O Teatro da Vertigem vai desembarcar em novos territórios com o projeto de Intervenção Urbana “Cidade Submersa”, que apresenta os novos núcleos de criação da companhia, dirigindo seus próprios processos.
O projeto tenciona experimentar possíveis desdobramentos na forma de investigar a utilização de espaços não-convencionais e busca reconhecer o espaço público em seus contrastes como inevitáveis à coexistência humana, além de pensá-lo como um lugar de encontros, disputas, conflitos, antagonismos e negociações, bem como os vínculos afetivos entre cidade, arquitetura e indivíduos.
Guilherme Bonfanti, coordenador do curso de Iluminação da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco assina o conceito e iluminação do projeto que será posto em ação, na sexta (24/06), a partir das 18h, no terreno da antiga Rodoviária da Luz, situado em frente à Sala São Paulo e que servirá como sede do futuro Teatro da Dança.
“Um edifício cai e outro se ergue, mas a memória do lugar não se extingue”
A cidade está submersa, as camadas de histórias estão cobertas por sedimentos e o grupo pretende simbolicamente desvelar estes vestígios com esta Intervenção Urbana. Quase como uma tentativa de percurso antropológico, esta pesquisa se propõe à escavação da superfície onde um “sítio arqueológico”, como denomina o grupo, surgirá na região central de São Paulo.
Durante a intervenção, o espectador/vivenciador vai se deparar com um terreno livre para pisar e, assim, entrar em contato direto com o solo, seus vestígios e memórias reais e imaginárias deste lugar/não lugar que, antes uma rodoviária, agora é espaço de espera, terreno em expectativa, parado, repleto de histórias enterradas em poeira, restos de construção, sedimentos e demolição.
Ao longo de 50 anos, o espaço escolhido pelo grupo já foi, além de uma rodoviária, um shopping popular. Atualmente, desapropriado, tem sido visitado por diversos processos de demolição. Sem proteções de paredes, coberturas ou refúgios, o local escolhido está vazio, porém, repleto de significados.
Porque Participar?
Propiciar uma experiência sensorial, lúdica e afetiva aos participantes, dar visibilidade aos “submersos” da cidade e estimular possíveis reflexões acerca da vida urbana e do cotidiano da metrópole é o foco da intervenção.
O projeto pretende, ainda, revisitar os sentidos do espaço, onde a corporeidade e o tempo de cada espectador/participante compõem o conceito da intervenção com a lentidão, passos e rastros de cada indivíduo.
Além disso, o Teatro da Vertigem deseja repercutir, de maneira crítica, a relação entre espaço público e privado e as linguagens artísticas que, nos dias de hoje, se apresentam híbridas e entrelaçadas.
Experiência Única
Por meio da criação do chamado “sítio arqueológico”, o projeto quer dar visibilidade aos aspectos escondidos e “submersos” na cidade e, assim, estimular, também, possíveis reflexões acerca da complexidade e dinâmica dos processos urbanos e da vida na metrópole.
A experiência prevê dispositivos que envolvam e estimulem todos os sentidos para que se instaure uma ação coletiva que gere a sensação de um tempo em suspensão: vive-se há anos uma sensação de congelamento e soterramento.
Assim, a interação e o diálogo entre artistas de áreas distintas vão conduzir à construção desta Intervenção Urbana que investiga as relações espaciais, paisagens sonoras, desenhos de luz, projeções e imagens, bem como o reconhecimento da arquitetura do entorno e a composição da palavra no espaço.
Teatro da Vertigem
O Teatro da Vertigem iniciou seus projetos de Intervenção Urbana em 1992 com o espetáculo “Paraíso Perdido”, na Igreja de Santa Ifigênia. Em 1995, ocupou a Maternidade do Hospital Humberto Primo, com “O Livro de Jó”. E, em 1999, a companhia realizou o espetáculo “Apocalipse 1,11”, no Presídio do Hipódromo.
Toda a trajetória do grupo, sempre esteve vinculada à discussão da retirada da linguagem espetacular para outros espaços que não aqueles determinados pelas edificações teatrais convencionais, provocando, portanto, uma discussão do teatro e da cidade e o que surge desta relação.
Ao ocupar o Rio Tietê para a encenação de “BR3”, por exemplo, esta discussão ganhou outras dimensões e a complexidade da relação entre indivíduo e cidade, passaram a chamar a atenção do grupo que, a partir de então, sempre experimenta novas formas de ações artísticas que intervenham na rotina e cotidiano da metrópole. Os trabalhos “A Última Palavra é a Penúltima” e “Mauísmo” também nasceram desta prospecção.
Orientações e Informações
Cidade Submersa será uma experiência sensorial e lúdica em contato com o solo, é importante ressaltar que caso chova, a intervenção será cancelada. Veja, abaixo, algumas importantes orientações e informações para os participantes:
1- Vá com roupa confortável e que possa sujar;
2- Não leve MP3 Player ou qualquer outro tipo de reprodutor de música;
3- Evite o uso de mochilas ou bolsas;
4- Na entrada, senhas serão distribuídas com uma hora de antecedência, até completar o número limite de participantes;
5- A experiência será ao ar livre. Leve capa de chuva e agasalho;
6- Ao entrar na Intervenção Urbana, desligue seu telefone ou deixe-o no carro. (Há estacionamentos nas imediações e na própria Alameda Barão de Piracicaba);
7- O tempo total da experiência poderá chegar a até 4h;
8- A entrada dependerá do fluxo de pessoas;
Recomendações durante a experiência:
– Não tenha pressa;
– Fale, somente, o absolutamente necessário, de preferência mantenha-se em silêncio;
– Cuidado com o solo, aproveite o contato.
Serviço
“Cidade Submersa”
Quando: 24/06, a partir das 18h
Onde: Entrada pela Al. Barão de Piracicaba (entre a Avenida Duque de Caxias e a Rua Helvétia. Terreno da antiga Rodoviária Luz, em frente à estação ferroviária Júlio Prestes. Próximo à estação Luz do Metrô)
Entrada franca