No próximo sábado, 29, às 17h, na semana de abertura do Cine Bijou dos Satyros, na Praça Roosevelt, acontece a transmissão exclusiva do documentário Uma Vida Toda Para Viver. O filme foi escrito, dirigido e produzido pela equipe da SP Escola de Teatro, com o apoio de Rachel Rocha, advogada, pesquisadora de estudos de gênero e sexualidade, membro da Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero da OAB e conselheira da Adaap (organização social gestora da Escola). Ele recupera a memória da instituição sobre a trajetória da ação SP Transvisão ao longo dos últimos 10 anos e celebra o projeto. São imagens, depoimentos, vídeos, relatos e muitas lembranças; o público é levado a conhecer um pouco mais dessa emocionante e especial história que transformou a vida de tantas pessoas trans.
O SP Transvisão surgiu como um movimento sociocultural de legitimação e representatividade dos corpos trans realizado sobretudo por artistas trans e travestis que se empoderam. A ação configura um marco na história da luta contra o preconceito, é um projeto feito com muito talento e muito trabalho. São 10 anos de resistência e luta contra a realidade de violência avassaladora que vigora no Brasil, país que, segundo o ONG Transgender Europe, é o que mais mata, em números absolutos, pessoas trans no mundo.
Ingrid Soares, Marcia Dailyn, Brenda Oliver, Kimberly Luciana e Flavia Araújo. Foto: Bruno Galvincio/Adaap
“Quando a SP Escola de Teatro foi inaugurada, entendemos desde o início a dívida que tínhamos com a população de travestis e transexuais. Por isso, na origem do projeto e criação desses estatutos, decidimos que 10% das vagas na escola seriam destinadas as travestis e transexuais. Queríamos que inicialmente, elas ficassem responsáveis pela recepção, de maneira política queríamos que todo mundo que adentrasse a instituição fosse recebido por uma transexual. No entanto, a recepção é apenas um ponto de partida para que elas pudessem, a partir do trabalho delas, evoluir em plano de carreira aqui dentro, atualmente já temos trans que hoje estão trabalhando na biblioteca, na pedagogia, na diretoria executiva. ” comenta o dramaturgo, ator e diretor executivo da escola, Ivam Cabral.
O movimento, que se iniciou em 2013, traz a oportunidade de aprender sobre temas de relevância, através dos debates que são proporcionados e das muitas narrativas que são compartilhadas. Todo ano o SP Transvisão tem um tema que serve de norte para tudo aquilo que será dialogado ao longo da semana. Ao fim da comemoração, a incrível semana de atividades do SP Transvisão encerra com um show especial, e com a entrega do prêmio Claudia Wonder, de maneira que a SP é uma referência no ato de realizar ações afirmativas com a população trans.
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“É muito interessante, no SP Transvisão a gente acaba um conhecendo o outro, conhecendo as ONGs, conhecendo o trabalho daquela casa, da outra casa, e é muito bom. Isso tem que se expandir mais para outros estados, o que também foi bom muito dentro do SP Transvisão, foram as lives semanais que foram realizadas durante a pandemia. Foi muito legal, nós convidamos para entrevistas pessoas desse Brasil todo, de norte a sul, Leste-Oeste. ” Comenta Flávia de Araújo, assistente de biblioteca da SP Escola de Teatro.
“O futuro é uma página em branco onde podemos escrever a nossa história, mas também reescrever atitudes, caminhos que podemos modificar. ” Ressalta Márcia Dailyn, assistente de projetos especiais da instituição, sobre o futuro. A colaboradora da SP Escola de Teatro, Kimberly Luciana também compartilha suas expectativas para o futuro: “Relembrando o primeiro show que eu fiz aqui na escola, no qual eu me vesti de Jesus Cristo, ali se deu o grande início, ali eu plantei uma sementinha, e espero que as futuras gerações que venham a me substituir nesse trabalho, deem o melhor de si”.
FICHA TÉCNICA
Documentário: “Uma Vida toda para viver”
Exibição na semana de abertura do Cine Bijou
29/01- (sábado)
17h
Cine Bijou- Praça Franklin Roosevelt, 214 – Consolação
Gratuito
Classificação Indicativa – 12 anos.
