SP Escola de Teatro

Despertando Reflexões

Faltando cerca de 24 horas para o início do segundo dia de apresentações do Experimento do Módulo Amarelo da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, os grupos 2 e 8 já estão com todos os preparativos concluídos e prontos para compartilhar com o público seus processos de trabalho, baseados na narratividade e no livro “Viva o Povo Brasileiro”, de João Ubaldo Ribeiro.

 

 

Em Torno da Antropofagia

Segundo Priscila Teresa, aprendiz de Atuação e integrante do Grupo 2, a antropofagia foi um tema unânime no núcleo. “A apresentação se resume em questionamentos. É pura poesia, e, conforme Paulo Leminski dizia, a poesia não precisa de justificativas”, comenta.

 

Como o Experimento se resume a colocar em prática todos os aprendizados teóricos que foram adquiridos ao longo do semestre, a conclusão deste trabalho sugere uma grande responsabilidade para os integrantes. Priscila afirma que seu maior objetivo é fazer o público refletir. “A minha grande expectativa é que o espectador saia da sala se perguntando: ‘qual a minha razão de ser na vida?’”

 

Entre os temas abordados pelo Grupo 8 estão as relações coloniais e dicotomias registradas na história do Brasil. “Colonizador/colonizado; civilizado/bárbaro; natureza/tecnologia. Tais escolhas artísticas nasceram, principalmente, do acompanhamento dos ensaios, decisões que foram tomadas a partir de observações de uma atuação, do diálogo entre encenação e espaço”, explica Benedito Ferreira, aprendiz de Cenografia e Figurino.

 

Provocar a reflexão em diferentes níveis, usando sensações e imagens conflituosas e complementares é a expectativa de Isis Utsch, uma das dramaturgas do núcleo. “É um banquete de ideias, tendo a antropofagia como prato principal. O retrato do que pode ser o povo brasileiro, em sua moldura amarela, muito além das verdes matas”, comenta.

 

Com todas essas ideias, para conseguir levar essa visão antropofágica sobre as relações histórico-sociais do povo brasileiro até a cena em apenas 15 minutos, o grupo selecionou alguns momentos que consideram imprescindíveis para a compreensão do tema.

 

“Nesse tempo, não dará para fazer um mergulho tão profundo como esse assunto pede, então, vamos viajar por algumas datas para tentar mostrar as relações entre dominado e dominador, expondo diferentes pontos de vista sobre temas que são mais que batidos na vida de todos nós”, ressalta Marco Silva, de Dramaturgia.

 

Para saber como essa viagem será traduzida em imagens, confira a abertura desse processo de trabalho, amanhã (9); entre 14h e 15h30; e sexta (11), entre 17h30 e 19h.

 

 

A Inércia Nacional

Pelo lado do Grupo 8, a ideia de inércia, presente no capítulo 19 do livro de João Ubaldo e levantada durante o início dos encontros entre os integrantes, será levada à cena. “A apresentação está baseada nestas páginas e a montagem, assim como todos os outros elementos, conversa e converge para a temática ‘inércia’, no caso, representada por uma família tradicional baiana que está presa às aparências”, observa Valéria Marcelino, aprendiz de Dramaturgia.

 

Segundo Bruno Carboni, um dos diretores do grupo, a imobilidade do povo brasileiro enquanto agente transformador da sociedade, além das relações de poder existentes entre as camadas mais e menos abastadas da sociedade, são ilustradas no livro pelo contraponto entre as famílias de Ioiô Lavínio e a figura de Stálin Jose.

 

“Buscaremos direcionar a narratividade em prol dessa disparidade, utilizando diferentes ritmos para acentuar a questão da ‘imobilidade versus mudança’. Como objetivo último, e minha principal expectativa, nosso Experimento busca criar um campo de reflexão no qual os membros da classe teatral também questionem o quão imóvel eles mesmos se encontram, não apenas enquanto cidadãos, mas, principalmente, enquanto artistas”, relata Carboni.

 

Ao aplicar símbolos que remetam a esse conceito, como o uso da iluminação com divisão de focos, narratividade dentro dos monólogos, e as personagens que são movimentadas por terceiros o tempo todo, uma das missões do Grupo é chocar o público.

 

“Espero que consiga mostrar essa inércia, incomodar as pessoas, e com esse incômodo fazer com que a plateia pense e mude algumas atitudes. Tudo isso retratado com o humor do exagero. O processo com o Grupo 8 foi de grande harmonia: trabalhamos juntos e todos foram essenciais para a composição e materialização das ideias”, conclui Thainan Bartolomeu, aprendiz de Humor.

 

O Grupo 8 compartilha com o público seu processo de trabalho amanhã (9), entre 15h30 e 17h, e na sexta-feira (11), entre 16h e 17h30. Para assistir, venha até a sede da SP Escola de Teatro. 

 

Outras matérias sobre as propostas e expectativas dos demais grupos do Experimento:

É Tempo de Experimentação (Grupos 5 e 7);

 

 

 

Serviço

Experimento Módulo Amarelo

Quando: Terça, quarta, sexta-feira e sábado (8, 9, 11, 12), das 14h às 20h

Onde: SP Escola de Teatro   

Avenida Rangel Pestana, 2.401

Telefone: (11) 2292-7988 | (11) 2292-8143

e-mail: info@spescoladeteatro.org.br

  

 

Texto: Felipe Del

 

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