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A Escola / RETROSPECTIVAS



SP em números


Cursos Regulares
7 coordenadores;
8 formadores;
32 artistas residentes;
103 aprendizes que completaram o ciclo de quatro módulos e 7 intercambistas;
181 artistas convidados;
3.693 horas/aulas com artistas convidados;
25 Territórios Culturais (encontros realizados aos sábados e abertos à comunidade);
47 Territórios Culturais Expandidos;
50 atividades externas;
15.488 horas/aula para os Cursos Regulares;
386 aprendizes no primeiro semestre e 385 no segundo;
4.357 candidatos inscritos nos Processos Seletivos (Vagas Remanescentes 2014, Processo Seletivo 02/14 de Vagas Disponíveis e Processo Seletivo 01/15) concorreram a 148 vagas, o que dá uma média de 30 candidatos por vaga.

Extensão Cultural
12 Mesas de Discussão (debates abertos à comunidade);
45 convidados para as Mesas;
585 pessoas formaram o público das Mesas;
42 Bate-Papos Online para aproximadamente 680 participantes ativos;
31 cursos de Extensão Cultural;
44 orientadores (11 estrangeiros);
1116 vagas foram oferecidas nos cursos;
1.984 horas/aula;
6.009 candidatos inscritos;
2 palestras;
113 pessoas formaram o público das palestras;
3 Estação SP (Registro, Tatuí e Paraitinga).

Programa Kairós
2 Editais da Bolsa-Oportunidade foram publicados;
1.472 parcelas da bolsa, somando R$ 915.584,00;
117 oportunidades de trabalho/estágio divulgadas;
31 estágios profissionais oficializados;
9 formalizações de convênios e parceiras com empresas ligadas às artes do espetáculo;
2.467 ingressos foram doados aos aprendizes e colaboradores da SP Escola de Teatro para apresentações de companhias de teatro brasileiras e internacionais, totalizando R$ 71.625,00;
6 Transgêneros trabalham na Escola, graças a um programa de inserção social desenvolvido pela Instituição.

Projetos especiais
9 residências;
23 cursos de circo;
45 orientadores;
380 vagas oferecidas nos cursos de Extensão de circo;
1949 candidatos inscritos nos cursos de Extensão de circo;
928 horas/aula;
15 bailarinos bolsistas contemplados pelo projeto Biblioteca do Corpo;
338 candidatos inscritos no projeto Biblioteca do Corpo;
17 eventos.

Intercâmbios
2 aprendizes cabo-verdianos vieram para os Cursos Regulares de Atuação, Direção e Humor;
1 aprendiz moçambicana veio para o curso de Atuação;
1 aprendiz uruguaia veio para o curso de Iluminação;
1 aprendiz português veio para o curso de Atuação;
2 aprendizes suecos, da Sada, vieram para o Curso Regular de Atuação;
1 aprendiz egresso da Escola foi a Cabo Verde (Mindelact);
2 aprendizes egressos da Escola foram à Polônia (Teatr im. Aleksandra Fredry w Gnieznie);
2 aprendizes da Escola foram à Suécia (Sada);
Vinda da delegação de cinema da Sada (Suécia);
4 representantes da Sada (Suécia) vieram à Escola;
2 representantes da Escola foram a Colômbia (ISPA);
4 representantes da Escola foram à Suécia (Sada);
2 representantes da Escola foram à Polônia (Wake Up – Call for Culture).

Comunicação
1.400 horas de imagens captadas;
230.000 fotos;
18.150 e-mails no mailing cadastrado pelo site;
10.767 seguidores no Twitter;
47.021 seguidores no Facebook;
2.091 seguidores no Instagram;
225.131 exibições do canal do Youtube;
51.868 acessos ao site/mês;
622.417 visitas ao site/ano;
335.261 visitantes únicos/ano;
5.974.697 visualizações de página do site/ano.

Teatropédia
8.710 verbetes;
7.541.636 páginas vistas;
38.443 edições;
1.397 usuários registrados.

Processo Seletivo 2015


A cada novo ano, o Processo Seletivo da SP Escola de Teatro desperta mais interesse dos amantes do teatro e, consequentemente, gera grande concorrência pelos Cursos Regulares.

Em 2014 não foi diferente: com inscrições abertas durante apenas um mês (12 de setembro a 13 de outubro), o Processo Seletivo 2015 recebeu mais de 4 mil inscrições para cerca de 100 vagas em oito cursos. Apenas em Atuação, foram mais de 900 inscritos para 17 vagas. “No teatro, a Escola tem o processo seletivo mais concorrido da América Latina”, diz Ivam Cabral, diretor executivo da Instituição.

O Processo é dividido em dois Momentos: o Primeiro, composto por entrevistas e avaliação escrita, e o Segundo, por procedimentos específicos de aptidão e outras habilidades próprias de cada curso, envolvendo aulas, processos de criação e possíveis novas entrevistas.

Depois de passar por essas árduas etapas, os candidatos souberam o resultado final no dia 9 de dezembro. Como de costume, os candidatos aprovados no Processo Seletivo são recebidos virtualmente com um hotsite especial no portal da Escola, contendo um perfil ou depoimento (no caso deste ano, um trecho retirado da redação escrita durante o Processo) e foto.

Os aprovados já realizaram suas inscrições e garantiram suas vagas para o início do ano que vem. Que essa nova turma viva tantos momentos intensos e enriquecedoras quanto as anteriores!

Satyrianas 2014


A Satyrianas deste ano consolidou novamente sua tradição de superar seus próprios feitos anteriores e crescer a cada edição.

Assim, a edição de 2014, a maior já realizada, com exatas 602 atividades promovidas, numa média de quase 8 atrações por hora, recebeu novamente o apoio da SP Escola de Teatro. De 20 a 23 de novembro, apresentaram-se mais de 2 mil artistas a um enorme público de 60 mil espectadores, durante as 78 horas ininterruptas de atividades. O evento, que é realizado anualmente pela Companhia de Teatro Os Satyros, chegou à sua 15ª edição.

Os números se estendem à equipe que fez acontecer essa grande celebração – 120 colaboradores na equipe de apoio, 50 técnicos, 20 produtores, 15 curadores de várias áreas –, e aos mais de 50 espaços teatrais espalhados pela cidade, com foco na região da Praça Roosevelt. E mais: 35 autores teatrais escreveram textos inéditos para o Dramamix e o Estação Satyros teve mais de 50 performances.

Outros destaques foram o espaço inédito conferido ao circo, com 17 boas opções para os amantes da arte do picadeiro, e a Feirinha Gastronômica, que ofereceu uma vitrine de novidades e experimentações de cozinheiros iniciantes ou profissionais.

Segundo Ivam Cabral, um dos maiores méritos do evento foi a tranquilidade que envolveu os artistas e o público. “Mais de 60 mil pessoas e zero ocorrências policiais. É mais um motivo de grande alegria e satisfação e mais um presente neste lindo ano em que nós, do Satyros, comemoramos 25 anos de trajetória”, afirmou.

Como parceira do evento, a SP Escola de Teatro ofereceu sua Sede Roosevelt e alguns de seus projetos para a programação da Satyrianas. E, como contrapartida, recebeu casa cheia e a conquista do público que acompanhou as atividades.

Uma dessas atividades é o já tradicional Ouvi Contar, que realiza leituras dramáticas de textos teatrais inéditos em domicílio. Fruto de uma parceria entre Os Satyros e a SP Escola de Teatro, o projeto idealizado por Ivam Cabral e Marici Salomão colocou dezenas de espectadores em contato com a nova produção dramatúrgica.

Para os amantes de literatura, a Escola promoveu dois eventos conhecidos por quem visita a Praça com frequência: o Leitura na Praça e o Escambo Literário, que fomentam a troca e a doação de livros.

Quanto à abertura das portas da Sede Roosevelt para as atrações do festival, também há muito a se falar. Isso porque vários dos destaques da programação foram apresentados ali. Por exemplo, o DramaMix, que apresentou textos de autores consagrados – dentre eles, “Jonas e a baleia”, texto de Walcyr Carrasco que ganhou direção de Ney Matogrosso – e o DançaMix (antigo Satyras da Dança), com apresentações de bailarinos que se destacam atualmente na cena da dança contemporânea.

Pela “Antessala Mostra”, foram apresentados quatro textos inéditos de dramaturgos formados pela Escola, com elenco e equipes de criação e técnica de alunos da Instituição. Na mesma linha, “Dramas paralelos” contou com a produção e encenação de 14 textos, todos de aprendizes.

A Exposição FotoMix ocupou o saguão da Escola durante todo o evento com fotos do coletivo FotoMix – um time de fotógrafos que registra todas as atividades da Satyrianas.

Houve espaço, ainda, para o lançamento de dois livros: “Pessoas perfeitas”, de Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez; e “Cepeca – uma oficina de PesquisAtores 2”, escrito por doutorandos da ECA/USP.

Como teatro nunca é demais, a Escola também recebeu “Karamazóv”, projeto da Companhia da Memória composto pelos espetáculos “Uma anedota suja”, “Karamázov: Os irmãos” e “Karamázov: Os meninos”, criados a partir de obras de Dostoiévski, com direção de Ruy Cortez e dramaturgia de Luis Alberto de Abreu.

Convidados Especiais


A SP Escola de Teatro se orgulha por poder contar com alguns dos mais conceituados profissionais da área teatral em sua equipe pedagógica. Como a busca por excelência no ensino já é parte da rotina da Instituição e todo contato com outros profissionais pode trazer frutos inéditos e satisfatórios, um sem-número de convidados de várias áreas participou das inúmeras ações da Escola neste ano, muitos deles vindos de outros países, inclusive.

O primeiro semestre letivo já começou, entre outras atividades, com uma palestra do escritor e roteirista Antonio Prata. Antes mesmo disso, o SP TransVisão II – Semana da Visibilidade de Travestis e Transexuais contou com a presença do diretor teatral Nelson Baskerville e do cartunista Laerte Coutinho.

João das Neves, lendário diretor que em 2014 completa 80 anos, foi homenageado com o 2º Prêmio SP Escola de Teatro, recebendo o troféu durante cerimônia realizada no dia 19 de março, junto com outra premiação: o Prêmio Acessibilidade, dividido em cinco categorias.

Neste, foram reconhecidos Marcos Abranches (Artes no Palco); Circo Crescer e Viver (Cidadania); Cine Theatro Brasil Vallourec (Equipamentos Culturais); Daniel Gaggini (Personalidade do ano) e Governo do Estado de São Paulo (Políticas públicas). Eles levaram para casa o troféu cujo desenho foi assinado por outro grande artista: Gilberto Salvador, que doou a criação da obra à Instituição. O Grande Prêmio Acessibilidade 2013, destaque da realização, foi dedicado ao promotor Maurício Antônio Ribeiro Lopes.

Nos Encontros sobre Performance, realizados em abril, muitos profissionais de renome na área participaram dos debates, como Coco Fusco, artista cubana radicada nos EUA; Lucio Agra, Stela Fischer, Gustavo Sol, Matteo Bonfitto, Ana Goldenstein, Cassiano Quilici, Juliana Moraes, Marcus Bastos, Mário Ramiro e Otávio Donasci.

Em maio, Jonothan Neelands, professor, da Warwick Universty (Reino Unido), ministrou seminários pelo Fórum Shakespeare 2014.

Além de ser utilizado para os Cursos Regulares e cursos de Extensão Cultural, o Estúdio de Som da Escola, inaugurado no ano passado, recebeu nomes como Cida Moreira, Fernanda D’Umbra e sua banda – Fábrica de Animais –, Walter Garcia e Marília Calderón.

Nos Experimentos, participaram como comentaristas onze convidados, que acompanharam as aberturas de processo e escreveram textos com suas impressões. São eles: Verônica Veloso, Gustavo Sol, Ondina Clais, Regina França, Manoel Candeias, Sergio Roveri, Matteo Bonfitto, Marcelo Romagnoli, Vinícius Piedade, Silvana Garcia, Gabriela Mellão.

