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Elementos de Freud na obra de Tchecov

Publicado em: 30/05/2011 |

Em busca de elementos do realismo, o grupo Quatro do Experimento do Módulo Verde, trabalhou intensamente na análise do comportamento de Trepliov, personagem principal de “A Gaivota”, de Anton Tchecov.

 

A aprendiz de Dramaturgia Natália Zuccala explica que o grupo tentou ressaltar alguns conceitos de Freud na história do protagonista: “Estudando Trepliov conseguimos observar a pulsão de vida e de morte e, a partir disso, desenvolvemos o nosso texto”.  

 

As relações amorosas que o ser humano estabelece com as pessoas, com o mundo e consigo mesmo fazem parte da ideia de pulsão de vida descrita por Freud. Os sentimentos de prazer e erotismo também são pontos englobados por esse conceito.

 

A pulsão de morte, em contrapartida, manifesta-se de forma agressiva, seja voltada para o outro ou para si próprio. Essa situação se dá por meio da não realização de prazeres. Em outras palavras, a repressão das vontades tem como conseqüência a agressividade, que tem por objetivo aliviar essa tensão.

 

O texto gira em torno do amor não correspondido de algumas personagens. Trepliov é um aspirante a escritor romântico totalmente apaixonado por Nina, que, por sua vez, ama Trigorin, um escritor já consagrado. Este último vive um caso com Arkádina, mãe de Trepliov. Nessa parte da história pode-se observar o conceito de vida e morte ao mesmo tempo. De vida, porque há no contexto da história o sentimento de amor. De morte, pois o desejo de ter o outro para si não é correspondido. 

 

“O texto caminha do Realismo para o Expressionismo, como se vê na trajetória de Trepliov. No começo, ele possui um comportamento normal sem muitas variações de estado; depois, entra na fase depressiva e amarga de sua vida e decide suicidar-se”, diz André Teles, aprendiz de Sonoplastia. Para contrastar com essas fases da história, o pessoal de Sonoplastia tentou fugir do óbvio, colocando, no início, uma melodia mais abstrata e livre; no final, um som puro e determinado.

 

Devido às relações entre as personagens se entrelaçarem de maneira complexa, Juliana Spadot, aprendiz de Atuação, tem um grande desafio pela frente: interpretar a personagem Arkádina, que é 18 anos mais velha do que ela. “Está sendo realmente desafiador achar essa mulher dentro de mim”, confessa. 

 

“A história é triste e forte. No entanto, ela não é dramática; pelo contrário, tem até uma pegada cômica”, diz a aprendiz de Direção Camila Oliveira. Ainda segundo a diretora, no texto, é possível observar um paradoxo nos pensamentos das personagens; os mais velhos apresentam pulsão de vida, enquanto os mais novos, de morte.

 

Serviço

Apresentação do Experimento – Grupo Quatro

Quando: 4 de junho, às 09h30

Onde: Teatro Anhembi Morumbi

Rua Dr. Almeida Lima, 1.198 – Brás

Entrada franca

Aberto ao público