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A Escola / RETROSPECTIVAS



Apresentação


Na astrologia, o ano de 2016 é considerado um ano universal 9. Isso porque é este o resultado que se obtém quando somados os algarismos que compõem o número 2016. O ano 9, nas teorias dos astros, é um ano de mudanças, finalizações. Verdade ou não, a análise se encaixa na SP Escola de Teatro: despedimo-nos de nossa sede na rua Marquês de Itu para voltar à nossa antiga casa, agora renovada, no Brás.

Mas a casa que nos recebeu nos últimos tempos foi palco de momentos marcantes deste ano que termina. Foi a querida “garagem da Marquês” que recebeu o competente trio de artistas Grace Passô, Fernanda D’Umbra e Alessandra Negrini para o bate-papo que abriu o ano na Escola. Como ocorre semestralmente, no mesmo dia os aprendizes ingressantes participaram dos rituais do pão e da pintura de azulejos, uma divertida forma de dar boas-vindas à Instituição.

No primeiro semestre de 2016, os aprendizes foram divididos nos Módulos Azul e Verde, tendo a escritora nigeriana Chimamanda Adichie como operadora de seus experimentos. A partir do álbum “A Mulher do Fim do Mundo”, de Elza Soares, eles desenvolveram criações influenciadas pelos artistas-pedagogos Stef Smith e Angélica Liddell. O feminismo falou alto nos ambientes de nossas sedes.

Durante o ano, a Escola deu continuidade a seus oito Cursos Regulares: Atuação, Cenografia e Figurino, Direção, Dramaturgia, Humor, Iluminação, Sonoplastia e Técnicas de Palco.

No dia 30 de julho, a garagem, novamente, foi o lugar de boas-vinda aos aprendizes ingressantes. A abertura do segundo semestre ficou por conta da atriz Maria Fernanda Cândido, que falou sobre sua carreira e sobre a Casa do Saber, projeto do qual é sócia e que promove o acesso à cultura.

Nesta etapa do ano, os aprendizes integraram os Módulos Amarelo e Vermelho, tendo como operador o psicanalista Jorge Forbes, trabalhando o conceito de “Philia”. Partindo de relatos de amizade, os aprendizes do Amarelo produziram trabalhos com base no artista-pedagogo Tim Burton. Os integrantes do Vermelho tiveram liberdade para fazer suas próprias escolhas.

Estas foram só algumas das atividades da SP Escola de Teatro em 2016, um ano intenso para a Instituição. Veja, nos próximos textos, outras ações que ocorreram pelas salas e corredores de nossas sedes.

Biblioteca e Lançamentos


Um dos setores da SP Escola de Teatro que tiveram maior crescimento em 2016 foi, sem dúvidas, a biblioteca. Com uma série de ações que tiveram bom efeito, o espaço mostrou que não se restringe a um estoque de livros, mas possibilita trocas e reflexões entre os aprendizes e a comunidade.

Entre as iniciativas, uma teve amplo destaque: o Projeto SP Livros. Simples, a ideia consistia em deixar carrinhos-de-mão com livros espalhados pelo centro de São Paulo. Os passantes poderiam pegar os livros e levar para casa, sendo incentivados a doar outros volumes para a biblioteca.

A divulgação do projeto no portal da Escola teve grande repercussão, o que deu pistas de como a iniciativa seria recebida. Em poucos minutos, os livros já tinham se esgotado. O sucesso deu pano pra manga, e o SP Livros teve outras edições ao longo do ano.

Além disso, a biblioteca despontou em uma intensa programação de lançamentos de livros, sempre acompanhados de palestra com autores e um período dedicado à venda de volumes e autógrafos.

Desta programação, destacam-se o evento que uniu os lançamentos de “Pessoas Sublimes”, de Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez, e  “Monólogos de um Reacionário”, de Marcio Aquiles. O acadêmico de Artes Cênicas Edélcio Mostaço também falou, na Escola, sobre seu livro “Soma e Sub-tração: Territorialidades e Recepção Teatral”.

Outros grandes nomes passaram por nossa sede na praça Roosevelt, como Elena Vássina, Aimar Labaki, Ingrid Koudela e José Simões. E tivemos até uma visita internacional! A inglesa Julia Varley, da companhia dinamarquesa Odin Teatret, falou sobre seu livro “Uma Atriz e suas Personagens”.

