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A Escola / RETROSPECTIVAS



Trajetória 2022 – desafios e superação


O itinerário da SP Escola de Teatro em 2022 foi essencial para concretizar a correlação do digital no presencial. Se pudermos escolher uma única palavra para representar esse ano que passou, por mais difícil que fosse, escolheríamos receptividade. A SP não só recebeu e acolheu todas as soluções que foram criadas para a sobrevivência da arte nos dois últimos anos, como as deixou permanecer nos aprendizados e nas criações.

Ao longo do ano, fomos suscetíveis para receber novas impressões, sejam elas do meio artístico e do meio social, e reagimos em todos os momentos, desde quando fomos estimulados até quando encontramos vários desafios, mas sempre com boa disposição para aprender novos caminhos de se fazer arte e compreensíveis em atender o que o tempo nos pedia e nos oferecia.

Com a receptividade de nossas sedes, por mais um ano foi possível dar continuidade às aulas do curso técnico, além de lançar novos cursos de curta duração, eventos formativos e muitas ações culturais, com um número animador e surpreendente de participantes.

Assim, em 2022, fizemos história, foram mais de 277 mil visualizações no site da escola, 35 mil visualizações de vídeos no Youtube, 150 bolsas auxílio concedidas aos estudantes do curso técnico, mais de 9 mil horas- aula ministradas, mais de 1.325 estudantes participaram do curso técnico e de cursos e oficinas de Extensão Cultural e Extensão Circense, 17 mil atendimentos nas ações virtuais do período, tais como Territórios Culturais, eventos formativos online e mesas de discussão e a satisfação com os atendimentos pedagógicos foi de cerca de 97,5%.

Todo esse triunfo mostra que a instituição continua sendo um agente de mudança social, trazendo esperança para o meio cultural. No entanto, esse trabalho não poderia ter sido realizado se não fosse a grande união e parceria entre a equipe pedagógica, estudantes, colaboradores e parceiros, que muito ajudaram a construir mais um ano de sucesso nesta incrível trajetória.

A SP tem sido um espaço de reinvenção e reelaboração da forma de estudar, ensinar e se relacionar com o outro. Agora, se concretizando nos dois espaços, tanto no digital quanto nas experiências presenciais. Após os dois últimos anos instáveis, o foco da Escola é reaprender a se conectar em coletivo, colocando na porta de entrada a receptividade das reflexões, aprendizados e novas maneiras de pensar a arte performática e teatral.

Palco e Memória


Em 2022, a SP Escola de Teatro seguiu potente e relevante no cenário artístico nacional.

Em janeiro, a Adaap realizou a 10ª edição do SP Transvisão – Semana da Visibilidade de Travestis, Mulheres Transexuais e Homens Trans. A iniciativa promove uma série de ações voltadas para o debate sobre a tolerância e a diversidade, além de valorizar a cultura e o universo LGBTQIA+.

A abertura do semestre letivo do curso técnico contou com a presença da atriz, figurinista, cenógrafa e pesquisadora Tânia Farias. O evento foi mediado pela coordenadora do curso de Dramaturgia, Marici Salomão, que introduziu o tema da pesquisa daquele módulo: as Poéticas de Rua. Para contextualizar e complementar o tema, o evento recebeu, na mesma semana, artistas pedagogos mestres nessa abordagem, como Paola Berenstein Jacques, Fabiana Dultra Britto, Berna Reale e Leo Scantbelruy.

Uma outra visita que a Escola recebeu foi do diretor e dramaturgo Gerald Thomas, que participou de diversas atividades pedagógicas e teatrais, cumpriu residência artística na instituição e ministrou uma palestra exclusiva para os estudantes do curso de Direção e Cenografia e Figurino.

No final de maio, o setor de Relações Internacionais da Escola promoveu o workshop Um Beckett Colaborativo, ministrado por Tomasz Wiśniewski e Martin Blaszk, professores da Universidade de Gdańsk, da Polônia, especialistas em Samuel Beckett. O encontro contou com a participação de estudantes de teatro, diretores e artistas interessados no trabalho do dramaturgo.