Na mesa do Teatro Experimental do Negro, reuniram-se o historiador, pesquisador e aprendiz de Dramaturgia da Escola, Christian Fernando dos Santos Moura; a escritora, mestre em Direito e em Ciências Sociais e doutora em Psicologia, Elisa Larkin do Nascimento; o ator e bailarino Haroldo Costa; e o bailarino e coreógrafo Rui Moreira.

Em abril, ninguém menos que o moçambicano Mia Couto, renomado biólogo e escritor de expressão mundial, esteve na SP Escola de Teatro, onde encontrou com a diretoria e conheceu o projeto. No mesmo mês, o duo sueco Sidén-Hedman apresentou um concerto com obras eletroacústicas na Escola.

O Território Expandido, encontros exclusivos a aprendizes dos Cursos Regulares, contaram com a participação, entre outros, do dramaturgo português Jorge Louraço; de Simone Grande – do Grupo as Meninas do Canto –; da psiquiatra infantil Cibeli Assal; de Eleonora de Lucena, jornalista e diretora executiva da Folha de S.Paulo; do filósofo e arquiteto Luiz Fuganti; da atriz Roberta Estrela D’Alva; da jornalista e colunista social Joyce Pascowitch; do dramaturgo e jornalista Sérgio Roveri; e da artista multimídia, escultora e fotógrafa gaúcha Lucia Koch.

Bailarino brasileiro radicado na Alemanha, Ismael Ivo, um dos mais importantes nomes da dança contemporânea mundial, continuou com a Escola neste ano, graças ao projeto Biblioteca do Corpo.

Anna Petterson é uma conceituada atriz, dramaturga, realizadora e encenadora sueca – em 2014, ela ministrou aulas no curso de Atuação da Escola. A dramaturga Claudia Vasconcellos e a atriz Denise Weinberg, por exemplo, também fizeram parte do ano dos Cursos Regulares.

Em uma roda de conversa sobre processo criativo no teatro contemporâneo, participaram Celina Sodré, Eric Lenate, Renato Ferracini e Ruy Filho. Em outra, sobre pedagogia do teatro, reuniram-se Aglaia Pusch, Ingrid Koudella, Marici Salomão e Sura Berditchevsky.

Uma mesa de discussão promovida pela Extensão Cultural sobre o traumático e o ato criativo, vieram André Ramalho Castelani, Luciana Pires, Noemi Jaffe e Sergio Zlotnic. A crítica, ensaísta e pesquisadora Mariangela Alves de Lima também ministrou uma palestra.

O setor de Extensão Cultural, a propósito, foi responsável pela vinda de muitos convidados especiais, que orientaram vários cursos por aqui.

Onze deles são estrangeiros: a dramaturga portuguesa Ana Pais; o renomado ator italiano Enrico Bonavera; sete artistas suecos (Anders Bohman, Stina Dabrowski Lundberg, Lotta Erikson, My Haggbom, Matthew Allen, Pers-Anders Ring e Tinna Jone); o ator e diretor português Pedro Zegre Penim; e o professor inglês Eliot Shrimpton.

Alguns dos brasileiros foram: a diretora Johana Albuquerque; a escritora, tradutora e professora Ingrid Koudella; o ator e dublador Herbert Richers Jr., a atriz Lulu Pavarin; a atriz Luah Guimarães; o iluminador e diretor Caetano Vilela; a pesquisadora e professora de dança Cássia Navas; a coreógrafa e bailarina Fernanda Amaral; a fonoaudióloga e media training Eudósia Quinteiro.

Anton Rey, dramaturgo e diretor artístico suíço, ministrou o workshop “Teatro contemporâneo europeu – Um confronto com fragmentos de linguagem”.

Graças às residências cumpridas na Instituição, muitos artistas contribuíram para construir a história da Escola em 2014. Para mencionar apenas alguns deles: Maria Alice Vergueiro e seu Grupo Pândega de Teatro; o diretor e dramaturgo Francisco Carlos; a diretora e pesquisadora Silvana Garcia; e o bailarino e coreógrafo Marcos Abranches.

Antes de começar para os aprendizes, com uma aula inaugural do ator, humorista e comediante Fabio Porchat, o segundo semestre teve, como de costume, os colóquios realizados pela pedagogia para preparar os materiais que seriam utilizados ao longo dos estudos. Participaram dessas reuniões convidados como o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, a atriz Mirian Rinaldi e o ator e diretor Dagoberto Feliz.

Marcelo Mattos Araújo, Secretário da Cultura do Estado, foi um dos participantes do Seminário de Circo, que marcou o lançamento dos cursos de circo da Instituição. Além dele, compareceram Fernando Neves, Mário Bolognesi, Verônica Tamaoki, Júnior Perim e Marco Bortoleto.

A escritora e poeta Adélia Prado, cujo nome figura entre os maiores da literatura brasileira, veio em setembro, para um encontro com o público, fazendo a Sede Roosevelt transbordar de poesia.

Também em setembro, a Escola também teve um encontro especial com duas transgêneros ilustres: Laerte Coutinho, cartunista, e Jo Clifford, dramaturga, performer, jornalista, radialista e professora escocesa, para uma conversa sobre o movimento LGBTS.

No segundo semestre, dois japoneses vieram trazer um pouco da cultura oriental: a bailarina e coreógrafa Kaoru Ishii, que ministrou um workshop e apresentou um espetáculo, e o dramaturgo Toshiki Okada, que realizou uma palestra.

Um neurologista e dramaturgo suiços também marcaram presença, com a performance “Act like you mean it”. Criada a partir de uma pesquisa neurocientífica sobre o trabalho de encenação dos atores, a obra de Thomas Grunwald e Anton Rey passou por Áustria, China, Estados Unidos, Índia e Suíça, e fez sua primeira apresentação na América Latina.

Os mais de 20 cursos de circo também tiveram alguns convidados internacionais, como os canadenses Jeremie Arsenault, Bruno Gagnon e Jade Dussault (Cia. Flip Fabrique), o chileno Oscar Zimmermann, o argentino Marcelo Lujan e o australiano Mark Bromilow, além de nomes renomados do Brasil, como Verônica Tamaoki.

Os dinamarqueses Peter Kirk, diretor, e Peter Manscher, programador, estiveram em uma palestra sobre o teatro infantojuvenil contemporâneo em seu país, que é reconhecido como um dos melhores do mundo.

Nesse fim de ano, a Escola também teve a honra de receber o encerramento do ciclo de pesquisa “Catastrophe & Heritage” (Catástrofe e Herança), do coletivo performático OuUnPo (Ouvroir d’Univers Potentiels), formado por artistas, curadores e pesquisadores europeus, que teve início em 2012 e já passou por Suécia, Itália, Japão, Grécia e Líbano.

O projeto Karamázov, que cumpriu temporada na Sede Roosevelt entre novembro e dezembro, também trouxe artistas consagrados à Escola, como o diretor Ruy Cortez e o dramaturgo Luis Alberto de Abreu, além de Luiz Felipe Pondé e Elena Vássina, como palestrantes.

O mesmo pode-se dizer do I Congresso Brasileiro de Dramaturgia, promovido pela Instituição durante a Satyrianas. Participaram do evento, entre outros, Alcides Nogueira, Aimar Labaki, Aderbal Freire-Filho, Lauro César Muniz, Rubens Rewald, Evaristo Azevedo e Ilo Krugli.

Ao longo de 2014, os bate-papos online promovidos pela Extensão Cultural trouxeram para mais perto do público, ainda que virtualmente, mais de 40 profissionais de trajetória comprovada. São alguns deles: Sérgio Ferrara, Antonio Salvador, Ana Kfouri, Cristina Mutarelli, Ruy Cortez, Rubens Rusche, Joel Pizzini, Eduardo Chagas, Carmelinda Guimarães, Jefferson Del Rios, Eliana Monteiro e Antonio Duran.

Prêmios


Em 2014, assim como em anos anteriores, SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco esteve presente, direta ou indiretamente, em alguns dos mais importantes prêmios do teatro brasileiro, como o Shell e o APCA.

No 26º Prêmio Shell de Teatro, cuja cerimônia foi realizada em março, teve representantes entre os vencedores: Kiko Marques, que é artista residente na Escola, levou o troféu de Melhor Autor por “Cais ou da indiferença das embarcações”; e Os Satyros, grupo fundado por Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez, respectivamente diretor executivo e coordenador do curso de Direção, ganharam na categoria Inovação, “pela projeção, permanência e abrangência do evento ‘Satyrianas’ na condição de fenômeno histórico-artístico e social”. Gustavo Ferreira, produtor da Instituição, é o coordenador geral do evento, que também conta com parceria da Escola.

Outro nome que a Instituição pode se orgulhar de ver entre os vencedores é o do espetáculo “Nossa cidade”, dirigido por Antunes Filho, que levou o prêmio de Melhor Direção. A Escola “emprestou”, por assim dizer, três membros que integram a montagem: Raul Teixeira, coordenador do curso de Sonoplastia e velho conhecido de Antunes, responsável pela trilha sonora; Lenon Almeida, aprendiz de Sonoplastia, como assistente e operador de som; e Fagundes Emanuel, que cursou alguns módulos do curso de Humor e compõe o elenco da peça.

No resultado do Prêmio APCA 2014, também não faltaram motivos para comemorar. Isso porque a Escola esteve presente em duas categorias da 59ª edição do prêmio, sendo uma delas a celebrada Melhor Espetáculo: Ao lado de “O homem de la Mancha”, “Pessoas perfeitas”, da Companhia de Teatro Os Satyros, ficou com o troféu. A peça tem texto de Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez.

A outra categoria que premiou um artista da Escola é Melhor Autor/Dramaturgo. Newton Moreno e Alessandro Toller foram reconhecidos pela peça “O grande circo místico”. Toller é formador do curso de Dramaturgia da Escola, que é coordenado por Marici Salomão.

Até no aclamado Prêmio Jabuti a Escola marcou presença: J.C. Serroni, coordenador dos cursos de Cenografia e Figurino e Técnicas de Palco, venceu o Prêmio Jabuti 2014 na categoria “Artes e Fotografia”, pelo livro “Cenografia brasileira: notas de um cenógrafo” (Editora Sesc), lançado em novembro de 2013. A apuração definitiva foi realizada e divulgada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) em outubro.

Hugo Possolo, que é o atual coordenador do curso de Atuação da Escola, foi contemplado pela categoria Vida e Obra na área de Artes Circenses do Prêmio Fundação Bunge. Em sua 59ª edição, o prêmio teve como proposta incentivar o conhecimento nas áreas “Produtividade Agrícola Sustentável” e “Artes Circenses”.

E agora, já no finalzinho do ano, a Instituição foi brindada com mais duas ótimas notícias: a SP Escola de Teatro também está na lista dos finalistas do Prêmio Aplauso Brasil, concorrendo na categoria Destaque, “por oferecer extensa gama de formação nas artes do palco”; e do Melhores do Teatro R7, prêmio que a Escola venceu em 2012 e 2013.

SP Dramaturgias


Batizado de SP Dramaturgias, o projeto de leituras dramáticas de textos inéditos de autores contemporâneos promovido pela SP Escola de Teatro completou dois anos em junho de 2014. Neste ano, ele foi reestruturado e levou ao público oito leituras (quatro por semestre) repletas de provocações e investigações.

Durante todo o ano, a aprendiz egressa do curso de Dramaturgia Camila Damasceno ficou responsável pela orientação das leituras, sob a batuta de Marici Salomão, coordenadora de Dramaturgia. O projeto serve como atividade de contrapartida da Bolsa-Oportunidade concedida pelo Programa Kairós.

Os trabalhos foram maturadas em encontros semanais que mesclavam ensaios práticos para as leituras e encontros para discussão de textos teóricos e peças teatrais. A escolha dos textos é sempre norteada pela preocupação de tratar de assuntos pertinentes aos aprendizes dos Cursos Regulares.