Circo


Em 2016, a SP Escola de Teatro deu continuidade ao ensino das Artes Circenses, com as quais começou a flertar em 2014. Após promover doze cursos no ano passado, as aulas foram incrementadas este ano, sob a coordenação de Lucia Camargo e Elen Londero. Mais de 20 cursos foram ministrados na Escola e mais de 400 alunos tiveram aulas de diversas áreas do circo: desde a maquiagem de caracterização até técnicas de mímica para comediantes e palhaços.

A divulgação das oficinas de circo fez alarde no site da Escola e em suas redes sociais, com muita interação do público e demonstrações de interesse.

Após receber quase 1500 inscrições em seus cursos de circo, a SP Escola de Teatro espera, em 2017, poder desenvolver outras ações na área das Artes Circenses para atender a essa demanda tão expressiva do público paulista.

Convidados Especiais


A SP Escola de Teatro se orgulha por poder contar com alguns dos mais conceituados profissionais da área teatral em sua equipe pedagógica. Como a busca por excelência no ensino já é parte da rotina da Instituição e todo contato com outros profissionais pode trazer frutos inéditos e satisfatórios, diversos convidados de várias áreas participaram das ações da Escola neste ano, alguns deles vindos de outros países, inclusive.

O ano de 2016 começou muito bem, com o trio de artistas Grace Passô, Fernanda D’Umbra e Alessandra Negrini. Elas abriu o primeiro semestre em um bate-papo esclarecedor com os aprendizes na garagem da sede Marquês da Escola, falando um pouco sobre o lugar da mulher na arte. O segundo semestre foi inaugurado pela atriz Maria Fernanda Cândido, que conversou bastante com os aprendizes sobre os desafios e o jogo de cintura que o início de carreira exige.

Maria Fernanda participou, ainda, de outro evento da Instituição, desta vez em parceria com o Centro Paula Souza. Ao lado do ator Alexandre Borges, ela lotou o Teatro Sérgio Cardoso ao falar sobre a aplicação do teatro ao trabalho do professor.

Em agosto, uma presença em especial agitou os aprendizes da SP Escola de Teatro: a palestra da filósofa Marcia Tiburi deixou a plateia vidrada. A pensadora tinha a missão de fazer os estudantes refletirem sobre o conceito de “philia”, que norteou o experimentos cênicos do segundo semestre, mas acabou possibilitando uma reflexão muito mais ampla e política.

O bate-papo com a atriz Nathalia Timberg também foi uma oportunidade de ouro para todos os artistas ligados à Escola. Veterano com mais de 60 anos de carreira, ela falou sobre sua trajetória, sobre teatro e ainda disse que a SP Escola de Teatro é a escola de seus sonhos!

Outros nomes não menos importante do teatro também participaram de eventos em nossas sedes. Os artistas Maria Thais e Rodrigo Matheus discutiram seus processos de criação em duas peças que partiram do texto “Prometeu Acorrentado”, de Ésquilo. Dramaturga formada na Escola, Maria Shu se reuniu com Aílton Graça e outros profissionais para falar sobre a questão do negro na produção artística. Além disso, uma série de debates trouxe à praça Roosevelt nomes como Hugo Villavicenzio, Gabriela Mellão, Aimar Labaki e Beth Néspoli.

Parceira firme da Instituição, Soninha Francine, mulher ativa na vida política paulista e paulistana, esteve conosco em duas situações. Em abril, discutiu a acessibilidade trans com o diretor da Escola, Ivam Cabral, e com o político Eduardo Suplicy. Dois meses depois, abordava o feminismo, com as artistas Luaa Gabanini e Jô Freitas.

Profissionais estrangeiros também tiveram espaço em nossa programação. Logo no início do ano, a parceria da Escola com a MITsp (Mostra Internacional de Teatro de São Paulo), um dos mais importantes eventos de Artes Cênicas do Brasil, trouxe a polonesa Katarzyna Luszczyk à Intstituição. Ela, que integra a companhia Nowy Teatr, ministrou um workshop sobre iluminação. O uruguaio Raúl Rodrigues da Silva, representante da Academia Russa de Arte, conversou com os aprendizes sobre intercâmbio. Por fim, os portugueses da Casa da Esquina debateram as semelhanças e diferenças da dramaturgia contemporânea do Brasil e de Portugal.

