SP Escola de Teatro

“É no Brasil onde a minha alma vibra pelo teatro”, afirma o argentino Diego Pallardó, novo artista docente de Cenografia da SP

Em 2021, novos profissionais da cultura se juntaram ao quadro de artistas docentes da SP Escola de Teatro, enriquecendo ainda mais o ensino modular e dinâmico da instituição.

Entre eles, há nomes internacionais. Diego Pallardó, de Cenografia e Figurino, é argentino e por 35 anos conciliou sua carreira na cultura com a de diretor comercial em multinacionais. Mas, a paixão pelo teatro falou mais alto e, já trabalhando no Brasil, abandonou o mundo corporativo para mergulhar a fundo nas artes.

Retomou seu ofício como ator, diretor e artista plástico e se aprofundou na pesquisa em cenografia, além de criar seu próprio teatro, o Espaço de Provocação Cultural. Em entrevista ao site da SP Escola de Teatro, ele revela o que os estudantes de cenografia e figurino podem esperar de suas aulas, como  é ensinar através de plataformas digitais e como o Brasil deu a ele a esperança de finalmente conseguir viver para o teatro.

Como é ser artista docente na SP Escola de Teatro?

Mais que ser eu diria ter! Porque ter a oportunidade de dividir as minhas experiências ou conhecimentos com os estudantes é muito maravilho. Além disso, a oportunidade e a possibilidade de continuar aprendendo com eles e com tantos artistas incríveis é, digamos, um prazer inenarrável…!

Quais são seus planos para esse semestre como professor?

Sempre focado no eixo e no tema do semestre, trabalharemos a percepção de valor como um dos impulsionadores e mobilizadores da transformação dos objetos e aproveitamento de sua materialidade, sendo estes (objeto e matéria) fundamentais para continuarem existindo para o fim em que foram concebidos ou para serem transformados em outra coisa. Trabalharemos a observação como inspiração e o valor do retorno como motivador. Focaremos na escuta dos nossos sentimentos para com os objetos e na escuta do que os objetos têm para nos dizer. O processo ira terminar no final do período onde veremos e vivenciaremos esta transformação junto com os registros que serão estruturados e formulados como o objetivo de serem guardados como acervo pessoal.

O ensino digital tem lados bons e ruins. Quais vantagens você acredita que há no ensino digital e como pretende explorá-las?

Acredito que tenho muito a aprender, então fico mais tranquilo em relação ao contato digital, mas tomar os aprendizados a partir das trocas de conhecimento, experiências e vivências. Acredito que o ensino digital também abre portas para uma escuta mais democrática e para olhares sinceros. Como falei para eles, “sinto falta do cheiro, do contato presente do tato e da reação imediata, mas os olhares continuam e as reações mesmo tardias também, então vamos aproveitar  ao invés de sentir falta do que um dia irá voltar”.

O que os estudantes da SP podem esperar aprender neste semestre com as suas vivências e ensinamentos?

Espero poder mostrar os meus sentimentos de35% de amor pelo teatro, 35% tesão pelo fazer artístico, 15% de técnicas de pensamento e observação para a ressignificação da materialidade, 15% da importância dos registros como acervo pessoal e 100% de sangue no olho para fazer acontecer.

Conte um pouco da sua experiência como artista no Brasil.

A minha experiência como artista no Brasil foi, é e será muito intensa, porque:

Foi no Brasil onde decidi retomar meus trabalhos como escultor e artista plástico;

Foi no Brasil onde decidi retomar meus estudos como ator e participar de duas companhias de teatro, filmes, curtas, alguns seriados de TV, propagandas e outros;

Foi no Brasil onde decidi deixar os inúmeros benefícios do mundo corporativo onde atuava como diretor para me dedicar 100% ao teatro;

Foi no Brasil onde decidi mixar os meus trabalhos como ator e os de escultor para me tornar cenógrafo e figurinista na SP;

Foi no Brasil onde decidi comprar uma casa e construir o meu pequeno teatro chamado Espaço de Provocação Cultural;

Foi no Brasil onde a pandemia conseguiu unir a classe artística para lutar por um fazer mesmo sem editais;

É no Brasil onde a minha alma vibra pelo teatro.

Por Luiza Camargo

 

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