SP Escola de Teatro

Atriz Maria Alice Vergueiro morre em São Paulo, aos 85 anos

Morreu nesta quarta-feira (3), em São Paulo, a atriz Maria Alice Vergueiro, de 85 anos. Ela estava internada desde a última terça-feira (26) no Hospital das Clínicas, em decorrência de uma pneumonia. Segundo os exames, Maria Alice não tinha covid-19.

“Maria Alice Vergueiro foi o nosso oráculo. Seus ensinamentos sempre foram além da cena. Cabiam nas nossas vidas, sempre. Nos últimos anos foi figura central na minha vida e na trajetória da SP Escola de Teatro”, lamenta o diretor da SP Escola de Teatro, Ivam Cabral. “O que poucos sabem é que Maria era pedagoga de formação e instituiu na ECA/USP a cadeira de Pedagogia do Teatro. Esteve comigo em muitos momentos da estruturação pedagógica da SP Escola de Teatro.”

HISTÓRIA

Um dos maiores nomes do teatro nacional, Maria Alice Vergueiro estreou nos palcos em 1962, em “A Mandrágora”, sob a direção de Augusto Boal. Na mesma década, passou a fazer parte do Teatro Oficina, onde atuou, entre outros espetáculos, na histórica montagem de “O Rei da Vela”, de Oswald de Andrade, com direção de José Celso Martinez Corrêa.

Também atuou com o grupo americano Living Theatre, quando este passou em turnê pelo Brasil. Nos anos 1970, fundou, com Luiz Roberto Galizia e Cacá Rosset, o Teatro do Ornitorrinco. Ficou conhecida no teatro paulistano como dama do underground ou “velha dama indigna”. E marcou presença em alguns dos mais importantes espetáculos do teatro da cidade, nos últimos 40 anos, como “Mahagony Songspiel”, dirigido por Cacá Rosset, e “Electra Com Creta”, dirigido por Gerald Thomas.

Além de atriz do Teatro do Ornitorrinco, foi assistente de direção de Rosset em “Sonho de Uma Noite de Verão”, e, em 1992, além de dirigir, atuou no espetáculo “O Amor de Dom Perlimplim com Belisa em seu Jardim”, de Federico García Lorca, inaugurando o Núcleo 2 da companhia. Voltou à direção em 1995, com a peça “Quíntuplos”, com Christiane Tricerri e Luciano Chirolli no elenco. Em 2002, afastada do Ornitorrinco, adaptou “Mãe Coragem”, de Bertolt Brecht, no qual atuou sob a direção de Sérgio Ferrara.

Em 2006, Maria Alice tornou-se um fenômeno na internet ao estrelar o curta-metragem “Tapa na Pantera”, dirigido por Esmir Filho, Mariana Bastos e Rafael Gomes, no qual interpreta uma senhora que fuma maconha e fala sobre suas experiências com a droga, uma personagem criada pela própria atriz. O curta foi um dos estouros de audiência.

Em agosto de 2010, Maria Alice Vergueiro voltou aos palcos, dirigindo e atuando, ao lado de Luciano Chirolli e Pascoal da Conceição, de seu Grupo Pândega de Teatro, o texto “As Três Velhas”, de Alejandro Jodorowsky. Três anos depois, aos 78 anos, ela iniciou uma residência artística na SP Escola de Teatro: “Tenho certeza de que iremos desenvolver um trabalho maravilhoso na Escola. É nóis, moçada!”.

Sua última peça foi “Why the Horse?, que participou do Festival de Teatro de Curitiba e viajou todo o Brasil. Na obra, ela encenou o próprio velório.

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