No primeiro semestre, as referências teóricas iam de Aristóteles a Sarrazac e Ryngaert, em discussões sobre questões formais de dramaturgia e o lugar do texto no teatro contemporâneo. Já as peças estudadas foram de estruturas mais dramáticas – como “Um bonde chamado desejo”, de Tenesse Willians e “Um inimigo do povo”, de Ibsen – a obras contemporâneas, de estruturas mais performativas – por exemplo, “Agro negócio”, de Marco Catalão e “O quarto”, de Harold Pinter.

Neste período, foram lidos os textos: “Habeas porcus”, do ex-aprendiz Lucas Leonardo Venturin; “Fossa”, do aprendiz de Dramaturgia Leonardo Oliveira; “Lázaro 14.329”, do aprendiz de Dramaturgia Filipe S. Pereira; e “Clarice e o rio do tempo”, de Victor Hugo Valois, aprendiz egresso do curso de Dramaturgia.

No segundo semestre, Ryngaert e Sarrazac seguiram como referências centrais, enquanto os textos dramatúrgicos estudados paralelamente foram: “O casamento do pequeno burguês”, de Brecht; “Sete crianças judias”, de C. Churchill; “Agreste”, de Newton Moreno; “Agro Negócio”, de Marco Catalão; e “O quarto”, de H. Pinter.

Assim, foram lidas as peças “Contra o Jazz”, da aprendiz egressa do curso de Dramaturgia, Viviane Roesil; “O pai”, da aprendiz de Dramaturgia Vana Medeiros; “O palatável”, do aprendiz de Dramaturgia Danilo Dal Lago; e “Requiem” do aprendiz de Dramaturgia Marcelo Oriani, que também concluiu os quatro módulos do curso de Humor.

Projeto sem palavras


Em novembro, o coletivo performático OuUnPo (Ouvroir d’Univers Potentiels), formado por artistas, curadores e pesquisadores europeus, encerrou o ciclo de pesquisa denominado “Catastrophe & Heritage” (Catástrofe e Herança), que teve início em 2012 e já passou por Suécia, Itália, Japão, Grécia e Líbano.

O local escolhido pelo grupo para encerrar a pesquisa foi a cidade de São Paulo. Como a SP Escola de Teatro tem interesse tanto pela pesquisa na área de performance quanto por travar contatos artísticos internacionais, claro, abriu as portas para o evento, que também ocupou instituições como a Pinacoteca, o MAM, o CCSP e o Goethe-Institut, com palestras, vídeos, workshops e performances.

Batizado de “Sem palavras” e com curadoria de Per Hüttner e Marcio Aquiles, o evento na SP Escola de Teatro aconteceu no dia 16 de novembro, com entrada gratuita e aberta ao público. Foram selecionados três projetos individuais ou coletivos que colocassem sob perspectiva um olhar para formas de comunicação além da linguagem.

Eles deveriam, ainda, valorizar uma compreensão mais profunda sobre duas questões: como podemos aprender mais sobre a comunicação não verbal e como ela funciona? Por que continuamos fascinados tanto pelos aspectos da vida que nos aterrorizam, assim como por aqueles que nos trazem alegria – a incapacidade de linguagem para expressar ambos tem um papel nisso tudo?

Os três projetos selecionados foram: “Reflexos – Ensaio sobre o vazio”, “PISC in À”, e “Casulo”. Após manter contato e desenvolver suas criações com os artistas do OuUnPo, na semana anterior ao encerramento, esses trabalhos foram apresentados na Escola, juntamente com as performances dos artistas Per Huttner (Suécia), Jacopo Miliani (Itália), Samon Takahashi (França), Pedro Penin (Portugal), Gustavo Sol (Brasil), entre outros.

A principal proposta do evento foi promover um diálogo entre os profissionais de teatro e performance de diferentes culturas, para, com isso, investigar a comunicação não verbal.

Act like you mean it


O neurologista Thomas Grunwald e o dramaturgo Anton Rey, ambos suiços, apresentaram na Sede Roosevelt da SP Escola de Teatro, em agosto, a performance “Act like you mean it”, criada a partir de uma pesquisa neurocientífica sobre o trabalho de encenação dos atores. A famosa cena na varanda, de “Romeu e Julieta”, serviu como ponto de partida para investigar as sensações trocadas entre público e artistas do palco.

A performance, que também passou pelo Rio de Janeiro, levou ao público “a neurociência por trás da historia de amor mais antiga do mundo”. Foi a primeira vez que o trabalho, que ganhou repercussão internacional, veio à América Latina. Áustria, China, Estados Unidos, Índia e Suíça são os países que já receberam a performance, que é definida pelos criadores como “parte científica, parte cênica”.

A investigação buscou utilizar a neurociência para compreender como os atores conseguem transmitir sentimentos profundos e afetar efetivamente os espectadores, trabalhando sobre questões como a que se refere ao estímulo dos artistas: eles realmente amam ou odeiam seus parceiros de cena ou apenas fingem tais sentimentos?

Integram a equipe do projeto o neurologista Thomas Grunwald, do Centro Suíço de Epilepsia em Zurique, e o dramaturgo Anton Rey, do Instituto de Artes Cênicas e Filme (IPF) da Universidade de Artes de Zurique, que também ministrou o workshop “Teatro contemporâneo europeu” aos aprendizes da SP Escola de Teatro. No elenco, Florencia Santángelo e Gustavo Sol.

Virada Educação e Virada Cultural


Paralelamente a suas próprias ações, a SP Escola de Teatro não abre mão de participar de eventos e projetos que levem cultura e educação à comunidade de São Paulo.

Dessa maneira, foi com prazer que a Instituição participou da Virada Educação e da Virada Cultural neste ano, ambas realizadas em maio.

A Virada Educação levou mais de 30 atividades gratuitas ao entorno da Praça Roosevelt, em escolas públicas da região, no espaço da Companhia de Teatro Os Satyros, na Praça e nas ruas e na Sede Roosevelt da Escola. A proposta do evento, promovido pelo Movimento Entusiasmo, era “promover novas apropriações dos espaços da região, em direção à construção coletiva de uma comunidade mais conectada, que percebe o aprender e o ensinar espalhados por todos os lugares”.

Além de sediar oficinas e contações de histórias, a Escola também participou da Virada Educação com o projeto Leitura na Praça, que transforma a Praça Roosevelt num espaço livre de leitura e troca de conhecimento, disponibilizando uma série de livros para consulta, no Parquinho Infantil da Praça.

Já da famosa Virada Cultural, que ocupou a cidade com 24 horas repletas de atrações, a SP Escola de Teatro participou com uma maratona teatral: 12 horas ininterruptas de leituras e jam session conduzidas pela equipe artística da residência teatral do dramaturgo e diretor Francisco Carlos na Sede Roosevelt.

As atividades tiveram início às 20h do dia 17, com a apresentação do espetáculo “São Paulo Chicago”. Depois, foi apresentada a ação cênica “Sonata fantasma bandeirante”, seguida, à 0h, do relatório cênico “Crepúsculo da terra guarani”. A programação encerra com a apresentação do processo cênico “Western-Spaghetti Paulista”, exibido ao público das 2h às 8h de domingo (18).

Alessandra Negrini, Nelson Baskerville e Hercules Morais integraram o elenco de “Sonata fantasma bandeirante”. Na peça, uma família paulista de 1600, o pai, a mãe-mulher-branca e um filho adolescente, vulgos fidalgos de então, formam a família paulista na sua invenção e no seu teatro de memória bandeirante.

Já “São Paulo Chicago”, montagem que ficou em cartaz na SP Escola de Teatro, é uma “jam session cênica” que desconstrói acontecimentos históricos paulistas de 1890 a 1930, trazendo à tona a pesquisa sobre a história do bandeirismo paulista.

“Crepúsculo da terra guarani” foi criado a partir do mito de “Destruição da Terra” dos Apapocuva Guarani, coletado por Curt Nimuendaju entre 1905 e 1913. O processo cênico “Western-Spaghetti Paulista”, por sua vez, foi composto por jogos de guerra entre bandeirantes, missionários e indígenas, com linguagem concebida a partir da filmografia de Sérgio Leone.

Encontros sobre performance


Não é novidade dizer que a SP Escola de Teatro compromete-se seriamente com a investigação e com o fomento da pesquisa e discussão em torno da performance, dedicando, inclusive, um de seus quatro módulos, o Azul, ao estudo da performatividade.

Neste ano, a performance esteve novamente em evidência na Instituição, com um evento bastante específico, pensado para aprofundar o conhecimento dessa forma de arte híbrida e fronteiriça: os “Encontros sobre performance”, que em maio ofereceram ao público gratuitamente palestras, performance e mesas de discussão com diversos profissionais brasileiros de relevância na área, sob curadoria de Beth Lopes.

A proposta era promover diálogos entre artistas e estudiosos brasileiros, residentes em São Paulo e dedicados à prática da performance em seu amplo sentido. Com as discussões, reunidas por gatilhos temáticos, pretendia-se expandir o debate sobre as possibilidades artísticas e investigativas neste campo de linguagens híbridas, em que não se impõe limite para o exercício da arte. “Queremos criar um espaço de reflexão sobre a pluralidade das experiências performativas que exploram um modo de pensar, ver e fazer que emerge da cultura de nossa época”, explicou Ivam Cabral, diretor executivo da Instituição.

A abertura foi realizada no dia 9 de abril, com uma palestra ministrada pela renomada Coco Fusco, artista cubana radicada nos EUA, que veio ao Brasil como convidada pelo Programa FAAP/ Fulbright Distinguished Chair in Visual Arts.

Depois, no dia 16 de abril, foi promovida a primeira das três mesas do projeto. O encontro teve como tema “O contexto da performance hoje” e contou com a participação de Lucio Agra, Stela Fischer e Gustavo Sol, que também apresentou sua performance.

No dia 14 de maio, a segunda mesa, com mediação de Juliana Moraes, convidou Matteo Bonfitto, Ana Goldenstein e Cassiano Quilici para um debate sobre “Desafios para um artista da performance”. Na ocasião, também houve o lançamento do livro “Entre o ator e o performer – Alteridades – Presenças – Ambivalências”, de Matteo Bonfitto (Ed. Perspectiva).

O último encontro da programação aconteceu no dia 4 de junho, com uma mesa de discussão que reuniu Marcus Bastos, Mário Ramiro e Otávio Donasci em torno do tema “Performance, imagem e novas tecnologias”. A mediação foi feita por Rodolfo García Vázquez.

Teatro experimental do Negro


O lendário Teatro Experimental do Negro (TEN) foi fundado e dirigido pelo político, ativista e ator Abdias do Nascimento, em 1944, no Rio de Janeiro, tornando-se pioneiro em levar ao palco um elenco de atores negros e/ou mestiços, fazendo parte da formação do teatro moderno brasileiro, ao lado de grupos como o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), em São Paulo, e Os Comediantes, no Rio de Janeiro.

O objetivo do grupo era a valorização do negro com um trabalho de cidadania, propiciando a conscientização social, além da alfabetização, na medida em que o elenco era recrutado no universo operário, entre as empregadas domésticas, favelados sem profissão e alguns funcionários públicos.

O grupo esteve em evidência na SP Escola de Teatro neste ano, com uma mesa de discussão promovida em abril pela Instituição. Gratuito e aberto ao público, o evento foi uma homenagem ao centenário de Abdias Nascimento (1914-2011).

Os convidados ao debate foram: o historiador, pesquisador e aprendiz de Dramaturgia da Escola, Christian Fernando dos Santos Moura; a escritora, mestre em Direito e em Ciências Sociais e doutora em Psicologia, Elisa Larkin do Nascimento; o ator e bailarino Haroldo Costa; e o bailarino e coreógrafo Rui Moreira.

450 anos de Shakespeare


Não é todo dia que se comemora o aniversário de 450 anos de nascimento do maior nome da história da dramaturgia. Por isso, ao longo deste ano, a SP Escola de Teatro promoveu uma série de ações em homenagem a William Shakespeare (1564-1616).

