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Francisco Medeiros por Raul Barretto

Publicado em: 30/03/2012 |

Escrever sobre o Francisco Medeiros é muito difícil… Palavras aprisionam, amarram, nomeiam. Como traduzir, em palavras, algo tão fora das prisões, das amarras, das leis, dos nomes. Mais fácil deixar um alfabeto inteiro, liberto, poliglotado, para que ele se molde ao pensamento e ao momento do Chico. Ou criar um novo idioma, que dê conta da árdua tarefa de traduzi–lo. Porque ele é um ser em permanente estado de arte; quando fala, propõe poesia, quando anda, não toca o solo. 

 

Antenado com o mundo e suas transformações e plugado na bondade, conspira o tempo todo para o sorriso da humanidade. É um homem do humor, com certeza, do bom humor, no sentido de nos lembrar, a cada instante, nossa obrigação como terráqueos transitórios,  de  desempenharmos com plenitude nossas atividades diárias, com profundidade, elegância, discrição, delicadeza e competência, tornando–as artísticas,  independentemente do setor no qual as exercemos; do lixeiro ao domador de pulgas, do coveiro ao eremita da montanha. 

 

No fundo, acho que o Chico é um ET disfarçado de gnomo, grafitando arte nas paredes empoeiradas da nossa sociedade doente. Feliz daquele que for arregimentado para o seu rebanho. Sua chegada à SP Escola de Teatro foi como um vento bom, dando aquela chacoalhada e fazendo cair folhas velhas. 

 

Nas reuniões pedagógicas, sempre faz apartes, que deslocam nosso pensamento para um terreno novo e ainda não explorado, e conduz isso de uma forma especial, como que pedindo licença para inserir aqueles parênteses em nosso raciocínio. Enfim, um artista no exercício pleno de suas aptidões variadas, sempre agindo com inteligência inquieta, tranquilidade exclamativa e delicadeza felina.

 

 

Veja os verbetes de Francisco Medeiros e Raul Barretto na Teatropédia. 

 

Para ver os depoimentos dos outros coordenadores da Escola, que compõem a semana em homenagem ao Dia Mundial do Teatro, clique aqui.