A SP Escola de Teatro espera que 2017 seja um ano ainda mais estrelado por grandes figuras do Teatro, que tanto têm a trocar com seus aprendizes, colaboradores e com o público em geral.

Despedidas


Nem só de momentos felizes viveu a SP Escola de Teatro neste ano de 2016. Se, nas redes sociais, as pessoas tanto reclamaram das turbulências dos últimos 12 meses, nós também tivemos nossas dores.

No mês de abril, recebemos a triste notícia da morte do jornalista Carlos Hee, colaborador da Escola no departamento de Comunicação desde 2010, ano de fundação da Instituição.

Sua principal contribuição na Escola foi a administração do projeto da Teatropédia, a enciclopédia virtual que reúne nomes relacionados às Artes Cênicas no Brasil e em outros países lusófonos. Hee criou e editou cerca de dez mil verbetes até 2015: um esforço diário que levou o site a ter milhões de acessos. O editor também foi o jornalista responsável por diversas edições da revista A[L]BERTO, publicação da SP Escola de Teatro.

E em setembro, com apenas dez dias de diferença, outras duas notícias abalaram a Instituição. A aprendiz Iza Barbara, vítima de uma queda fatal, despediu-se de seus colegas. Participante da primeira turma do Curso Regular de Iluminação, a aprendiz voltou para cursar Cenografia e Figurino. Mesmo depois de formada, fazia visitas constantes à Escola para rever os amigos e colocar os assuntos em dia. Todos que a conheciam, quando a descreviam, usavam sempre uma mesma palavra: doce.

Depois foi a vez do adeus a Fábio Hisi, egresso de Cenografia e Figurino. Querido por todos, ele vinha cada vez mais se apropriando de seu lugar como cenógrafo e figurinista, assinando trabalhos em produções pela cidade. Uma carreira, infelizmente, abreviada.

A SP Escola de Teatro tem a certeza de que as boas energias de Hee, Iza e Hisi estarão sempre conosco, em nossos corações.

Experimentos


Todos os anos, os aprendizes da SP Escola de Teatro se reúnem em pequenas companhias de teatro e fazem exercícios cênicos, que chamamos de experimentos. É uma forma de instigar os estudantes a descobrir as artes do palco. Durante as criações, a vivência é única e eles são donos de seus próprios processos.

Representantes de todos os Cursos Regulares se reúnem em torno de um projeto comum, formando núcleos. A criação dos núcleos é vista três vezes, durante os Territórios Culturais. Na primeira etapa, vê-se um trabalho mais cru, que vai amadurecendo até a terceira e última apresentação.

Os exercícios cênicos, é claro, acompanham a estruturação do ensino na Escola. Se os Cursos Regulares são divididos em quatro Módulos autônomos e independentes (Verde, Azul, Vermelho e Amarelo), os experimentos trabalham eixos temáticos distintos a cada um destes momentos: narratividade, performatividade, personagem e conflito.

As criações também são norteadas por um operador, que é o modo pelo qual as técnicas e conteúdos são trabalhados; pelos materiais de trabalho, que funcionam como um ponto de partida; e pelo artista-pedagogo, que leva referências para dar início aos estudos no Módulo.

Em 2016, a Escola teve 12 edições do Território Cultural. Cada dia teve apresentações de oito núcleos. Estas mostras, é claro, foram acompanhadas pelos coordenadores e formadores da SP Escola de Teatro que, ao mesmo tempo, prestigiaram os aprendizes e fizeram avaliações pedagógicas. A última mostra do Módulo Vermelho foi aberta ao público, em uma experiência próxima de como funciona o teatro profissional.