Uma das principais delas aconteceu em abril, mês de nascimento do Bardo, com o Fórum Shakespeare 2014, que ofereceu ao público seminários com o internacionalmente reconhecido professor Jonothan Neelands, da Warwick Universty (Reino Unido).

Realizado em parceria com o People’s Palace Projects, o People’s Palace Projects do Brasil e a Queen Mary University of London, o Fórum explorou uma das mais importantes obras de Shakespeare, “Otelo”, analisando passagens da famosa peça em conexão com o cenário sociocultural contemporâneo, as diferentes identidades raciais brasileiras e as relações estabelecidas pela questão racial na sociedade brasileira atual.

No mesmo período, aprendizes da Escola realizaram leituras de poemas do autor. Foram 4 horas e 50 minutos de leituras do “happening trágico pop”, conduzido por aprendizes de Dramaturgia, Atuação, Humor e Sonoplastia. Podiam participar das leituras aprendizes, formadores e colaboradores. Para tanto, bastava que os interessados comparecessem com o texto que será lido.

Como pede a complexidade da obra shakespeariana, as sutilezas encontradas em seus textos, bem como a biografia do autor, ganharam espaço também no portal da Escola, por meio de artigos e uma série de podcasts criados por Mauricio Paroni de Castro, que é diretor, dramaturgo e coordenador da Biblioteca da Instituição.

“Seu palco era uma fantástica máquina de ampliar o mundo através da ação das palavras”, comentou Paroni.

Biblioteca do Corpo


A Sede Roosevelt da SP Escola de Teatro esteve lotada na noite de 2 de setembro, graças a uma sessão gratuita de “Erêndira”, espetáculo de dança com direção e coreografia de Ismael Ivo, um dos mais importantes nomes da dança contemporânea mundial.

A montagem foi criada a partir do programa Biblioteca do Corpo 2014, idealizado por Ismael e realizado em uma parceria entre a SP Escola de Teatro, o Sesc e o ImPulsTanz Festival.

Inspirado no realismo fantástico do autor colombiano Gabriel García Márquez (1927-2014), a obra gira em torno da história de uma jovem prostituta. A coreografia trabalha a culpabilidade (responsabilidade) coletiva e a disciplina individual, entre a dependência econômica e a identidade cultural. O resultado é um contexto em que a vida encontra o sucesso e é obrigada a sair de suas condições insuportáveis ou mesmo impossíveis, recriando um mundo improvisado, um mundo novo ainda não concluído, mas já em ruínas.

A montagem estreou na Áustria, no ImPulsTanz – Festival Internacional de Dança de Viena, um dos mais relevantes eventos do circuito mundial, e cumpriu curtíssima temporada em São Paulo, no Sesc Pinheiros, nos dias 23 e 24 de agosto, tendo passado também por duas Fábricas de Cultura de São Paulo e pelo Teatro Estadual de Araras.

“‘Erêndira’ faz uma crítica social contra a prostituição infantil. Os bailarinos fizeram todo tipo de pesquisa. Trouxemos vários materiais e eles, com talento, começaram a elaborar a voz, a expressão e o corpo para dar uma importância à dança como documento do tema, como espelho da nossa sociedade”, observou Ismael.

Ao término da sessão, um coquetel reuniu Ismael e os dançarinos aos convidados e ao público que compareceu para prestigiar o trabalho. Estiveram presentes, entre outros, Marília Marton, Chefe de Gabinete da Secretaria da Cultura do Estado, Cleo Miranda, assistente social do programa, Julia Gomes, que faz parte da comissão de avaliação, e Cássia Navas, pesquisadora e professora de dança.

“O Biblioteca do Corpo é um projeto muito importante, com essa ponte internacional, por dar oportunidade para bailarinos emergentes do Brasil com esse tipo de imersão e atualização. É a possibilidade de criar uma nova geração de bailarinos coreógrafos para o futuro”, afirmou Ismael Ivo.

Satisfeito com os frutos do programa, Ismael diz que esse “investimento” tem como objetivo “dar campo para que no futuro se desenvolva uma nova geração de criadores de arte, de dança, com qualidade, com ousadia, originalidade e criatividade”, marcas que há anos o acompanham em sua própria trajetória artística.

Ivam Cabral, diretor executivo da Escola, também teceu elogios: “A edição do programa deste ano, a segunda com nossa parceria, mais uma vez gerou resultados lindos. Grande parte da evolução teatral vem da dança. Sem essa forma de manifestação, o teatro seria pouco, muito pouco, ou até mesmo nada. A dança é arte da cena, é autoconhecimento, é poesia em movimento. Outra coisa que nos causa grande orgulho é a realização de mais um intercâmbio artístico internacional com Viena. Somos muito gratos por Ismael encarar a arte sob a mesma perspectiva que nós, aqui na Escola: como ferramenta de acessibilidade e transformação social”.

Criado e desenvolvido pelo coreógrafo, professor e bailarino Ismael Ivo, o projeto Biblioteca do Corpo surgiu como um método especial para orientar e treinar jovens profissionais, com o intuito de permitir que os bailarinos sigam em busca de suas identidades artísticas e alcancem nível individual de excelência.

Neste ano, o projeto teve três fases em Viena. Na primeira, professores compartilharam seus conhecimentos com alunos em master-classes, durante duas semanas. Na segunda, os bailarinos participaram de um programa de educação individual dentro do ImPulsTanz Festival, sob a orientação de Ismael Ivo. E, na terceira fase, Ismael Ivo desenvolveu uma coreografia inédita com os 15 bolsistas para apresentações em Viena e São Paulo.

O Biblioteca do Corpo proporcionou, ainda, participação em eventos formativos, com uma série de ações especiais que compreendem aberturas e demonstrações de processo, workshops e mesas de discussão sobre vertentes contemporâneas de formação, atuação e performance nas artes da cena.

PRÊMIO ACESSIBILIDADE E PRÊMIO SP ESCOLA DE TEATRO


A noite de 19 de março foi indiscutivelmente uma das mais especiais deste ano para a SP Escola de Teatro. Afinal, foi nela que aconteceram as cerimônias de entrega do 2º Prêmio SP Escola de Teatro e do Prêmio Acessibilidade 2013. O evento lotou a Sede Roosevelt.

O Prêmio SP Escola de Teatro – que, em sua edição de estreia, foi dedicado à atriz Maria Alice Vergueiro – neste ano homenageou esse outro grande nome das artes cênicas do Brasil: João das Neves.

Beirando os 80 anos, o diretor e dramaturgo não conteve sua emoção ao receber o troféu do 2º Prêmio SP Escola de Teatro. “Estou muito emocionado por receber um prêmio em uma escola de teatro. Boa parte da minha formação se deu em escolas de teatro”, disse.

Carioca nascido em 1935, João teve especial importância no período de censura no Brasil, quando montou peças de cunho político. Foi um dos fundadores do Grupo Opinião, que durante 16 anos atuou com foco no teatro de protesto, além da difusão da dramaturgia nacional e popular. Acumulou parcerias com autores como Vianinha e Ferreira Gullar. Em 1976, levou aos palcos seu mais conhecido texto, “O último carro”, que lhe rendeu o Prêmio Molière e o Mambembe de Melhor Diretor. Bienal Internacional de São Paulo, APCA, Golfinho de Ouro e Quadrienal de Praga são alguns dos outros prêmios que recebeu. Em 1989, fundou o Grupo Poronga, e, já na década de 1990, estabeleceu-se em Belo Horizonte. Dirigiu, ainda, diversos shows, como de Chico Buarque, Milton Nascimento, Baden Powell e MPB4.

Para Ivam Cabral, diretor executivo da Instituição, o homenageado “é um artista inspirador e mítico na história do teatro brasileiro, que comunga com a proposta da Escola porque sempre privilegiou a pesquisa, a experimentação da contemporaneidade sem esquecer a tradição”.

A outra cerimônia que acontece naquela noite foi a do Prêmio Acessibilidade 2013, promovido pela Instituição em votação online realizada em seu portal, com o objetivo de promover o debate e premiar profissionais e ações voltadas à acessibilidade.

O Prêmio foi dividido em cinco categorias: Artes do Palco, Políticas Públicas, Cidadania, Equipamentos Culturais e Personalidade do Ano. Para cada uma delas, foram indicados 10 nomes, selecionados por um júri composto por sete profissionais de diversas áreas. São eles: Antenor José de Oliveira Neto, Cid Blanco Junior, Cássio Rodrigo, Ivam Cabral, Leandro Knopfhloz, Leonidas Oliveira e Luiz Carlos Lopes.

Foram computados mais de 123 mil votos. Os vencedores foram: Marcos Abranches (Artes no Palco); Circo Crescer e Viver (Cidadania); Cine Theatro Brasil Vallourec (Equipamentos Culturais); Daniel Gaggini (Personalidade do ano) e Governo do Estado de São Paulo (Políticas públicas). Eles levaram para casa o troféu cujo desenho foi assinado por outro grande artista: Gilberto Salvador, que doou a criação da obra à Instituição.

O Prêmio também contemplou uma categoria especial, o Grande Prêmio Acessibilidade 2013, dedicada ao promotor Maurício Antônio Ribeiro Lopes, por sua preocupação com a cidade e com o território, além de dialogar com os mais variados agentes de transformação cultural.

SP TRANSVISÃO II


Diversidade é uma das ideias mais louvadas pela SP Escola de Teatro desde o início do projeto.

É por isso que as vagas de trabalho na recepção da Escola são reservadas, exclusivamente, a transexuais.

É por isso, enfim, que, em janeiro, a SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco promoveu o SP TransVisão II – Semana da Visibilidade de Travestis e Transexuais.

Com o objetivo de abrir espaço para o debate sobre a tolerância e a diversidade, o evento teve uma programação gratuita composta por mesas de discussão e atividades artísticas como espetáculos teatrais, exibição de filmes, shows e a exposição fotográfica “O ‘T’ da Questão”, de Eduardo Moraes.

Participaram das ações os diretores teatrais Nelson Baskerville e Rodolfo García Vázquez, o cartunista Laerte Coutinho, a atriz Phedra D. Córdoba e o ator, diretor e dramaturgo Ivam Cabral – que também é diretor executivo da Instituição. Além deles, vários transexuais e outros nomes importantes desse universo marcaram presença, como a advogada Rachel Rocha, que é membro da Comissão da Diversidade Sexual e Combate à Homofobia, da Ordem dos Advogados do Brasil Seção de São Paulo (OAB/SP), e Vice-Presidente do conselho de Administração da Adaap, instituição que gere a SP Escola de Teatro.

“O objetivo do SP TransVisão, que chegou à sua segunda edição, era abrir espaço para o debate sobre a tolerância e a diversidade. Os temas propostos geram fascínio, opiniões diversas e, também, muita polêmica. Com o evento, queríamos abrir mais os olhos e o coração da população de São Paulo sobre a cultura e o universo trans”, afirma Ivam Cabral, diretor executivo da Instituição.

O evento foi fruto de uma parceria com a Comissão da Diversidade Sexual e Combate à Homofobia da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção de São Paulo (OAB – SP); a Associação Brasileira de Transgêneros (Abrat); a Associação Brasileira de Homens Trans (ABHT); o P.E.G. – Projeto Expressões de Gênero; o Mundo T-Girl; a Coordenadoria da Diversidade; a Assessoria de Cultura para Gêneros e Etnias, da Secretaria de Estado da Cultura; o Museu da Diversidade; a Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania; o Centro de Referência da Diversidade (CRD), e o Governo de São Paulo.

Residências


Neste ano, além de aprendizes, formadores e coordenadores, a SP Escola de Teatro foi a casa de muitos artistas. Assim, muitos artistas e grupos cumpriram residência na Instituição ao longo de 2014.

No primeiro semestre, o diretor e dramaturgo Francisco Carlos concluiu sua residência “Sonata fantasma bandeirante” com o espetáculo “São Paulo Chicago”, que ficou em cartaz de março a junho, na Sede Roosevelt da Instituição. Durante a Virada Cultural, ele também conduziu uma maratona com doze horas seguidas de programação teatral, compostas pela pesquisa da residência artística que pretendia a construção de uma tetralogia teatral.

