SP Escola de Teatro

Bibi Marães e Vitor Julian, estudantes de dramaturgia da SP, têm seus textos encenados na Mostra Teatral de Dramaturgia Contemporânea do Satyros

Começa neste sábado, 5, a Mostra Teatral de Dramaturgia Contemporânea d’Os Satyros, com a encenação de seis textos contemplados no Concurso Cultural de Dramaturgias Curtas, organizado pela trupe. No projeto, há duas obras de estudantes de dramaturgia da SP Escola de Teatro: A História do Gato, de Vitor Julian, e Olhos Movem Ditos, de Bibi Marães.

O espetáculo de Julian é dirigido por Rodolfo García Vazquez e Sergio Penna, com Diego Ribeiro, Julia Bobrow, Luis Holiver, Marcia Dailyn e Silvia Poggetti no elenco e será apresentado no domingo (6), às 18h, e domingo (13), às 14h, no Espaço dos Satyros, com ingressos gratuitos.

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Segundo o autor, as primeiras páginas do texto surgiram em uma aula do curso de dramaturgia da Escola, conduzida por Lucas Moura e Johnny Salaberg. Depois, ele desenvolveu a história e enviou para o concurso, onde foi selecionado para compor a Mostra.

“É muito gratificante ver um texto sair do papel para o palco. E essa criação só vai encontrar o público graças ao fomento criativo de uma escola de artes gratuita e de um grupo de teatro que abre suas portas não só para receber o trabalho de novos artistas, mas para criar junto com eles, reunindo seus profissionais e disponibilizando seus recursos”, afirma o artista.

O dramaturgo revela que a história se passa em um apartamento mais ou menos grande em um condomínio novo, espaço no qual uma família “totalmente do bem” discute o estado de vida ou morte do gato de uma criança.

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“Enquanto uns defendem que ele está vivo e outros que ele está morto, vão se revelando camadas de violência por baixo da aparência polida dos seus relacionamentos”, revela.

Já Bibi Marães, também estudante de dramaturgia, aborda outra temática importante: a relação da questão de gênero.

“O texto foi um meio que eu achei de justapor experiências distintas acerca do olhar do Outro. Ele foi escrito em sala de ensaio da SP Escola de Teatro em trabalho de núcleo e, ao refletir, junto com os colegas, sobre a experiência de ser atravessado pelo olhar, construí duas personagens, ELA e ELU, que discutem, em si, a relação da questão de gênero com o olhar que atravessa esses corpos”, comenta a autora.

Ela comenta que a ideia de trazer um personagem não-binárie, além de refletir suas próprias questões identitárias, é uma escolha que almeja colocar a questão trans em debate. Bibi acredita que a não-binariedade não só cria fissuras nas bases que organizam gênero na sociedade contemporânea, mas mora nessas fissuras, acha um lugar permanente nelas, colocando em xeque um sistema opressor e civilizador de corpos: “a partir da não-binariedade, acredito que se pode ser o que quiser ser e tudo que for descoberto no meio do caminho”, complementa.

Olhos Movem Ditos, nome do espetáculo, é dirigido por Fábio Vanzo e Julia Bobrow, e tem no elenco Elisa Barboza e Mario Tadeo, com apresentações na sexta (5), às 20h, e no sábado (12), às 16h. Os ingressos também são gratuitos.

Segundo Bibi, o curso de dramaturgia da SP é fundamental em sua formação como artista e vem colocando desafios cada mais gostosos em sua trajetória de escritora. Ela começou na poesia, trilhou caminhos pelo estilo lírico e se descobriu contida nas palavras que ela mesma escrevia. Daí, foi à prosa poética, e, nas contas e crônicas que saltavam da ponta dos dedos, descobriu as metáforas e alegorias que construíram lugares, mais ou menos fictícios, que mostraram caminhos.

“Me descobri artista na graduação de Artes Cênicas da USP, mas me descobrir como dramaturga vem sendo uma aventura e tanto! E tenho muito a agradecer às pessoas que me acompanharam e me acompanham nessa trajetória, assim como o Satyros e a SP, que são referências! Além de criações mais rápidas e dinâmicas por oferecer um curso técnico, a SP nos coloca no meio de toda essa euforia criativa, facilitando que as obras circulem e ganhem espaço”, finaliza a artista.

Por Paloma Alecrim, estudante de atuação, com edição e supervisão de Luiza Camargo.

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