A cada Módulo, os aprendizes baseiam seus experimentos em um eixo, um operador, um material e um artista-pedagogo. No primeiro semestre, o material foi o disco “A Mulher do Fim do Mundo”, de Elza Soares, e a operadora foi escritora nigeriana Chimamanda Adichie. Os artistas-pedagogos nos Módulos Azul e Verde foram Stef Smith e Angélica Liddell.

segundo semestre, o operador foi o psicanalista Jorge Forbes e, a partir de relatos de amizade (que funcionaram como o material do semestre), os aprendizes montaram experimentos sob o tema da “philia”. Enquanto o Amarelo tinha como eixo a narratividade e, como artista-pedagogo, o cineasta Tim Burton, no Vermelho os núcleos tiveram liberdade para escolher com quem e como gostariam de trabalhar.

Extensão Cultural


Anualmente, a SP Escola de Teatro atende a 400 aprendizes em seus Cursos Regulares, mas esta não é a única frente da Instituição. Este ano, o setor de Extensão Cultural ofereceu cerca de 40 Cursos de Extensão, recebendo mais de 1400 alunos.

O departamento gere os cursos de duração mais curta (64 horas), também gratuitos para o público e implantados sob os mesmos preceitos pedagógicos e artísticos dos Cursos Regulares. A proposta é firmar pontes diretas com criadores e pensadores de outras esferas e mobilizar a população e os artistas amadores e profissionais interessados em aperfeiçoar ou ampliar seus conhecimentos não apenas na área teatral, mas em outras do universo da cultura e da arte.

Os temas abraçavam um extenso campo do saber artístico e cultural: de teatro musical a cinema, de performance a pesquisa teatral, de iluminação a técnicas de palco, entre muitas outras.

Teatro musical, aliás, foi, novamente, um dos campeões de audiência, recebendo um número expressivo de inscrições, ganhando mais de uma edição. Uma novidade interessante foi a parceria que a Extensão fez com a Pedagogia, criando o curso “Diálogos SP”. Voltado para os interessados em participar do processo seletivo dos Cursos Regulares, o programa convidou os coordenadores da SP Escola de Teatro para palestrar sobre o perfil dos cursos, os métodos de ensino e o que se espera dos aprendizes.

Apesar desse grande volume, o setor não se limita a oferecer cursos. Outra área de atuação da Extensão Cultural são as mesas de discussão, que têm a participação de artistas renomados nos cenários brasileiro e paulista. Em uma conversa sobre a “O Riso Sagrado e a Ancestralidade do Palhaço”, por exemplo, participaram os artistas circenses Ricardo Puccetti, Priscila Jácomo e Clara López.

Depois de tudo isso, a Extensão Cultural já está se preparando para o início de cinco cursos no mês de janeiro, englobando áreas de Dança, Produção e Performance.

Prêmios


No ano de 2016, a SP Escola de Teatro teve seu trabalho reconhecido por meio da indicações e de vitórias em prêmios relacionados a Artes Cênicas.

Lançados em eventos na Escola, os livros “Léxico de Pedagogia do Teatro” (Ingrid Dormien Koudela e José Simões de Almeida Junior) e “Stanislávski: Vida, obra e sistema” (Elena Vássina e Aimar Labaki) foram finalistas da 58ª edição do Prêmio Jabuti, o mais tradicional e prestigiado reconhecimento da literatura brasileira.

Ambos têm seus prefácios assinados pelo diretor executivo da Escola, Ivam Cabral, sendo que o “Léxico” surgiu na Instituição após uma série de colóquios que tinha como tema “O que é Pedagogia do Teatro?”.

A Associação Paulista dos Críticos de Arte, ao divulgar os indicados de sua tradicional premiação anual, incluiu na lista dois espetáculos que passaram pela Escola. Unanimidade entre os críticos, Leonardo Fernandes acabou levando o troféu de melhor ator pelo trabalho “Cachorro Enterrado Vivo”, um sucesso de público e crítica. Na mesma categoria, ele concorreu com Eric Lenate, que se destacou em “Fim de Partida”.

A melhor notícia, no entanto, chegou no finzinho do ano, quando o Prêmio Shell divulgou os indicados do segundo semestre de sua edição paulista. A SP Escola de Teatro figura na categoria Inovação, ao lado dos parceiros — e vizinhos — Parlapatões. A lembrança, por si só, já é um prestígio imenso! Mas esperamos, na retrospectiva de 2017, festejar mais essa vitória!