Depois, vem a residência “Moscou”, coordenada pela diretora e pesquisadora Silvana Garcia de abril a setembro. Foram oferecidas cinco vagas para acompanhamento e estágio de aprendizes dos Cursos Regulares. A residência realizou um ensaio aberto, composto por abertura de processo e palestra com Silvana. O espetáculo “Não vejo Moscou da janela do meu quarto” ficou em cartaz de junho até agosto, e depois voltou em setembro, totalizando 26 sessões.

“Coreoatetose”, coordenada pelo bailarino e coreógrafo Marcos Abranches, propunha a construção de um solo de dança, oferecendo como contrapartida, além de abertura do processo artístico ao público, um workshop com o artista residente.

De fevereiro a setembro, Sérgio Inácio e Rubens Oliveira desenvolveram a residência “Chega de saudade”, cujo mote foi a dança para dançarinos não profissionais. Após pesquisa e ensaios, a estreia foi realizada em setembro, no teatro Tuca, e houve ao todo quatro sessões.

Também voltado à dança, mais especificamente à exploração da criação coreográfica e da improvisação, “Flutuações e traduções simultâneas”, da Cia. O Bando, sob coordenação e direção de Denise Courtouké e Marco Xavier, ofereceu, de julho a setembro, encontros, mesa de discussão, workshop, compartilhamento do processo e mostra dos solos poéticos.

A idolatrada Maria Alice Vergueiro e seu Grupo Pândega de Teatro também estiveram por aqui. Com “Caminho a TAR”, eles conduziram, com participação de aprendizes e ex-aprendizes da Escola, o processo artístico para sua segunda montagem: “Why The Horse?”. Em contrapartida, os artistas fizeram três sessões do espetáculo teatral “As três velhas”, em junho.

A performance esteve em foco em “Deriva dodecafônica: errar é urbano”, do Coletivo Teatro Dodecafônico, sob direção de Verônica Velloso. De março a junho, o projeto foi compartilhado entre integrantes do coletivo, seus convidados e aprendizes regulares e egressos da SP Escola de Teatro. A conclusão se deu com a realização de uma deriva artística em recortes urbanos da cidade no entorno da Escola.

Com “Cenas insurgentes: coros e corifeus”, o Teatro de Narradores, com direção de José Fernando Azevedo, ficou em residência na Escola de fevereiro a junho, estreando o projeto Cenas Insurgentes. No primeiro módulo, a parceria se deu com o Coletivo de Dramaturgos, formado por aprendizes egressos do curso de Dramaturgia. Uma mostra promoveu a estreia de quatro dramaturgos, que trabalham com jovens diretores e atores, também formado por aprendizes e egressos da Escola, em processo orientado por José Fernando de Azevedo, durante atividades formativas na Escola.

Coordenada por Michel Fernandes, “Aplauso Brasil” aconteceu de agosto a dezembro. Nela, o jornalista e crítico ficou em plantão às sextas-feiras no saguão da Sede Roosevelt, aberto a diálogos com os aprendizes. Além deste plantão, a residência incluiu o workshop “Olhares críticos” e a abertura de cinco vagas de estágio no site do Aplauso Brasil.

Intercâmbios


“Com o advento e a expansão da internet, dentre outros fatores socioeconômicos, inseridos na ideia de globalização, as fronteiras geográficas foram destruídas (ou amenizadas, pelo menos) e hoje, travar contato com o exterior é imprescindível para compreendermos o mundo em que vivemos. Aqui, na SP Escola de Teatro, acreditamos piamente nisso. E desde o início procuramos nos manter conectados com o mundo inteiro, descobrindo nesse processo que há muito em comum entre o teatro brasileiro e o português, por exemplo. E também há muitas diferenças, singularidades que tornam a arte uma ferramenta tão poderosa e transformadora.”

As palavras do diretor executivo Ivam Cabral mostram a importância dos intercâmbios promovidos pela SP Escola de Teatro, tendência que ganhou continuidade neste ano.

Pensando nisso, e reconhecendo a importância de fazer com que os estudantes estrangeiros sintam-se bem no País, a Instituição lançou em janeiro o Guia Básico para Intercambistas, que contém números para contato importantes, lugares onde comer e beber nos arredores das sedes da Escola, endereços de espaços culturais, entre outras instruções fundamentais para aproveitar melhor esse período de estudos.

Logo no início do ano, a Escola recebeu três novos intercambistas, cada um vindo de um País e, inclusive, de continentes diferentes: a uruguaia Jimena Ríos, que estudou Cenografia e Figurino, e a moçambicana Rita Couto e o português Bernardo Xavier, que cursaram Atuação.

Uma das parcerias nesse âmbito também cria uma ponte que liga o Brasil a um pequeno país insular africano. Com Cabo Verde, a Escola trava diálogos desde 2012, com o apoio da Associação Artística e Cultural de Mindelo (Mindelact).

Em 2014, esse laço não só foi mantido como fortificado, gerando resultados para ambos os lados: Elton John e Ricardo Fidalga, aprendizes cabo-verdianos, cumpriram intercâmbio na SP Escola de Teatro. Elton estudou Atuação e Direção, enquanto Ricardo fez Humor. Do lado brasileiro, um aprendiz da Escola foi ao país para explorar sua musicalidade e levar os sons do Brasil. Selecionado por meio de um Edital, Renato Navarro, aprendiz egresso de Sonoplastia, ministrou oficinas e desenvolveu uma pesquisa por lá.

Dois representantes da Escola foram à Polônia em março, a convite do Departamento de Cultura de Marshal, através do programa “Wake up – call for culture”, cofinanciado pela União Europeia. Lá, eles foram apresentados às performances do Nowy Theater, Theater of the Eighth Day, Great Theatre e da Poznań Philharmonic Orchestra.

Em abril, a Colômbia também ficou mais perto do Brasil. Isso porque dois representantes da Escola foram ao país, para participar do Congresso Ispa (International Society for the Performing Arts).

No primeiro semestre, a parceria com a Suécia, mantida já há anos, ganhou novos e potentes capítulos: duas aprendizes da Escola foram para lá, concretizando o intercâmbio cujo edital foi lançado no ano passado. As selecionadas, Olivia Vieira, de Atuação, e Daniela Miranda, de Humor, tiveram a oportunidade de estudar na renomada Stockholm Academy of Dramatic Arts (Sada) durante dois meses. Além delas, quatro representantes pedagógicos da Escola também foram em outra ocasião.

E o Brasil também recebeu de braços abertos vários suecos da Sada, incluindo uma delegação de cinema que veio trocar ideias com a diretoria e a equipe pedagógica. E mais: dois aprendizes suecos integraram os Cursos Regulares durante três meses, Klas Lagerlund e Malou Zilliacus.

Em novembro, o coletivo performático OuUnPo (Ouvroir d’Univers Potentiels), formado por artistas, curadores e pesquisadores europeus, encerrou o ciclo de pesquisa denominado “Catastrophe & Heritage” (Catástrofe e Herança), que teve início em 2012 e já passou por Suécia, Itália, Japão, Grécia e Líbano. Um dos locais escolhidos para o evento foi a SP Escola de Teatro.

Outro foco do ano foi a Polônia. Em 2014, a Escola lançou um Processo Seletivo de Intercâmbio para o país. Cumpridas as etapas da seleção, lá foram Aline Negra Silva e Felipe de Oliveira, aprendizes egressos dos cursos de Direção e Cenografia e Figurino, respectivamente. A proposta era a montagem de um texto do dramaturgo tcheco Roman Sikora, com a equipe da instituição parceira, o Teatr Fredry, da cidade de Gniezno, sob direção artística de Lukasz Gajdzis.

Depois de dois meses de trabalho, a montagem estreou no dia 19 de dezembro. E não apenas lá, mas aqui no Brasil também, no mesmo dia, só que com outra equipe, formada por aprendizes atuais e egressos da Escola, sob direção de Adriana Lobo Martins.

Para encerrar um ano tão repleto de contatos internacionais, o Programa Kairós está oferecendo uma nova vaga de intercâmbio cultural, desta vez para a Inglaterra e voltada a aprendizes de Atuação e Humor. As inscrições vão até o dia 9 de janeiro. O selecionado estudará durante alguns dias na conceituada Guildhall School of Music & Drama, que foi eleita pelo jornal britânico The Guardian como instituição especializada número 1 do Reino Unido em 2013 e 2014. “Além de todo reconhecimento por conta do ensino de excelência que ela oferece, a Guildhall é uma instituição com mais de 130 anos. Saber que uma escola desse porte está interessada em travar contato com nós, aqui, é definitivamente surreal. É um privilégio que certamente renderá frutos belíssimos em breve”, diz Ivam Cabral.

Apoiando projetos


Além de idealizar e colocar em prática uma série de ações, a SP Escola de Teatro apoiou e se tornou parceira, em 2014, de vários projetos que vão de encontro às ideias e missões da Instituição.

Em abril, por exemplo, houve o VII Festival Ibero-Americano de Teatro de São Paulo, o Festibero. Numa realização da Fundação Memorial da América Latina e com parceria da SP Escola de Teatro, o evento levou ao público uma programação extensa e totalmente gratuita. Foram 15 espetáculos teatrais de palco e de rua, vindos do Brasil, da Hispano-América e da Península Ibérica, além de oficinas e mesas redondas.

Outro grande festival que contou com parceria da Escola foi o tradicional Festival Estudantil de Teatro do Estado de São Paulo (Fetesp), que existe desde 1977. Marici Salomão, coordenadora de Dramaturgia, foi jurada, enquanto Suzana Aragão e Cadu Witter, que dão aulas na Escola, ministraram oficinas no evento.

A SP Escola de Teatro também apoiou o 1º Festival de Música da Praça Roosevelt, que promoveu, em setembro, o show de lançamento dos CD’s de quatro bandas com trabalho novo e autoral: Fábrica de Animais, Paulo Meyer & The Thunderheads, Sinamantes e TioChê. O evento todo aconteceu no Espaço Parlapatões, a preços populares. A atriz, diretora e cantora Fernanda D’Umbra foi responsável pela produção executiva.

É impossível falar sobre esse assunto sem mencionar a Satyrianas. Neste ano, a Instituição novamente apoiou o evento, colaborando para que ele chegasse a maior edição, com exatas 602 atividades promovidas, numa média de quase 8 atrações por hora. Mais de 2 mil artistas apresentaram-se a um enorme público de 60 mil espectadores, durante as 78 horas ininterruptas de atividades.

Dentro da Satyrianas, destaca-se o I Congresso Brasileiro de Dramaturgia. Como parte do projeto de revitalização da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT), que completa 100 anos em 2017, o evento teve larga programação para discutir os caminhos da dramaturgia não apenas no teatro, mas também no cinema e na TV.

Neste ano, a Sede Roosevelt também se tornou palco de um encontro entre poetas e amantes de poesia: Roberta Estrela D’Alva e sua trupe, o Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, promoveram uma edição do “ZAP! (Zona Autônoma da Palavra)”, uma espécie de “poetry slam” (campeonato de poesia) do Brasil.

Outra gratificante parceria foi concretizada com a 12ª Semana de Ação Mundial (SAM 2014), que neste ano aconteceu em todo o Brasil, em setembro, com o tema “Direito à educação inclusiva – Por uma escola e um mundo para todos”. A Semana é uma iniciativa da CGE (Campanha Global pela Educação), que desde 2003 é realizada simultaneamente em mais de 100 países. O objetivo é envolver a sociedade civil em ações de incidência política, de modo a exercer pressão sobre os governos para que cumpram os acordos internacionais da área, entre eles o Programa Educação para Todos (Unesco, 2000). No Brasil, a SAM é coordenada pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação, em parceria com outros movimentos, organizações e redes.

Concretizando a parceria, a Escola recebeu em sua Sede Roosevelt o evento de pré-lançamento da SAM 2014, com debates, exibições de vídeos e outras atividades voltadas aos envolvidos nas ações, que cobram educação inclusiva de qualidade.

