No último sábado (18), as artistas Kenia Dias, Grace Passô e Paola Lopes Zamariola participaram do Território Cultural Expandido, promovido pela SP Escola de Teatro na sede Brás. No encontro, destinado aos aprendizes do módulo Azul, as convidadas falaram sobre processo criativo e performatividade.
Uma das fundadoras do coletivo [ph2], de São Paulo, a atriz, diretora e pesquisadora Paola Lopes pontuou a importância da interdisciplinaridade na criação artística e destacou o papel da formação crítica e política como repertório para o criador.
“Como os artistas têm usado o corpo para refletir sobre as questões brasileiras atuais?”, perguntou ela, já no início da sua fala. Paola usou como exemplo de performatividade a obra do Núcleo Arte, Política y Comunidad, do Chile, que transformou os olhares sobre a crise política do país em trabalhos performáticos.
A ideia das diretoras Kenia Dias e Grace Passô também corroboraram com os apontamentos de Paola. “Pensar performatividade é pensar sobre modelos de representação e do estar e ser na vida”, afirmou Kenia, que junto com Grace construíram o espetáculo “Vaga Carne”, em cartaz até o último domingo, na Caixa Cultural, em São Paulo.
Nome de relevo na atual cena teatral brasileira, Grace destacou não só a presença da performatividade no papel de atriz, mas na escrita dramatúrgica. No caso de “Vaga Carne”, da qual ela é autora, a atriz lembrou que o fato de transformar uma voz em personagem central é uma das maneiras de desconstrução dos padrões teatrais e aproximação da cena performática.
“A peça surge pela ideia de desconstruir a noção de corpo e cena. Uma noção de desconstruir o corpo, transformando a personagem em uma voz. Assim, ela propõe um jogo performático”, ressaltou. “O que faz o teatro é a relação entre público, ator, performer. É a relação e a construção desse encontro; o preparo para lidar com o mistério, que faz essa obra da performance”.
Ao final de suas falas, as artistas ainda responderam a perguntas e provocações dos aprendizes da SP Escola de Teatro.