Processo Seletivo


A cada novo ano, o Processo Seletivo da SP Escola de Teatro desperta mais interesse dos amantes do teatro e, consequentemente, gera grande concorrência pelos Cursos Regulares.

Em 2016 não foi diferente: com inscrições abertas durante pouco mais de um mês (1º de setembro a 3 de outubro), o Processo Seletivo recebeu aproximadamente 870 inscrições para cerca de 120 vagas em oito cursos. Apenas em Atuação, foram mais de 400 inscritos para nove vagas.

O Processo é dividido em dois Momentos: o Primeiro, composto por entrevistas e avaliação escrita, e o Segundo, por procedimentos específicos de aptidão e outras habilidades próprias de cada curso, envolvendo aulas, processos de criação e possíveis novas entrevistas.

Depois de passar por essas árduas etapas, os candidatos souberam o resultado final no dia 15 de dezembro. Como de costume, os aprovados no Processo Seletivo foram recebidos virtualmente com um hotsite especial no portal da Escola.

Os aprovados já realizaram suas inscrições e garantiram suas vagas para o início do ano que vem. Que essa nova turma viva tantos momentos intensos e enriquecedores quanto as anteriores!

Programa Kairós


O Programa Kairós é responsável pela efetivação de uma das principais características da SP Escola de Teatro, o seu olhar humanista sobre os sujeitos que a integram. Esse cuidado abrange não apenas os aprendizes regulares, mas também os egressos, por meio de ações de acompanhamento da trajetória profissional após formação. Partindo dessa visão, a sociabilidade é articulada sobre vetores educacionais sustentáveis.

O olhar humanista a que se propõe ultrapassa a simples ideia de auxílio financeiro aos mais desfavorecidos economicamente. Uma das propostas é estabelecer articulações entre a arte e a comunidade/sociedade, em processos que buscam uma concepção ampliada de arte com proposições críticas e criativas, ações que aproximem os aprendizes de sua função de artistas/cidadãos. Busca, também, processos colaborativos com outras organizações, na tentativa de diluir fronteiras entre a arte e o contexto da vida cotidiana.

Uma de suas principais ações é a concessão da bolsa-auxílio chamada Bolsa-Oportunidade. Além de conceder este benefício, o Programa Kairós promove ações como elaboração de projetos sociais e/ou culturais, estágio para os aprendizes da Escola, colocação profissional para aprendizes em formação e egressos, intercâmbios culturais – nacionais e internacionais –, e captação de recursos e/ou parcerias junto a órgãos públicos, ONGs, organismos internacionais e empresas privadas.

Entre janeiro e dezembro de 2016, o departamento destinou um total de R$ 245.068,00 para os aprendizes contemplados com a bolsa-oportunidade, sendo R$ 121.912,00 no Edital 01/2016 e R$ 123.156,00 no Edital 02/2016. Ao todo, foram contemplados, recebendo ao menos uma parcela da Bolsa, um total de 118 aprendizes.

O benefício da Bolsa-Oportunidade consiste em uma ajuda indispensável para gastos com transporte, alimentação e compra de materiais de muitos aprendizes contemplados, constituindo-se como um fator basilar à formação daqueles em vulnerabilidade socioeconômica e imprescindível ao pleno acesso deles aos bens culturais.

E a geração de acessos à cultura não se limita aos aprendizes: como contrapartida às bolsas-oportunidades, eles devem desenvolver atividades que contribuam com o processo de aprendizado proposto nos Cursos Regulares. Com essas ações, realizadas em consonância com o Departamento Pedagógico, os bolsistas devolvem à sociedade o apoio, e em forma de arte, claro.

Durante o ano, foram realizadas 22 atividades de contrapartidas, cada uma com propostas diferentes, numa grande variedade de proposições: do SP Dramaturgias, projeto de leituras dramáticas, até a monitoria em cursos, além de projetos como a “Ação Cidadã — Abraço Cultural”, que colocou os bolsistas em contato com refugiados.

O Kairós também é responsável por um esforço de compreensão do universo da Escola, dos aprendizes e da comunidade. Assim, em 2016, o departamento desenvolveu uma pesquisa para medir o impacto dos Cursos Regulares na vida pessoal e profissional dos participantes.