Cléo De Páris, coordenadora do Programa Kairós da Escola, viu com bons olhos a parceria: “A SP Escola de Teatro é uma instituição atenta aos problemas da educação e da acessibilidade. Nosso modelo pedagógico, nossas premissas, nossas formas de tratar as questões educacionais são sempre apoiadas em conceitos humanitários. Fazer parte dessa rede, entender os caminhos possíveis e os já trilhados para alcançar conquistas que nos são tão caras é muito importante para nós; espero que a parceria perdure e nos traga a oportunidade de contribuir para um mundo mais justo”, afirmou.

Publicações e Lançamentos


Várias publicações – livros ou revistas – nasceram na SP Escola de Teatro em 2014, sejam elas criadas pela própria Escola ou por profissionais que escolheram a Instituição para dar à luz suas obras.

Da parte da Escola, nasceu um interessante fanzine criado pelos aprendizes de Cenografia e Figurino, orientados pela artista convidada Adriana Vaz. Composta por cinco HQs, o material foi criado a partir da proposta de estudar o conceito de criancismo, tendo como principal referência a psicanalista norte-americana Elizabeth Young-Bruehl, autora de “Childism: confronting prejudice against children” (“Criancismo: confrontando o preconceito contra a criança”).

“Eu tinha como objetivo transmitir a conceituação de design de aparência de atores e os conceitos de fronteira e de tradução intersemiótica”, explicou Adriana.

Durante os Encontros sobre Performance, o ator, diretor e pesquisador Matteo Bonfitto lançou seu livro “Entre o ator e o performer – Alteridades – Presenças – Ambivalências” (Ed. Perspectiva), na SP Escola de Teatro. Na obra, ele lança um olhar “sobre as tensões existentes entre o trabalho do ator e o trabalho do performer” a partir da análise de vários casos e obras.

Outra publicação lançada na Instituição foi o livro comemorativo de 15 anos da Cia. Teatro Balagan. Foi a companhia, fundada e dirigida por Maria Thais, que estreou o teatro da Sede Roosevelt da Escola, em outubro de 2012, com a mostra “Recusa e Prometheus: uma simetria invertida”, que levou ao público os espetáculos “Recusa” e “Prometheus – A tragédia do fogo”.

A Escola também sediou o lançamento do livro “Stanislavski revivido”, organizado por Ney Piacentini e Paulo Fávari a partir das palestras e debates do Seminário 150 anos de Stanislavski, realizado na Instituição em dezembro de 2013.

Com introdução e prefácio de Ivam Cabral e Ney Piacentini, respectivamente, a publicação traz o conteúdo das palestras de Marie-Christine Autant-Mathieu (“O que podemos, ainda hoje, aprender do teatro e do sistema de Stanislavski”), Sérgio de Carvalho (“Um trabalho sobre Stanislavski”), Maria Thais (“Stanislavski e Meierhold: simetrias assimétricas – da pedagogia à cena, da cena à pedagogia”), Marco Antônio Rodrigues (“Não fosse a incongruências nas idades e uma ou outra questão referente às diferenças nas línguas, qualquer um poderia jurar que Stanislavski era brechtiano”), Diego Moschkovich (“Reforma ou revolução: algumas reflexões sobre a atualidade do Sistema de Stanislavski”) e Eduardo Tolentino (“Das primeiras leituras de Stanislavski à prática teatral”).

E, marcando um ano cheio de sucesso de crítica e público, prêmios e indicações, “Pessoas perfeitas”, da Companhia de Teatro Os Satyros, foi do palco para o livro. Seu lançamento ocorreu durante a programação da Satyrianas, em novembro, na Sede Roosevelt.

Difundindo conhecimento


A SP Escola de Teatro sempre adotou como missão compartilhar conhecimento e gerar acessos e oportunidades. Para conseguir fazer isso da maneira mais abrangente e qualificada possível, além das dezenas de cursos oferecidos todos os anos, a Escola coloca em prática uma série de ações paralelas.

Uma das iniciativas que mantiveram seu fôlego neste ano foi o Leitura na Praça. Criado em 2013, o projeto transforma a Praça Roosevelt em uma biblioteca ao ar livre, um espaço livre de leitura, colocando ao alcance da comunidade uma série de livros para consulta. Além disso, o parquinho da Praça, onde a ação acontece, ganha uma ambientação especial projetada pelos aprendizes. “Nosso principal objetivo, com esta iniciativa, é incentivar a leitura entre a comunidade do entorno da Escola”, diz Ivam Cabral, diretor executivo.

Outro projeto que mira os livros, como o próprio nome diz, é o Escambo Literário, que fomenta a troca de livros entre aprendizes, colaboradores e comunidade. A cada dia, então, um carrinho de mão personalizado – que, além de se tornar símbolo do projeto, é o suporte físico que abriga os títulos disponíveis para troca –, fica em um local da região central da cidade de São Paulo, como as Sedes Roosevelt e Marquês da Escola; a Praça Roosevelt e o Edifício Copan.

O Chá e Cadernos é mais um projeto em prol da difusão do saber. Quem o coordena é diretor e dramaturgo Maurício Paroni de Castro. Trata-se de um evento realizado na Biblioteca da Sede Marquês de Itu que promove a troca de conhecimento fora de um âmbito hierárquico. Nesse terreno informal de reflexão, Paroni conduz conversas iniciadas a partir de determinados disparadores, geralmente partindo de temas concernentes ao fazer teatral.

Conectada à tradição sem ignorar as vantagens do contemporâneo, a Escola também considera importante utilizar a internet como ferramenta para ampliar o compartilhamento de conhecimento que rege o projeto. Assim, uma das principais armas da Instituição nesse sentido é o seu portal.

Atualizado diariamente não apenas com notícias da Escola, como também da cena teatral brasileira, o endereço virtual traz um conteúdo voltado especialmente para os que amam e procuram mais informações sobre o teatro. O próprio Paroni, por exemplo, mantém algumas seções no site: o Palavra em Cena e o Radioarte, em que trabalha com podcasts, e o Papo com Paroni, que traz artigos com curiosidades e histórias relevantes para qualquer pessoa interessada em arte.

Além de Paroni, outros profissionais do teatro têm espaço garantino no portal. São os colunistas: Ivam Cabral, Marici Salomão, Martin Eikmeier, Sergio Zlotnic, Evaristo M. de Azevedo, João Branco e Bob Sousa. Eles produzem artigos mensais – a exceção de Ivam, que escreve semanalmente –, cada um abordando aspectos significativos de seu próprio campo de atuação.

O endereço também conta com um Acervo Digital. Lançado neste ano, ele foi criado para atender à demanda de preservação da memória da dramaturgia brasileira. Este espaço estende as possibilidades de pesquisa e extensão com um acervo totalmente online que reúne teses, artigos e pesquisas de diversos profissionais contemporâneos, além de coleções como Aplauso e Primeiras Obras.

Outra novidade de 2014 foi a Série Minimalista, uma seção semanal que traz ilustrações de peças e personagens do universo teatral em estilo minimalista, ou seja, criadas com poucos elementos gráficos. Acompanham as imagens textos sobre a obra em questão. Até agora foram publicadas várias ilustrações, muitas delas baseada em clássicos, como “Hamlet”, de William Shakespeare; “Esperando Godot”, de Samuel Beckett; e “Vestido de noiva”, de Nelson Rodrigues.

Experimentos


Experimentar, para a SP Escola de Teatro, significa desbravar territórios desconhecidos até o limite. Se tal caminho for feito de peito aberto, sem medo dos riscos, mudanças são inevitáveis. Aí está o grande combustível da arte. É disso que ela é feita: de redescobertas, reinvenções, transformações.

E é isso, claro, que norteia o Experimento, tido sempre como um dos momentos de maior efervescência dos semestres da Escola. “Em nossa concepção, a vivência da experiência é única, sempre singular e enriquecedora. E é na experimentação que ela é adquirida em sua plenitude, da maneira visceral como tem de ser”, comenta Ivam Cabral, diretor executivo da Instituição.

Essa etapa consiste na reunião de aprendizes de todas as áreas abarcadas pelos oito Cursos Regulares (Atuação, Cenografia e Figurino, Direção, Dramaturgia, Humor, Iluminação, Sonoplastia e Técnicas de Palco) em torno de um projeto comum. Assim, por três vezes durante o semestre, esses grupos, que são chamados de núcleos de trabalho, se debruçam sobre suas próprias investigações cênicas.

Também por três vezes, eles abrem seus processos ao público – sem, no entanto, carregar o peso de uma apresentação de espetáculo ou resultado final. Essa mostra acontece, geralmente, no Território Cultural.

Os pressupostos dos Experimentos são dados pelos módulos em que estão inseridos. É importante frizar que cada semestre corresponde a um módulo para o aprendiz. Assim, semestralmente, dois módulos correm paralelamente (um sob a turma matutina, outro sob a turma vespertina). Tais módulos são divididos por cores: Verde, Azul, Vermelho e Amarelo, cada um trabalhando eixos temáticos distintos, como narratividade, performatividade, personagem e conflito, escrita, etc.

“Trata-se, então, de um momento prioritariamente prático, mas, definitivamente, não desprovido de fundamento teórico”, Ivam Cabral conclui. “Existe um método, tendo por trás uma teoria a ser ensinada, mas como isso será posto em prática ficará a cargo do trabalho realizado pelos aprendizes, sob a tutela dos formadores e coordenadores dos cursos”.

Além do eixo temático, há nos módulos outros elementos que contribuem para a condução do ensino: o operador, modo por meio do qual as técnicas e conteúdos são trabalhados, sendo geralmente um pensador; os materiais de trabalho, que funcionam como um tema e encaminham as investigações; e o artista pedagogo, produções e referências artísticas da contemporaneidade que dão início aos estudos no módulo.

Neste ano, então, começamos com o módulo Azul e seu eixo temático dedicado à a performatividade. Como operador, Elisabeth Young-Bruehl e seu conceito de criancismo; como material de trabalho, a criança e suas múltiplas representações nas Artes Visuais e, como pedagogo, a companhia teatral britânica Forced entertainment.

Paralelamente, o módulo Verde adotou como eixo temático personagem/conflito. O operador também foi Elisabeth Young-Bruehl e seu conceito de criancismo; o material de trabalho foi composto por textos que tratam do universo da criança e entrevistas e depoimentos sobre a infância, e, finalmente, o pedagogo foi o dramaturgo, escritor, roteirista e compositor inglês Philip Ridley.

Já no segundo semestre, o módulo Amarelo teve como eixo temático a narratividade. O operador foi o economista francês Thomas Piketty; o material de trabalho foi “Dinheiro e poder no Brasil”, tendo como elemento disparador a trajetória do empresário Eike Batista, e, finalmente, o pedagogo foi René Pollesch, dramaturgo e escritor alemão.

E, no módulo Vermelho, diferentemente dos outros, o eixo temático deveria ser definido por cada núcleo, assim como o artista pedagogo. Tanto o material de trabalho quanto o operador foram os mesmos do Amarelo.

Outra característica do Experimento é a distribuição da responsabilidade criativa. Dessa forma, um aprendiz de Direção não tem mais valor que um de Técnicas de Palco: ambos são igualmente responsáveis pela criação em grupo, cada um à sua maneira, mas contribuindo no mesmo nível para o nascimento de propostas e soluções compatíveis com a pesquisa do grupo.

A ousadia da proposta pedagógica da Escola, que é não hierárquica, não acumulativa e modular, é um dos principais diferenciais da Instituição, como reforça Ivam Cabral: “Essa estrutura nos coloca em um espaço único entre as escolas de teatro, uma das singularidades que mais chamam a atenção de profissionais e instituições de todo o mundo”.

Circo


No início de agosto, a SP Escola de Teatro começou a trilhar um caminho mais cômico, mais acrobático, mais malabarístico, enfim, mais circense, que marcou o ano da Instituição. Naquele mês, a Escola promoveu o Seminário de Circo, que anunciou o lançamento de uma série cursos de Extensão Cultural na área circense. Os encontros contaram com a participação de importantes nomes da cena cultural brasileira, como o Secretário da Cultura do Estado, Marcelo Mattos Araújo.

