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Aimar Labaki por Flavio Goldman

Publicado em: 27/03/2012 |

Sua capacidade de se indignar e defender um papel para a arte contra a barbárie. Sua visão cáustica e desencantada para o panorama social e político brasileiro, reconhecível em várias de suas obras, mas, principalmente, em “Cordialmente Teus”, “A Boa” e “O Anjo do Pavilhão Cinco”. Sua curiosidade insaciável e indiscriminada pelo que rola no mundo, de literatura colombiana às intrigas sucessórias no PC chinês. Sua facilidade para transitar entre os diferentes grupos, facções e famílias do teatro brasileiro e para criar pontes com os teatros de outros países. Sua solidez e coerência nas convicções. Seu fascínio e seu respeito pela memória dos palcos e pelos diversos personagens que fizeram a história recente do nosso teatro, com um lugar especial para Gianni Ratto.

 

Essas são algumas das muitas coisas que se pode associar rapidamente a Aimar, homem de teatro múltiplo, referência obrigatória na dramaturgia brasileira contemporânea. Mas se me perguntassem qual é a primeira coisa que me vem à cabeça quando se fala em Aimar, não tenho dúvidas em apontar sua enorme generosidade. Com os colegas dramaturgos e diretores, com cada talento individual que colabora com suas produções, mas, especialmente, com aqueles que estão em dois extremos da vida teatral: os iniciantes, que precisam de um primeiro empurrão, e os profissionais em fim de carreira ou que já tiveram dias melhores e merecem novas oportunidades.

 

Uma generosidade que se apoia, exclusivamente, no reconhecimento do talento alheio, na capacidade de enxergar no outro aquilo que pode oferecer de melhor. Devo a essa permanente predisposição de Aimar para o novo a minha primeira chance no teatro, e posso dizer que, de alguma forma, ele esteve envolvido com cada passo que venho dando desde então. Sempre encorajando, mas sem nunca reduzir o nível de vigilância crítica. Minha sorte em ter Aimar como amigo, leitor e parceiro artístico só não é maior do que a sorte do teatro brasileiro em contar com seu talento, lucidez e integridade há quase 30 anos.

 

 

Veja os verbetes de Flavio Goldman e Aimar Labaki na Teatropédia.

 

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