Alguns números interessantes do setor revelam a importância de sua existência: 13 estágios profissionais oficializados; 20 formalizações de convênios e parceiras com empresas ligadas às artes do espetáculo; 13 oportunidades de trabalho/estágio divulgadas; e 1.079 ingressos doados, totalizando R$ 53.960,00.

Relações Internacionais


Setor que vem se destacando na SP Escola de Teatro, a área de Relações Internacionais seguiu evoluindo no estabelecimento de parcerias e na manutenção da imagem da Instituição mundo afora.

Em 2016, o país que estreitou os laços conosco foi a Finlândia. Em visitas mútuas, a Universidade das Artes de Helsinki conheceu a Escola de perto e, atualmente, estuda importar nosso modelo pedagógico original, criado pelos artistas que pensaram a Instituição — portanto, 100% brasileiro.

Os professores e artistas finlandeses que vieram a São Paulo não se limitaram ao centro da cidade. Acompanhados do coordenador do Curso Regular de Direção, Rodolfo García Vázquez, eles foram ao Jardim Pantanal, na periferia paulistana, para pensar em projetos que artísticos e sociais que envolvam a região.

A parceria com a Suécia não ficou de lado. Dois aprendizes da SP Escola de Teatro foram enviados a Estocolmo e, como é praxe, fizeram bonito nas atividades propostas pela UniArts sueca. Por sua vez, São Paulo recebeu duas visitantes de lá: Aliça e Hanna tiveram integração total à Escola, contribuindo muito com os experimentos do primeiro semestre.

Saindo um pouco da Escandinávia e indo para o Reino Unido, também deixamos nossa marca por lá. A renomada revista britânica Theatre, Dance and Performance Training, do grupo Taylor & Francis, publicou o artigo “A Brazilian pedagogical project for the teaching of the arts in the twenty-first century”. Escrito por Vázquez em parceria com o diretor executivo da Escola, Ivam Cabral, o texto estuda nosso projeto pedagógico e serve como referência da Escola para o exterior.

E 2016 ainda fechou, com sucesso, uma parceria que promete agitar 2017. Quatro aprendizes mulheres (Carol Rodrigues, Clara Cury, Thaís Rossi e Vitória Carine) foram selecionadas para um projeto multicultural no próximo ano. A cidade de Pafos, no Chipre, será a Capital da Cultura Europeia e receberá o quarteto brasileiro, além de outros quartetos da Nigéria, da Alemanha e do próprio Chipre. O ano já começa com aquele friozinho gostoso na barriga!

Residências Artísticas


A SP Escola de Teatro se orgulha de ser uma Instituição de artistas que formam artistas. A criatividade e a sensibilidade são características intrínsecas ao nosso ambiente. É por isso que gostamos tanto do nosso setor de Projetos Especiais, que é responsável pelas residências artísticas.

Nos períodos de residência, temos a sorte de conviver com diferentes — e competentes! — profissionais da arte. Alguns deles passam por nossas sedes para desenvolver novos trabalhos, outros para apresentá-los, cumprindo temporadas que agitam nossas salas.

Este ano de 2016 foi intenso neste sentido. Foram diversas peças de teatro vistas por aqui. Logo no início do ano, Gabriela Mellão estreou, conosco, sua “Sagrada Família”, que teve sucesso de público.

Francisco Carlos também passou por aqui, com o elenco de “Sonata Fantasma Bandeirante”, que estreou no Sesc. Integrante do elenco, a atriz Alessandra Negrini aproveitou a ocasião para conversar com nossos aprendizes.

Entre tantos projetos acolhidos, também tivemos trocas intensas com Sergio Zlotnic, Heloísa Cardoso e Cadu Witter, entre muitos outros. Ainda pudemos, com muito carinho, receber “Meu Quintal”, nossa primeira peça infantil, que abriu mais uma frente na SP Escola de Teatro.

Em 2017, as residências não vão apenas continuar, mas serão ainda mais intensificadas. A sede Brás da SP Escola de Teatro volta reformada, com mais espaço, e grupos de teatro já estão convidados a ocupar o espaço com muita arte e criatividade.