Depois disso, foi hora de colocar a mão na massa e praticar – e estudar – muito. Geridos pela Coordenação de Projetos Especiais da Instituição, sob a batuta de Lucia Camargo, e com curadoria de HugoPossolo, os cursos tiveram 64 horas de duração cada e ofereceram certificado de conclusão aos participantes.

Ao todo, foram mais de 20 cursos, que atenderam a um total de 300 participantes – de iniciantes até aqueles que já estão em atividade – entre mais de 2 mil inscritos. “O projeto investe em formação e qualificação profissional para preencher demandas socioculturais na área, além de procurar fortalecer a relação entre a comunidade e o circo”, comenta Ivam Cabral, diretor executivo da Escola.

Uma infinidade de áreas do circo foram abarcadas pelos cursos: modalidades solo e aéreo, malabares, palhaçaria, produção e gestão, diabolô, percha, trapézio, dramaturgia, história, mágica, mastro chinês e muitas outras.

“Hoje, a busca pela excelência artística, com aprimoramento técnico e visão estética contemporânea é uma enorme necessidade para a continuidade das Artes Circenses. Felizmente, a Secretaria de Estado da Cultura estimulou, incentivou e apoiou a SP Escola de Teatro, que abriga em seu projeto os cursos de Extensão Cultural, que promovem o encontro com diversas outras linguagens e que percebeu esse campo de qualificação necessária ao circo brasileiro”, comenta Hugo Possolo, que também é coordenador de Atuação na Escola.

Depois de muitos saltos, quedas e palhaçadas, como forma de concluir essa intensa série de atividades, a Escola compartilhou com o público uma parte do resultado dos cursos ministrados, em uma celebração a essa arte milenar e ao Dia Internacional do Palhaço, celebrado no dia 10 de dezembro.

Apresentado no dia 11 de dezembro, levando grande público ao Teatro Sérgio Cardoso, o espetáculo reuniu em uma única apresentação orientadores e participantes de 21 cursos. A montagem foi criada sob direção artística de Beto Andreeta, com assistência de direção de Vanderlei Piras e consultoria de Hugo Possolo.

E não se engane pensando que isso é tudo. Para 2015, mais cursos de circo já abriram inscrições e serão realizados a partir de janeiro. “Esperamos que cada vez mais as Artes Circenses trilhem caminhos inovadores em sua formação, difusão e fruição e que possamos estar consolidando os primeiros de um projeto que sonha ser ainda maior”, confirma Hugo.

A ESCOLA DE CASA NOVA


Em 2014, além de muitos novos projetos e outros que ganharam continuidade, a SP Escola de Teatro ganhou uma casa nova. Depois de anos escrevendo uma bela história no Brás, em agosto a Instituição se mudou para mais perto de suas outras sedes, Roosevelt (Praça Roosevelt) e Ateliê (na Rua Rego Freitas), ambas na região da Consolação, zona central da cidade de São Paulo.

O novo território a ser explorado e transformado pela Escola fica na Rua Marquês de Itu, número 273/285. A nova sede recebeu, no dia 23 de agosto, os aprendizes para a primeira aula nas novas salas, e desde então já sediou uma série de atividades, como cursos de Extensão Cultural, aulas de circo, Experimentos e espetáculos.

“Como sempre procuramos fazer, a escolha do local levou em consideração fatores que vão muito além dos habituais – preço, localização estratégica, etc. Como eternos aprendizes de Milton Santos, entendemos que território é muito mais que uma mera superposição de um conjunto de sistemas naturais. A população e sua cultura e história, o chão sobre o qual se pisa e a realidade social conferem ao espaço uma identidade única e singular: território é, ao mesmo tempo, base, residência e espaço de troca”, escreveu Ivam Cabral, diretor executivo da Instituição, em uma de suas colunas.

Segundo ele, a chama de utilizar a arte como ferramenta de transformação social está cada vez mais acesa. “Que a inauguração de nossa nova sede possa trazer luzes e esperança para este território histórico e importante para a cidade. Que seja mais um espaço fértil, de onde possam nascer não apenas bons profissionais, mas laços e parcerias de uma rede de solidariedade verdadeira e forte!”, desejou.

Acessibilidade


“Criar mecanismos de acesso que assegurem, primeiramente, a preservação de identidades e gêneros, sejam eles quais forem.”

Eis uma definição resumida, mas precisa, do que significa acessibilidade para a SP Escola de Teatro. Este conceito acompanha as ações da Instituição desde sua fundação. Em 2014, novamente, uma série de ações voltadas à acessibilidade foram concretizadas.

“Primeiramente, não acredito em premissas de inclusão. Por isso, prefiro sempre pensar que a palavra ‘acessibilidade’ é a que melhor define o que estas políticas querem fazer. Isto porque eu não gosto de pensar, por exemplo, que deficientes ou nordestinos ou negros ou índios ou homossexuais precisem ser incluídos. Repudio essa ideia. Grupos como esses precisam – e urgentemente – de acesso”, explica o diretor executivo Ivam Cabral.

Pensando nisso, o projeto de acessibilidade já começou a ser posto em prática quando a Instituição, em sua concepção, reservou as vagas na recepção a transexuais e travestis – neste ano, inclusive, elas tiveram um encontro com duas transgêneros ilustres: Laerte Coutinho, cartunista, e Jo Clifford, dramaturga, performer, jornalista, radialista e professora escocesa, para uma conversa sobre o movimento LGBTS.

Desde então, uma infinidade de outras iniciativas segue o mesmo caminho, a começar pelas adaptações no espaço físico, como banheiros acessíveis, rampa de acesso e elevador.

Logo no começo do ano, a Escola promoveu o curso “Dança sem limites”, com Fernanda Amaral, coreógrafa, bailarina, atriz e educadora com mais de 25 anos de experiência profissional.

Voltado tanto a estudantes com deficiência quanto àqueles interessados em traalhar com pessoas com deficiência, o curso utilizou como ponto de partida as singularidades das experiências e habilidades de cada participante e suas características culturais, promovendo oportunidades para bailarinos, atores e interessados com e sem deficiência participarem juntos de forma ativa na criação de um produto artístico.

No dia 5 de fevereiro, o grupo encerrou o período com uma apresentação que mostrou um pouco do que foi desenvolvido ao longo do curso. Mais tarde, em setembro, Fernanda e sua companhia Dança sem Fronteiras apresentaram o espetáculo “Olhar de neblina” na Escola.

No mês seguinte, a Escola realizou a cerimônia de entrega do Prêmio Acessibilidade 2013, promovido pela Instituição em votação online realizada em seu portal, com o objetivo de promover o debate e premiar profissionais e ações voltadas à acessibilidade.

O Prêmio foi dividido em cinco categorias: Artes do Palco, Políticas Públicas, Cidadania, Equipamentos Culturais e Personalidade do Ano. Para cada uma delas, foram indicados 10 nomes, selecionados por um júri composto por sete profissionais de diversas áreas. São eles: Antenor José de Oliveira Neto, Cid Blanco Junior, Cássio Rodrigo, Ivam Cabral, Leandro Knopfhloz, Leonidas Oliveira e Luiz Carlos Lopes.

Foram computados mais de 123 mil votos. Os vencedores foram: Marcos Abranches (Artes no Palco); Circo Crescer e Viver (Cidadania); Cine Theatro Brasil Vallourec (Equipamentos Culturais); Daniel Gaggini (Personalidade do ano) e Governo do Estado de São Paulo (Políticas públicas). Eles levaram para casa o troféu cujo desenho foi assinado por outro grande artista: Gilberto Salvador, que doou a criação da obra à Instituição.

O Prêmio também contemplou uma categoria especial, o Grande Prêmio Acessibilidade 2013, dedicada ao promotor Maurício Antônio Ribeiro Lopes, por sua preocupação com a cidade e com o território, além de dialogar com os mais variados agentes de transformação cultural.

Uma das iniciativas cotidianas que permearam o ano foi criada pelo Programa Kairós ainda em 2013 e mantida em 2014: um grupo de deficientes visuais foi contratado para sessões semanais de massagem, que alegram e tranquilizam o cotidiano dos colaboradores.

Ainda deu tempo de a Escola promover um treinamento em acessibilidade na cultura, afinal, os espaços culturais de São Paulo são, em sua maioria, lugares que recebem os mais diversificados públicos. A preocupação em respeitar a diversidade, entretanto, não pode excluir uma parcela da população que possui necessidades especiais e que deve ser tratada com igualdade: o público com deficiência.

Com a intenção de discutir o tema e preparar suas equipes para otimizar a prestação de serviço e atendimento, a Secretaria do Estado da Cultura, o Sesc-SP e o British Council realizaram, através da SP Escola de Teatro, da APAA – Teatro Sérgio Cardoso, do MIS e do MAM, o Shape Arts, um treinamento em acessibilidade na cultura. O evento foi correalizado pela Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Mais Diferenças e com apoio da Arts Council England.

O curso foi dividido em cinco módulos de treinamento: Atendimento ao público, comunicação (marketing e divulgação), legislação, curadoria e programação, e diretorias e gerência.

Programa Kairós


O Programa Kairós é responsável pela efetivação de uma das principais características da SP Escola de Teatro, o seu olhar humanista sobre os sujeitos que a integram. Esse cuidado abrange não apenas os aprendizes regulares, mas também os egressos, por meio de ações de acompanhamento da trajetória profissional após formação. Partindo dessa visão, a sociabilidade é articulada sobre vetores educacionais sustentáveis.

O olhar humanista a que se propõe ultrapassa a simples ideia de auxílio financeiro aos mais desfavorecidos economicamente. Uma das propostas é estabelecer articulações entre a arte e a comunidade/sociedade, em processos que buscam uma concepção ampliada de arte com proposições críticas e criativas, ações que aproximem os aprendizes de sua função de artistas/cidadãos. Busca, também, processos colaborativos com outras organizações, na tentativa de diluir fronteiras entre a arte e o contexto da vida cotidiana.

Uma de suas principais ações é a concessão da bolsa-auxílio chamada Bolsa-Oportunidade. Além de conceder este benefício, o Programa Kairós promove ações como elaboração de projetos sociais e/ou culturais, estágio para os aprendizes da Escola, colocação profissional para aprendizes em formação e egressos, intercâmbios culturais – nacionais e internacionais –, e captação de recursos e/ou parcerias junto a órgãos públicos, ONGs, organismos internacionais e empresas privadas.

Durante o ano de 2014, o departamento destinou um total de R$ 915.584,00 para os aprendizes contemplados com a bolsa-oportunidade, sendo R$ 449.084,00 no Edital 01/2014 e R$ 466.500,00 no Edital 02/2014. Ao todo, foram contemplados, recebendo ao menos uma parcela da Bolsa, um total de 210 aprendizes, e 107 aprendizes foram contemplados em ambos os editais.

O benefício da Bolsa-Oportunidade consiste em uma ajuda indispensável para gastos com transporte, alimentação e compra de materiais de muitos aprendizes contemplados, constituindo-se como um fator basilar à formação daqueles em vulnerabilidade socioeconômica e imprescindível ao pleno acesso deles aos bens culturais.

E a geração de acessos à cultura não se limita aos aprendizes: como contrapartida às bolsas-oportunidades, eles devem desenvolver atividades que contribuam com o processo de aprendizado proposto nos Cursos Regulares. Com essas ações, realizadas em consonância com o Departamento Pedagógico, os bolsistas devolvem à sociedade o apoio, e em forma de arte, claro.

