EN | ES

À Luz de Novos Desafios

Publicado em: 18/08/2011 |

Sob a luz de novas ideias e propostas, o corpo docente e os aprendizes de Iluminação da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco compartilham da sensação de expectativa e curiosidade em relação ao que há por vir nos próximos meses.

 

Para o coordenador do curso, Guilherme Bonfanti, o maior desafio a ser superado no Módulo Vermelho será a escolha dos projetos aprovados.

 

Tanto Bonfanti quanto a formadora Grissel Piguillem evitam fazer previsões do que acontecerá durante o semestre. No caso do Módulo Vermelho, isso se explica, em parte, pelo sistema pedagógico desse período, que gira em torno dos projetos dos próprios aprendizes. “Está nas mãos deles. Esse Módulo foi pensado para eles, por isso, nós (corpo docente) temos que nos preparar para ter uma postura bem definida para com essas propostas”, afirma Grissel.

 

Para conseguir extrair o máximo possível dessa etapa, será exigida uma postura ainda mais cuidadosa que nos outros semestres. Pensar coletivamente, levar em frente um projeto, maturidade, espírito colaborador, são algumas das virtudes apontadas pela formadora.

 

Os aprendizes Igor Augusto e José Sampaio, por outro lado, não escondem a ansiedade e revelam que guardam boas expectativas, inclusive para o projeto que, juntos, enviaram para aprovação, no qual propõem um estudo de linguagens históricas, contrapondo o surrealismo com a nossa situação atual, tanto em matéria de estética como política.

 

“Apesar de ser tudo muito novo e estarmos nos sentindo como que pisando em ovos, se o nosso for aprovado, teremos uma verba bem maior para trabalhar. Esse processo se torna um pouco mais fácil para nós, porque já trabalhamos juntos fora da Escola, pelo Agrupamento Andar 7”, explica Igor.

 

Grissel reconhece a capacidade criativa dos aprendizes do Módulo Vermelho, mas faz um alerta: “Se querem aproveitar, é preciso mergulhar, deixar de lado as reclamações e as adversidades e aprender como lidar com essas situações de falta de tempo, espaço e esse tipo de condições que seriam favoráveis. Deixem de lado qualquer sentimento de soberba e trabalhem.”

 

 

Módulo Amarelo

Natural do Uruguai, a formadora Grissel está no Brasil há poucos anos. Isso permite que ela estabeleça uma comparação entre seu país de origem e o nosso. Segundo ela, o Uruguai – assim como o Brasil – se desenvolveu a partir de várias coletividades, porém, acabou ficando sem uma identidade muito forte, ao contrário do Brasil. Assim, acrescenta que estudar o livro “Viva o Povo Brasileiro”, de João Ubaldo Ribeiro, pode ser, portanto, um grande diferencial.

 

“Por meio dessa pesquisa, eles podem encontrar uma forma de olhar para dentro, reconhecendo, encontrando e respeitando a si próprio. Ao mesmo tempo, têm chance de aprender uma maneira de olhar para fora e fazer a mesma coisa com os outros. Mas conseguir isso tudo exige uma grande maturidade, é um exercício constante”, observa Grissel.

 

Outro fator importante nesse aprendizado, segundo Bonfanti, é quebrar alguns dos paradigmas estipulados acerca de nossas raízes. “Acho que esta reflexão é a mais importante. Discutir nosso País, sua formação e esta tal identidade nacional é imprescindível na nossa formação. Aprendemos e ouvimos muita bobagem sobre quem somos e de onde viemos. Será que o futebol e o samba nos representam a todos?”, questiona.

 

Para o aprendiz Leonardo Moreira, a prioridade é receber o maior número possível de informação, independente do objeto de estudo. “Essa é minha grande expectativa, não só para esse, mas para todos os semestres. Extrair elementos de todas as áreas é fundamental para o processo de criação. Em iluminação, para se criar um conceito interessante, é preciso ter uma noção mais ampla dos outros campos.”

 

E, para finalizar, Bonfanti deixa uma dica para todos os aprendizes: “Continuem pensando em colaborar, em escutar o outro, em aceitar que sua ‘incrível’ ideia pode não ser boa, ou pode não ser a melhor. Aquilo que você descobriu deve estar a serviço do processo e não te pertence”.

 

 

Texto: Felipe Del