADAAP

 

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