Durante o ano, foram realizadas 20 atividades de contrapartidas, cada uma com propostas diferentes, numa grande variedade de proposições: do SP Dramaturgias, projeto de leituras dramáticas, até o Escambo Literário, que incentiva à troca de livros; da monitoria em cursos e projetos ao “Qual é o seu nome?”, que lança um olhar afetivo aos moradores de rua; do Kabaridades, dedicado ao estudo e demonstração de trabalhos cômicos, ao Radio Drama, estudo histórico sobre a radionovela brasileira e criação de programas; do São Paulo com Arte, em que são criadas e realizadas intervenções artísticas urbanas, ao Além do Gênero, que abre um espaço regular para o debate sobre a diversidade.

O Kairós também é responsável por um esforço de compreensão do universo da Escola, dos aprendizes e da comunidade. Assim, em 2014, o departamento desenvolveu duas grandes pesquisas: a Avaliação 360º Graus, questionário desenvolvido para avaliar a Instituição como um todo, em suas múltiplas dimensões de ação; e a Pesquisa de impacto social, iniciada em maio com o objetivo de aferir qual será o impacto da mudança da Sede Brás para a Sede Marquês.

Alguns números interessantes do setor revelam a importância de sua existência: 31 estágios profissionais oficializados; 9 formalizações de convênios e parceiras com empresas ligadas às artes do espetáculo; 117 oportunidades de trabalho/estágio divulgadas; e 2137 ingressos doados, totalizando R$ 65.025,00.

É impossível falar sobre o Kairós sem tocar em um de seus mais férteis projetos: os intercâmbios culturais.

Logo no início do ano, a Escola recebeu três novos intercambistas, cada um vindo de um País e, inclusive, de continentes diferentes: a uruguaia Jimena Ríos, que estudou Cenografia e Figurino, e a moçambicana Rita Couto e o português Bernardo Xavier, que cursaram Atuação.

Uma das parcerias nesse âmbito também cria uma ponte que liga o Brasil a um pequeno país insular africano. Com Cabo Verde, a Escola trava diálogos desde 2012, com o apoio da Associação Artística e Cultural de Mindelo (Mindelact).

Em 2014, esse laço não só foi mantido como fortificado, gerando resultados para ambos os lados: Elton John e Ricardo Fidalga, aprendizes cabo-verdianos, cumpriram intercâmbio na SP Escola de Teatro. Elton estudou Atuação e Direção, enquanto Ricardo fez Humor. Do lado brasileiro, um aprendiz da Escola foi ao país para explorar sua musicalidade e levar os sons do Brasil. Selecionado por meio de um Edital, Renato Navarro, aprendiz egresso de Sonoplastia, ministrou oficinas e desenvolveu uma pesquisa por lá.

Dois representantes da Escola foram à Polônia em março, a convite do Departamento de Cultura de Marshal, através do programa “Wake up – call for culture”, cofinanciado pela União Europeia. Lá, eles foram apresentados às performances do Nowy Theater, Theater of the Eighth Day, Great Theatre e da Poznań Philharmonic Orchestra.

Em abril, a Colômbia também ficou mais perto do Brasil. Isso porque dois representantes da Escola foram ao país, para participar do Congresso Ispa (International Society for the Performing Arts). No primeiro semestre, a parceria com a Suécia, mantida já há anos, ganhou novos e potentes capítulos: duas aprendizes da Escola foram para lá, concretizando o intercâmbio cujo edital foi lançado no ano passado. As selecionadas, Olivia Vieira, de Atuação, e Daniela Miranda, de Humor, tiveram a oportunidade de estudar na renomada Stockholm Academy of Dramatic Arts (Sada) durante dois meses. Além delas, quatro representantes pedagógicos da Escola também foram em outra ocasião.

E o Brasil também recebeu de braços abertos vários suecos da Sada, incluindo uma delegação de cinema que veio trocar ideias com a diretoria e a equipe pedagógica. E mais: dois aprendizes suecos integraram os Cursos Regulares durante três meses, Klas Lagerlund e Malou Zilliacus.

Em novembro, o coletivo performático OuUnPo (Ouvroir d’Univers Potentiels), formado por artistas, curadores e pesquisadores europeus, encerrou o ciclo de pesquisa denominado “Catastrophe & Heritage” (Catástrofe e Herança), que teve início em 2012 e já passou por Suécia, Itália, Japão, Grécia e Líbano. Um dos locais escolhidos para o evento foi a SP Escola de Teatro.

Outro foco do ano foi a Polônia. Em 2014, a Escola lançou um Processo Seletivo de Intercâmbio para o país. Cumpridas as etapas da seleção, lá foram Aline Negra Silva e Felipe de Oliveira, aprendizes egressos dos cursos de Direção e Cenografia e Figurino, respectivamente. A proposta era a montagem de um texto do dramaturgo tcheco Roman Sikora, com a equipe da instituição parceira, o Teatr Fredry, da cidade de Gniezno, sob direção artística de Lukasz Gajdzis.

Depois de dois meses de trabalho, a montagem estreou no dia 19 de dezembro. E não apenas lá, mas aqui no Brasil também, no mesmo dia, só que com outra equipe, formada por aprendizes atuais e egressos da Escola, sob direção de Adriana Lobo Martins.

Para encerrar um ano tão repleto de contatos internacionais, o Programa Kairós está oferecendo uma nova vaga de intercâmbio cultural, desta vez para a Inglaterra e voltada a aprendizes de Atuação e Humor. As inscrições vão até o dia 9 de janeiro. O selecionado estudará durante alguns dias na conceituada Guildhall School of Music & Drama, que foi eleita pelo jornal britânico The Guardian como instituição especializada número 1 do Reino Unido em 2013 e 2014. “Além de todo reconhecimento por conta do ensino de excelência que ela oferece, a Guildhall é uma instituição com mais de 130 anos. Saber que uma escola desse porte está interessada em travar contato com nós, aqui, é definitivamente surreal. É um privilégio que certamente renderá frutos belíssimos em breve”, diz Ivam Cabral.

Extensão Cultural


Se a SP Escola de Teatro aprofunda e torna cada vez mais abrangentes suas ações, um dos principais responsáveis por isso é o setor de Extensão Cultural da Instituição.

O departamento gere os cursos de Extensão Cultural, gratuitos e implantados sob os mesmos preceitos pedagógicos e artísticos dos Cursos Regulares. A proposta é firmar pontes diretas com criadores e pensadores de outras esferas e mobilizar a população e os artistas amadores e profissionais interessados em aperfeiçoar ou ampliar seus conhecimentos não apenas na área teatral, mas em outras do universo da cultura e da arte.

Neste ano, foram oferecidos mais de 30 cursos ao público, todos gratuitos, com carga de 64 horas e orientados por profissionais de vasta experiência e reconhecidos em suas áreas de atuação. Os temas abraçavam um extenso campo do saber artístico e cultural: de dublagem a performance, de dança a desenho, de iluminação a documentário, entre muitas outras.

Onze deles, inclusive, foram orientados por artistas internacionais: a portuguesa Ana Pais ministrou “Dramaturgismo no século XXI: procedimentos”; o renomado italiano Enrico Bonavera, “Commedia dell’arte”; sete artistas suecos orientaram “Iniciação em documentário para cinema e TV”; o português Pedro Zegre Penim conduziu “Procassos criativos teatrais: experimentações”, e Eliot Shrimpton veio da Inglaterra para orientar “Atuação na cena: preparação do ator”.

Apesar desse grande volume, o setor não se limita a oferecer cursos. Muito pelo contrário.

Além dos cursos presenciais, foram promovidas rodas de conversas, como as duas realizadas no primeiro semestre, sobre pedagogia do teatro e sobre processo criativo no teatro contemporâneo; mesas de discussão, como a que foi organizada sob o tema “Desconstruções: o traumático e o ato criativo”; palestras; bate-papos online semanais no portal da Escola; e o Estação SP, que estabelece parcerias com diferentes instituições e equipamentos culturais, na tentativa de suprir demandas formativo-culturais do interior paulista – neste ano, as cidades englobadas foram Tatuí, Registro e Paraitinga.

Depois de tudo isso, a Extensão Cultural já está se preparando para o início de 14 cursos no mês de janeiro, englobando áreas como circo, cinema, performance, fantoches, dramaturgia, teatro musical e muito mais.

Apresentação


Dia 18 de janeiro de 2014, sábado de manhã. Brás, região central de São Paulo: dezenas de estudantes estão reunidos no prédio de número 2.401 da Avenida Rangel Pestana. Os responsáveis pela movimentação são os novos aprendizes da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, ansiosos pelo que viria no primeiro dia de aula na concorrida Instituição.

Durante as horas seguintes, os aprendizes foram apresentados à diretoria e aos coordenadores dos Cursos Regulares e receberam seus kits e camisetas. Os ingressantes também participaram de duas oficinas que funcionam como ritual de iniciação: na primeira, os aprendizes colocaram a mão na massa e aprenderam a arte de fazer pães, que logo em seguida foram degustados. Na segunda, o artista plástico Juvenal Irene conduziu os participantes em uma aula de pintura de azulejos.

À tarde, ainda haveria um encontro com o escritor e roteirista Antonio Prata e uma leitura dramática do texto “Estações”, da aprendiz de Dramaturgia Nina Nóbile.

Nesse ritmo intenso, misto de celebração, estudo, experimentação e comunhão, começou e seguiu até o fim o ano letivo da SP Escola de Teatro.

Como o sistema pedagógico da Escola prevê Cursos Regulares de dois anos, estruturados em quatro módulos independentes e autônomos, o primeiro semestre abrigou os aprendizes em dois módulos, cada um com suas próprias provocações: o Azul, abrangendo os aprendizes do período vespertino, e o Verde, do período matutino.

O módulo Azul teve como eixo temático a performatividade e, como operador – ou seja, o modo por meio do qual as técnicas e conteúdos são trabalhados, sendo geralmente um pensador –, Elisabeth Young-Bruehl e seu conceito de criancismo; o material de trabalho foi composto pelas Artes Visuais (a criança e suas múltiplas representações), e, finalmente, o pedagogo que serviu de referência para os estudos foi a companhia teatral britânica Forced entertainment.

Já o módulo Verde teve como eixo temático personagem/conflito. O operador – ou seja, o modo por meio do qual as técnicas e conteúdos são trabalhados, sendo geralmente um pensador –, também foi Elisabeth Young-Bruehl e seu conceito de criancismo; o material de trabalho foi composto por textos que tratam do universo da criança e entrevistas e depoimentos sobre a infância, e, finalmente, o pedagogo que serve de referência para os estudos foi o dramaturgo, escritor, roteirista e compositor inglês Philip Ridley.

Foi sobre essa base que os aprendizes estudaram e desenvolveram suas proposições, ora em sala de aula, com seus colegas de curso, ora em grupos de trabalho formados por aprendizes de todas as áreas abraçadas pelos oito Cursos Regulares da Instituição: Atuação, Cenografia e Figurino, Direção, Dramaturgia, Humor, Iluminação, Sonoplastia e Técnicas de Palco.

O segundo semestre letivo, por sua vez, teve início no dia 21 de julho, com uma divertida aula inaugural ministrada pelo irreverente ator, humorista e comediante Fábio Porchat, um dos idealizadores do canal Porta dos Fundos, que também tem formação em teatro, pela CAL – Casa de Artes das Laranjeiras.

A partir daí, o semestre foi dividido nos dois módulos restantes: o Amarelo (matutino) e o Vermelho (vespertino). O primeiro teve como eixo temático a narratividade. O operador foi o economista francês Thomas Piketty; o material de trabalho foi “Dinheiro e poder no Brasil”, tendo como elemento disparador a trajetória do empresário Eike Batista, e, finalmente, o pedagogo foi René Pollesch, dramaturgo e escritor alemão.

No módulo Vermelho, diferentemente dos outros, o eixo temático deveria ser definido por cada núcleo, assim como o artista pedagogo. Tanto o material de trabalho quanto o operador foram os mesmos do Amarelo.

Novamente, os aprendizes trabalharam conteúdos específicos do curso e, depois, utilizaram tais conhecimentos com seus núcleos de trabalho. Na fase mais importante do semestre, chamda de Experimento, todas as áreas se encontram e dão origem a um projeto comum. Saiba mais sobre o que aconteceu nos Experimentos deste ano.