A memória internacional desse ano se volta para o mês de junho, quando Ivam Cabral, diretor executivo da instituição, Rodolfo García Vázquez, coordenador de direção, Mauro Gil e Dennis Zapater, estudantes de direção, estiveram presentes na Academia de Artes Dramáticas Ernst Busch, respeitada universidade de teatro sediada em Berlim. O grupo acompanhou os eventos de encerramento da Alexandria Nova, iniciativa que reúne sete universidades do norte da Europa, na qual a SP Escola de Teatro é a única instituição de fora do continente europeu a participar.

Mesmo com o retorno de quase todas as suas atividades presenciais, a SP Escola de Teatro continuou utilizando as plataformas digitais proporcionando debates e discussões promovidos por artistas convidados com os estudantes. Uma dessas ocasiões foi na abertura do segundo semestre letivo do curso técnico, em que a Escola recebeu o ator, apresentador, influenciador digital e YouTuber Vitor DiCastro, através de seus canais digitais. A mediação foi do coordenador e da formadora de Humor, Raul Barretto e Suzana Aragão, respectivamente, e da bibliotecária da instituição, Camila Araújo. Juntos, abordaram o tema da pesquisa dos estudantes daquele módulo: Juventude dos anos 1980 e 2020, com foco em sexualidades, crise sanitária, identidades culturais e democracia.

Por fim, no segundo semestre, a Adaap proporcionou outros dois eventos de forma remota, estabelecendo relações com outras instituições de ensino e de cultura. O primeiro deles foi a parceria da SP Escola de Teatro com o Núcleo de Artes Cênica do Itaú Cultural, que em conjunto promoveram a 1ª Edição do Seminário “O Sujeito Histórico do Teatro de Grupo do Estado de São Paulo”. O evento trouxe debates, discussões, e partilhou assuntos fundamentais e pouco discutidos, como a trajetória dos coletivos caiçaras, a atuação do teatro da maresia, a importância da cultura popular nos modos de representação contemporâneos e as diversas vanguardas teatrais do interior de São Paulo.

O segundo foi a Semana de Pedagogia Teatral Ibero-americana, que aconteceu em parceria com a MT Escola de Teatro e o Centro de Estudos Arnaldo Araújo (CEAA), de Portugal. A iniciativa reuniu pesquisadores, artistas e professores de universidades da América Latina e da Península Ibérica, como a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Universidade Federal da Bahia (UFBA), a Universidad de la República – Uruguai (Udelar) e a Escola Superior Artística do Porto (ESAP), e visa trazer debates, discussões, compartilhar experiências e investigações acerca das múltiplas manifestações cênicas da atualidade.

 

Prêmios e Realizações


Ao longo de toda a trajetória nesses 13 anos, um dos objetivos predominantes do projeto pedagógico da SP Escola de Teatro foi desenvolver políticas inclusivas e de acessibilidade para os setores mais vulneráveis da sociedade.

Por esse dedicado trabalho, a performance da Adaap vem sendo reconhecida no Brasil e no exterior, pela sua alta qualidade e perfil inovador não apenas no ensino, mas também se atentando ao cuidado que envolve as questões sociais.

Em 2022, a SP Escola de Teatro recebeu, pelo segundo ano consecutivo, o Selo Igualdade Racial da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura da cidade de São Paulo. O Selo certifica instituições privadas que têm no quadro de profissionais ao menos 20% de pessoas negras em diferentes níveis hierárquicos e funções, podendo considerar inclusive aquelas que possuam vínculo terceirizado.

A honraria internacional deste ano foi o prêmio European Award for Best Practices 2022, conquistado pela gestão da SP Escola de Teatro. A distinção vem da European Society for Quality Research (ESQR), com sede em Lausanne, na Suíça, uma organização que reconhece e premia empresas e instituições que têm as melhores práticas, que demonstram proeminência organizacional e que motivam seus funcionários a buscar a excelência sustentável.
Dentre as conquistas nacionais, no começo do ano, a publicação “Teatro de Grupo na Cidade de São Paulo e na Grande São Paulo: Criações Coletivas, Sentidos e Manifestações em Processos de Lutas e de Travessias”, editada pela Adaap por meio do selo Lucias, foi contemplada com o Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes), pelo setor de Teatro, na categoria Prêmio Especial. O volume, que foi lançado no ano passado, faz um registro histórico com textos de 194 coletivos da metrópole paulistana e versa sobre seus repertórios, processos criativos, métodos de trabalho, parcerias mais comuns e a função do teatro.