Satyrianas 2016


A SP Escola de Teatro — Centro de Formação das Artes do Palco funcionou a todo vapor durante a 17ª edição do festival Satyrianas, que levou mais de 500 atrações à praça Roosevelt. O evento, que durou 78 horas praticamente ininterruptas (de quinta a domingo), teve o apoio da Instituição praticamente em todos os momentos.

No total, a Escola recebeu 160 apresentações, incluindo peças de teatro, performances e leituras dramáticas de textos inéditos. Também funcionou como ponto de encontro para atividades como o “Ouvi Contar”, que levava o público para ver montagens encenadas em casas de moradores da praça, e o “Auto Peças”, com espetáculos encenados dentro de carros.

Quatro salas da sede Roosevelt da Escola foram ocupadas com as atrações. E o local recebeu espetáculos, ainda, de outras maneiras: algumas apresentações chegaram a ocupar a calçada em frente à Escola e, em outra peça, atrizes dançavam em um rapel na fachada do prédio.

O saguão da SP Escola de Teatro foi o “QG” do Coletivo FotoMix, um grupo de cerca de 40 fotógrafos que registraram as atrações de todo o festival, dentro e fora da SP Escola de Teatro. Ainda na entrada da Escola, recepcionistas recebiam o público e davam informações sobre eventos e horários.

As atrações das Satyrianas também foram transformadas em ações pedagógicas. Enquanto alguns dos aprendizes da Escola se apresentaram no festival, outros tiveram a missão de ver, no mínimo, duas apresentações.

A SP Escola de Teatro fica satisfeita em participar intensa e ativamente do festival Satyrianas e, assim, ajudar a promover a cultura e torná-lo acessível à população de São Paulo.

Shakespeare


Se tem uma figura de importância histórica para o teatro mundial, esta figura se chama William Shakespeare. Unanimidade total, o bardo inglês marcou 2016, ano em que sua morte completou 400 anos.

A SP Escola de Teatro não poderia deixar de homenageá-lo, e o fez de duas formas, por meio de Cursos de Extensão.

O coordenador da biblioteca da Escola, Maurício Paroni de Castro, ministrou o curso “Os principais temas humanos de Shakespeare”. Durante os encontros, ele abordou 14 assuntos frequentes nas obras do dramaturgo, discutindo-os sempre à luz de seu tempo e de seu universo estético.

A formadora do Curso Regular de Direção, Bernadeth Alves, ficou à frente do outro curso, “Elementos do teatro shakespeariano: ‘Macbeth’”. Com um intenso processo seletivo, o programa formou um elenco de nove atores que encenaram a peça “Macbeth”, com direção do britânico Greg Hicks.

Desta forma, a Instituição evocou a lembrança de William Shakespeare, que, por tratar de temas tão humanos, é vital para o teatro contemporâneo.

SP Transvisão IV


Uma das primeiras atividades da SP Escola de Teatro em 2016 foi em torno de uma das ideias mais louvadas pela Instituição desde seu início: o respeito e o incentivo à diversidade. A quarta edição do SP Transvisão — Semana da Visibilidade de Travestis, Mulheres Transexuais e Homens Trans ocorreu entre 26 e 30 de janeiro, passando pelo dia 29, o Dia Nacional da Visibilidade Trans.

Com programação gratuita na sede Roosevelt da Escola, no Centro de Referência e Defesa da Diversidade e na Fábrica de Cultura Capão Redondo, o evento fomentou o debate acerca da diversidade sexual por meio de rodas de conversa e atividades artísticas. Defensores públicos também estiveram à disposição daqueles que precisaram de orientações sobre a retificação de documentos.

Em 2016, o tema do evento foi “Lei de Identidade de Gênero já! Todos juntos contra a transfobia”.

O SP Transvisão teve os “Cine Debates”, que eram conversas após a exibição de curtas. Foram exibidos “Amanda & Monick” e “Em Nome Delas”.

Três mesas de discussão abriram espaço para os temas “Homens Trans — Da invisibilidade à luta”, “As identidades Ts e as religiões” e “Legalidade do nome social, da Identidade de Gênero e da Retificação de Documentos”.

Durante sua programação, o SP Transvisão teve participações de nomes como a advogada Marcia Rocha, o ator Léo Moreira Sá, a umbandista Brenda Oliver e a antropóloga Regina Facchini, entre outros.