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O Teatro, uma Experiência Viva

Publicado em: 02/10/2017 |

Soluções prontas, formas estéticas prontas não devem fazer bem ao teatro. Não fabricamos espetáculos em fôrmas pré-moldadas. Devemos viver cada processo e, enquanto ele dura, abrir nossas defesas e nos entregar a novas viagens estéticas, que desvendem recantos escondidos da nossa consciência e do nosso ser.

Arriscar em formas e conteúdos novos é obrigatório para o artista do teatro crítico, negando a estabilidade das fórmulas bem-sucedidas e procurando novos horizontes para a manifestação dos conteúdos latentes. Só assim o teatro pode se tornar verdadeiramente uma experiência viva.

Forma como alteridade da Arte em relação à Sociedade. O campo da estética procura a diferença para se manter crítico. O teatro precisa das formas para que se encham com os conteúdos. Mas as formas, logo depois de usadas, devem ser totalmente abandonadas, para que o artista não comece a mofar dentro delas, para que as formas não se transformem em “marcas” a serem usadas nos “produtos culturais” dentro da indústria cultural. Formas limitam e libertam somente quando são destruídas e reconstruídas. Caso contrário, são a morte, pois transformam-se em mercadoria de troca.

Os conteúdos estão por todos os lados – basta observar. A si próprio, ao outro, ao vizinho, ao milionário, às manchetes dos jornais. Conteúdos e coisas a falar, temos muitos.

Mais do que o espetáculo, o teatro é um agente social transformador que, ao negar o sempre-igual-da-lógica-do-lucro da Sociedade Pós-Industrial, aponta novos rumos para a convivência social.

Teatro é um espaço real, vivo, atuando na dinâmica social; e suas consequências são evidentes no seu entorno.

Por ser uma arte coletiva, o teatro implica num acordo de todos os artistas envolvidos em seu processo, em que todos se sintam possuidores de uma alma artista que, de uma forma ou de outra, se manifesta claramente na obra final. Nenhum artista é livre no palco se não se sentir livre para fazer as opções estéticas em seu processo.