Outros dois feitos notórios vieram de Ivam Cabral, diretor executivo da SP Escola de Teatro que, em maio, empossou o cargo de consultor da Comissão Externa Permanente de Aconselhamento Científico (CEPAC), do Centro de Estudos Arnaldo Araújo (CEAA), parte da Escola Superior Artística do Porto (ESAP). E no mês de dezembro, conquistou a Medalha Tarsila do Amaral, a qual reconhece e homenageia quem se destaca por suas contribuições à cultura e à economia criativa de São Paulo nos campos das artes e da produção cultural.

Nos destaques das realizações de projetos especiais, temos o 1º Colóquio Das Traquitanas à Automação da Mostra dos Estudantes da Quadrienal de Praga de 2023, que foi transmitido pelo canal do Youtube da Escola. As mesas de discussões fizeram parte da programação especial que antecede a Quadrienal, considerado o evento mais importante da cenografia mundial, realizado a cada 4 anos na capital da República Tcheca, desde 1967.

Os estudantes do curso técnico, por meio da parceria da SP Escola de Teatro com a Biblioteca Adelpha Figueiredo, idealizaram a instalação biográfica que homenageia a trajetória e carreira da importante artista negra brasileira, Carolina Maria de Jesus. Sua inauguração foi no mês de dezembro e ficará permanente na biblioteca.

Além disso, a Escola promoveu inúmeros cursos de extensão cultural de curta duração, de várias áreas artísticas, como teatro musical, canto, perna de pau, dança, produção e palhaçaria. O objetivo das aulas foi firmar uma ponte direta dos artistas interessados em ampliar seus conhecimentos teatrais com criadores e pensadores de outras esferas, tanto nacionais quanto internacionais.
Dentro dos cursos promovidos no segundo semestre destacam-se Teatro Musical: Estudo e Montagem De Um Espetáculo Original, orientado pelo coletivo NOSSO PROJETO, e O que fazemos com nossas mãos, orientado pela pesquisadora finlandesa Pauliina Hulkko.
Com todas essas premiações e realizações, nesse ano, a SP Escola de Teatro, mais uma vez, contou com seus 4 pilares principais: Curso Técnico, Extensão Cultural, Programa Oportunidades e Projetos Especiais para continuar trilhando um caminho inovador e interdisciplinar na formação das artes do palco.

 

Reflexões


A programação da SP Escola de Teatro sempre entrelaça a interdisciplinaridade do campo artístico contemporâneo por meio de pensamento e investigação prática: seja na vivência global das artes do palco, seja pelos intercâmbios culturais, ações pedagógicas ou mostras culturais. A partir das experiências propostas pela Escola, os estudantes se relacionam entre si compartilhando as diversidades, os saberes e os desejos, mas sobretudo, transpõem todas suas singularidades para o mundo das artes do palco enfatizando o coletivo.

Esses aprendizados ecoaram por todos os lugares que os estudantes, professores e colaboradores passaram. Por mais um ano, a Escola não concentrou seus ensinamentos entre as paredes de seus prédios, muito pelo contrário, acolheu toda a bagagem de quem passou por suas portas e também atravessou com seus conhecimentos por outras portas, sejam elas de endereçamentos nacionais ou internacionais.

Neste ano de 2022, a passagem entre áreas e comunidades tradicionalmente com pouco acesso ao teatro foi fortalecida juntamente com os estudantes-bolsistas, oferecendo práticas teatrais como forma de respiro, de luz e de lucidez para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Essas ações mostraram aos estudantes e à sociedade, como as artes têm um papel fundamental em toda a vida humana e se transformam em pretextos para uns conhecerem as realidades dos outros, através da escuta.

Desde o seu início, a SP, constantemente, altera o paradigma profissional em nível nacional, pois ao receber estudantes de todo território, colhe as particularidades de cada um e de cada região e, ao mesmo tempo, forma artistas que se tornam multiplicadores em suas cidades de origem. Muitas vezes, essa expansão semeia terras estrangeiras.

Com uma formação de qualidade, dentro das perspectivas pedagógicas e artísticas contemporâneas, a SP Escola de Teatro permite que seus estudantes abram os olhos e atuem em diferentes campos, relacionando seus conhecimentos adquiridos no universo do teatro com outros segmentos profissionais.