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Contagem Regressiva para o Amanhã, Sem Esquecer o Ontem

Publicado em: 02/10/2017 |

Fim de ano, época de balanço geral, de retrospectivas, de confraternizar. E há muito o que lembrar e comemorar, mas não faz sentido falar do hoje sem relembrar como tudo começou. Foi assim: há alguns anos, eu sonhava mudar o mundo, mas ainda não tinha um plano desenhado para concluir essa meta.

Em meados de 2005, surge a primeira ideia. Mas era só uma ideia. Maturada ao longo de anos, com outros loucos sonhadores, ela se concretiza em novembro de 2009, com o lançamento da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco.

Já não era mais só uma ideia. Três anos, muito trabalho, muito suor, muitas lágrimas e muitas alegrias depois me trazem aqui hoje em clima de comemoração. Sim, nós estamos, de fato, a caminho de mudar o mundo. E eu faço parte integrante desse sonho que virou realidade. O que me enche de orgulho.
2012 não foi um ano fácil. Talvez, a melhor palavra para defini-lo seja “intenso”. Muita coisa boa aconteceu, outras nem tanto, mas, sem dúvida, não houve tempo para ninguém ficar parado. Especialmente aqui na SP Escola de Teatro.

Na retrospectiva que vocês podem ler a partir de segunda-feira (24/12), em nosso Portal, contamos o que aconteceu em 2012 aqui na Escola. Deste modo, vou me ater ao que me leva de volta ao sonho de mudar o mundo.
Pra realizar grandes transformações, é preciso conhecer o mundo, o que implica em muitas viagens, não como turista, mas com olhos de quem quer aprender e compartilhar. E foi assim que esse ano, representando nossa Escola, eu, aprendizes e formadores pudemos conhecer melhor diferentes culturas e realidades sociais. Em suma, a força motriz deste ano veio desses intercâmbios.

Em maio, viajei a Cuba para participar da Semana de Lecturas Dramatizadas de Teatro Brasileño  Actual, no centro cultural Casa del ALBA, na Ilha de Fidel. O evento foi uma realização da Embaixada Brasileira em Cuba, por iniciativa de Sergio Couto, responsável pela área de Cultura do órgão. A ideia era fazer um intercâmbio reunindo produções de autores cubanos e brasileiros. Assim, 12 peças brasileiras foram traduzidas para o espanhol e 12 peças cubanas, para o português. Eu, com a peça “Faz de Conta que Tem Sol Lá Fora”, e a Marici Salomão , com “Impostura”, tivemos o privilégio de ter nossos trabalhos selecionados para esse projeto, que também contou com textos dos brasileiros Paulo Biscaia Filho, Marcos Barbosa, Aimar Labaki, Sérgio Roveri, Newton Moreno, Jô Bilac, Rodrigo Nogueira , Daniela Pereira de Carvalho, Francisco Carlos e Diones Camargo.

Mas o contato com outras escolas das mais diversas partes do planeta começou mesmo com a parceria de oito anos, firmada em junho, entre a SP Escola de Teatro e a Academia de Artes Dramáticas de Estocolmo (em sueco: Stockholms Dramatiska Högskola, conhecida pela sigla Sada), uma fusão da Academia do Real Teatro Dramático de Estocolmo (em sueco: Kungliga Dramatiska Teatern or Dramaten) e da Universidade-Escola de Cinema, Rádio, Televisão e Teatro (em sueco: Dramatiska Institutet, DI).

A primeira é a mais antiga e a principal da Suécia, fundada em 1788 e voltada para a formação de atores e comediantes. Dela, saíram nomes como Greta Garbo e a atriz Lena Olin. Já a Universidade-Escola de Cinema, Rádio, Televisão e Teatro foi inaugurada pelo governo sueco em 1970, tendo, portanto, 42 anos de história. Ela coloca no mercado diretores de teatro, cenógrafos, iluminadores, entre outras profissões ligadas às técnicas de palco.

O processo de cooperação deverá desenvolver-se em duas etapas: de 2012 a 2015 e de 2016 a 2019. Na primeira, serão envolvidos, em intercâmbios, os professores e coordenadores de ambas as instituições, a fim de alargar a parceria. Assim, professores suecos serão convidados a ministrar oficinas e workshops na SP Escola de Teatro, bem como coordenadores da Escola viajarão para a Suécia para comandar atividades com os alunos de lá. A ideia é compor uma produção com alunos da Academia e aprendizes da SP Escola de Teatro. Já a segunda fase pretende registrar, em um vídeo-documentário e em um rádio-documentário, bem como em uma publicação escrita, todo o processo da parceria sueco-brasileira, que deverá culminar em uma exibição dessas produções no Royal Dramatic Theatre, em Estocolmo, além de uma performance mesclando aprendizes brasileiros e alunos suecos.

Houve ainda um projeto envolvendo o intercâmbio de alunos da SP Escola de Teatro com a Escuela Nacional de Teatro de Santa Cruz de La Sierra. Assim, em julho, os aprendizes Nádia Verdum e Éric Moura embarcaram para a Bolíva, onde permaneceram dois meses estudando ali. Depois, foi a vez de o boliviano Antonio Peredo Gonzalez sair de Santa Cruz de La Sierra para passar dois meses aqui.

Já em agosto, o formador do curso de Atuação da Escola, Filipe Brancalião, foi convidado a participar, na Dinamarca, do Odin Festival, promovido pelo Odin Teatret, do emblemático Eugenio Barba (que, neste mês, passou pela SP Escola de Teatro).

Recentemente, como eu já escrevi neste espaço, estive participando do 3º Encontro Internacional de Políticas de Intercambio no Ámbito das Artes Escénicas, na Galícia, onde pude apresentar o modelo pedagógico da Escola e conhecer outros projetos que ensinam e pensam teatro, especialmente nos países que falam o idioma português, como Moçambique, Guiné-Bissau, Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, além de Portugal.

Enfim, tudo isso pra dizer que se 2012 foi um ano “intenso”, em que pudemos expandir, literalmente, nossas fronteiras, 2013 não será menos vigoroso e a prova disso é que já iniciamos o ano recebendo, em parceria com a Instituto Hemisférico de Performances e Política de Nova York, o Sesc e a Universidade de São Paulo,  o 8º Encontro de Performances e Política.

Que Dioniso continue nos permitindo a “pretensão” de mudar o mundo. Evoé!